Livro de Matemática

Conceito de derivada

O conceito de derivada é bastante discutido no ensino superior. E o mais empolgante neste assunto é a sua infinidade de aplicações. Em termos simples, a derivada é uma razão, como, por exemplo, quilômetros por hora, litros por minuto ou lucro por item.

km
h
,
l
m
,
l
i

Generalizando, podemos dizer que derivada é uma razão do tipo:

derivada =
aumento
distância
Função afim f(x) = x + 2.
Figura A: Gráfico da função afim f(x) = x + 2

Gráfico de uma função afim mostrando distancia por aumento.
Figura B: A inclinação de uma reta pode se calculada dividindo-se o aumento pela distância.

derivada =
aumento
distância
=
y2 – y1
x2 – x1

Quando efetuamos esse tipo de operação obtemos como resultado o coeficiente angular da reta, ou valor de m na função f(x) = mx + n.
Perceba que na função mostrada no gráfico acima, a derivada, ou o coeficiente angular da reta é sempre o mesmo em qualquer ponto da função. Mas, não podemos afirmar o mesmo quando a função apresentada é uma curva. Quando a função for uma curva, a derivada assumirá diferentes valores para diferentes pontos. Em alguns pontos ela terá valor positivo, noutros negativo ou nulo e em determinados pontos a derivada sequer existirá.

Portanto, a derivada da função no gráfico acima vale:

m =
5 – 3
3 – 1
= 1

O valor encontrado coincide com o valor de m na função f(x) = x + 2. Nesta função o coeficiente angular vale 1, onde m = coeficiente angular.

Veja na imagem abaixo como a curva f(x) = – x² + x + 6 apresenta derivadas diferentes para pontos distintos.

Gráfico mostrando diferentes derivadas para diferentes pontos de uma curva.
Figura C: Veja que uma derivada pode apresentar diferentes valores em diferentes pontos de uma curva.

Vamos então encontrar o valor da derivada no ponto P da função f(x) = – x² + x + 6. Esta curva é uma parábola com concavidade voltada para baixo.

Gráfico mostrando diferentes derivadas para diferentes pontos de uma curva.
Figura D

Ponto P e reta tangente destacados na parábola.
Figura E

Encontrar a derivada significa encontrar a inclinação da reta no ponto solicitado.

Gráfico mostrando como calcular a inclinação da reta secante à curva.
Figura F

Gráfico mostrando como calcular a derivada num determinado ponto através reta secante tendendo para uma reta tangente.
Figura G

Nossa intenção é encontrar o valor da derivada no ponto P. Portanto, vamos fixar este ponto. Agora escolhemos na curva o ponto Q, móvel. Deste momento em diante temos uma reta secante à curva e dois pontos destacados nessa reta. Da geometria analítica temos que a inclinação de uma reta pode ser calculada como:

m =
y2 – y1
x2 – x1

ou

tgθ =
Δy
Δx

Portanto, supondo o ponto P fixo, imagine que o ponto Q se move em direção ao ponto P. A medida que Q se move em direção a P a reta secante passa a se transformar em uma reta tangente. Veja na figura G.
Logo, quando o ponto Q tende para o ponto P, x2 tende para x1.
É possível formalizar algebricamente o que observamos na figura G conforme abaixo:

lim
Δy
Δx
= lim
f(x2) – f(x1)
x2 – x1
Q→P x2 → x1

Fazendo Δx = x2 – x1 e isolando x2 temos: x2 = x1 + Δx. Portanto, podemos reescrever o limite como:

m(x1) = lim
f(x1 + Δx) – f(x1)
Δx
Δx → 0

Sendo m(x1) a inclinação da reta tangente à curva y = f(x) no ponto P.

Exemplo 1

Determinar a reta tangente à curva y = x² + x – 1 no ponto P(1,1).


Pela definição podemos encontrar a inclinação da reta tangente à curva através da fórmula:

m(x1) = lim
f(x1 + Δx) – f(x1)
Δx
Δx → 0

Em que x1 = 1. Devemos encontrar os valores de f(1) e f(1 + Δx).

f(x) = x² + x – 1
f(1) = 1² + 1 – 1
f(1) = 1

f(1 + Δx) = (1 + Δx)² + 1 + Δx – 1
f(1 + Δx) = 1 + 2Δx + (Δx)² + 1 + Δx – 1
f(1 + Δx) = 1 + 3Δx + (Δx)²

Em seguida, aplicamos os valores encontrados na fórmula do limite.

m(1) = lim
f(1 + Δx) – f(1)
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
1 + 3Δx + (Δx)² – 1
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
3Δx + (Δx)²
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
Δx(3 + Δx)
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
3 + Δx
Δx → 0
m(1) = lim
3 + 0 = 3
Δx → 0

Portanto, a inclinação da reta à curva no ponto solicitado é igual a 3.

Nota:

Em estudos mais a frente você verá maneiras mais ágeis de se encontrar a derivada de uma função num determinado ponto.

f(x) = x² + x – 1
f'(x) = 2x + 1
f'(1) = 2(1) + 1
f'(1) = 3

Exemplo 2

Encontrar a equação da reta tangente à curva y = √x no ponto x = 4.


A geometria analítica nos fornece a fórmula y – f(x1) = m(x – x1) para encontrar a equação da reta.

Visto que m é a inclinação da reta, vamos encontrá-lo através da fórmula do limite.

m(x1) = lim
f(x1 + Δx) – f(x1)
Δx
Δx → 0
m(4) = lim
f(4 + Δx) – f(4)
Δx
Δx → 0

f(x) = √x
f(4) = √4
f(4) = 2

f(4 + Δx) = √(4 + Δx)

m(4) = lim
√(4 + Δx) – √4
Δx
Δx → 0
m(4) = lim
√(4 + Δx) – 2
Δx
Δx → 0
Nota:

Se nesse momento substituírmos Δx por zero teremos uma indeterminação 0 ÷ 0.

Vamos multiplicar o numerador e o denominador √(4 + Δx) + 2.
√(4 + Δx) + 2 é o conjugado de √(4 + Δx) – 2.

m(4) = lim
√(4 + Δx) – 2 √(4 + Δx) + 2
Δx √(4 + Δx) + 2
Δx → 0
m(4) = lim
4 + Δx – 4
Δx(√(4 + Δx) + 2)
Δx → 0
m(4) = lim
Δx
Δx(√(4 + Δx) + 2)
Δx → 0
m(4) = lim
1
√(4 + Δx) + 2
Δx → 0
m(4) = lim
1 = 1
√(4 + 0) + 2 4
Δx → 0

Agora que encontramos o valor de m, podemos substituí-lo na fórmula y – f(x1) = m(x – x1).

y f(4) =
1
4
(x – 4)
y 2 =
1
4
(x – 4)
y =
1
4
(x – 4) + 2
y =
x
4
+ 1

Portanto, a equação da reta procurada é:

y =
x
4
+ 1
Nota:

Além da notação f'(x), também é possível escrever:
Dxf(x) – derivada de f(x) em relação a x.
Dxy – derivada de y em relação a x.

dy
dx

Derivada de y em relação a x.
Além disso, dizemos que uma função é derivável quando existe a derivada em todos os pontos do seu domínio.

A derivada de uma função num ponto

A derivada de uma função f(x) no ponto a, denotada por f'(a) é definida pelo limite

f'(a) = lim
f(a + Δx) – f(a)
Δx
Δx → 0

Também podemos escrever

f'(a) = lim
f(b) – f(a)
b – a
b → a

Como visto, este limite nos dá a inclinação da reta tangente à curva f(x) no ponto (a,f(a)). Logo, geometricamente, o que tem-se é a inclinação da curva f(x) no ponto a. Dizemos que uma função é derivável quando existe a derivada em todos os pontos do seu domínio.

Nota:

Ser f(x) contínua num ponto a não garante a existência de f'(a). Porém, toda função derivável num ponto a é contínua nesse ponto. Para provar a continuidade de uma função f(x) num ponto devemos ter:

1) f(a) existe;

2)  
lim
x → a
f(x)   existe
 
3)  
lim
x → a
f(x) = f(a)