Livro de Matemática

Sumário

Probabilidade condicional

A probabilidade condicional como o próprio nome diz, sofre o efeito de uma condição. A probabilidade de um evento B ocorrer está atrelada a um evento A que já ocorreu.
Sendo A um envento de um espaço amostral Ω, não vazio, e B outro evento desse mesmo espaço amostral, existe uma probabilidade condicional de ocorrência do evento B em relação ao evento A. O cálculo da probabilidade condicional, ou seja, a probabilidade de ocorrer o evento B dado que já ocorreu o evento A, é expressa por:

P(B | A) =
P(A ⋂ B)
P(A)

A fórmula pode ser lida como “a probabilidade de B ocorrer dado que, ou sabendo que, A ocorreu”.

Exemplo 1

Na saída de um Fla-Flu, no Maracanã, foram ouvidos, para fins de pesquisa de opinião, 80 torcedores assim distribuídos:

Homens Mulheres Total
Flamengo 27 14 41
Fluminense 23 16 39
Total 50 30 80

Escolhemos, entre os entrevistados, uma pessoa ao acaso. Constatando que a pessoa escolhida é homem, qual é a probabilidade de que ele seja torcedor do flamengo?


Veja que neste exemplo temos que encontrar probabilidade de se escolher um torcedor do flamengo, sabendo que já foi escolhido um homem. Note que, se não houvesse sido escolhido ninguém, o espaço amostral seria 80, que é o total de torcedores. Mas, como um homem já foi escolhido, ou seja, um evento já ocorreu; a probabilidade do segundo evento ocorrer muda completamente.
Agora o espaço amostral é o total de homens, ou seja, 50.

A probabilidade de se escolher um torcedor, dado que este é homem é:

P(B | A) =
P(A ⋂ B)
P(A)
P(Fla | Homem) =
P(Fla e Homem)
P(Homem)
P(B | A) =
27
50
Observação:

Veja no exemplo o termo Fla e Homem. Isso que dizer os dois eventos simultaneamente.

Exemplo 2

Num prédio residencial há dois blocos: A e B. No bloco A, há 80 apartamentos, dos quais 15% estão em atraso com o condomínio. No bloco B, há 50 apartamentos, 10% dos quais com taxas atrasadas. As fichas de todos os moradores estão reunidas, e uma delas é escolhida ao acaso.

a) Qual é a probabilidade de que a ficha escolhida seja do bloco A e esteja quite com o condomínio?

b) Sabe-se que a ficha escolhida é de um condômino em atraso. Qual é a probabilidade de que ele seja do bloco B?


Vamos reunir os dados do problema.

Bloco A

80 apartamentos
15% → condomínio atrasado
12 apartamentos com condomínio atrasado
68 apartamentos em dia com o condomínio

Bloco B

50 apartamentos
10% → condomínio atrasado
5 apartamentos com condomínio atrasado
45 apartamentos em dia com o condomínio

a) Escolher uma ficha do bloco A que esteja quite com o condomínio.

P(A) =
n(A)
n(Ω)
P(A) =
68
80+50
=
68
130
P(A) =
34
65

b) Sabe-se que a ficha escolhida é de um condômino em atraso. Qual é a probabilidade de que ele seja do bloco B?

Aqui já houve a mudança do espaço amostral. O novo espaço amostral é o conjunto de todos os condôminos em atraso, ou seja, 12 do bloco A mais 5 do bloco B.

n(Ω) = 12 + 5 = 17

Percebeu a redução do espaço amostral? De 130 caiu para 17. Em problemas de probabilidade condicional o espaço amostral sempre será reduzido.

Agora, qual a probabilidade de que seja do bloco B. Ser do bloco B e estar em atraso corresponde a 5. Logo:

P(Bloco B | Atraso) =
P(Bloco B e Atraso)
P(Atraso)
P(B | A) =
P(A ⋂ B)
P(A)
P(B | A) =
5
17

Exemplo 3

(FGV – SP) Num certo país, 10% das declarações de imposto de renda são suspeitas e submetidas a uma análise detalhada; entre estas verificou-se que 20% são fraudulentas. Entre as não suspeitas, 2% são fraudulentas.

a) Se uma declaração é escolhida ao acaso, qual a probabilidade de ela ser suspeita e fraudulenta?

b) Se uma declaração é fraudulenta, qual a probabilidade de ela ter sido suspeita?


Vamos supor que existam 1000 declarações.

10% das declarações são suspeitas

0,1 • 1000 = 100 → suspeitas

20% das declarações suspeitas são fraudulentas

0,2 • 100 = 20 → fraudulentas e suspeitas

1000 – 100 = 900 declarações não suspeitas

0,02 • 900 = 18 → fraudulentas não suspeitas

Note como fica mais fácil quando construímos o diagrama de Venn.

Diagrama de Venn representando a quantidade de declarações de imposto de renda suspeitas e/ou fraudulentas.

a) Se uma declaração é escolhida ao acaso, qual a probabilidade de ela ser suspeita e fraudulenta?

P(A) =
20
1000
= 2%

b) Se uma declaração é fraudulenta, qual a probabilidade de ela ter sido suspeita?

Diagrama de Venn representando o novo espaço amostral.

Veja o novo espaço amostral representado no diagrama acima.


S: Suspeitas
F: Fraudulentas

P(S | F) =
P(S e F)
P(S)
P(S | F) =
20
20 + 18
=
20
38

Multiplicação de probabilidades

Quando um evento é composto de várias etapas independentes, de tal maneira que:
a primeira etapa é A e sua probabilidade é p1,
a segunda etapa é B e sua probabilidade é p2,
a terceira etapa é C e sua probabilidade é p3,
.
.
.
a n-ésima etapa é N e sua probabilidade é pn,
então a probabilidade de que as etapas A, B, C, …., N ocorram nessa ordem é:

p1 • p2 • p3 • … • pn

Exemplo 1

Considerem-se duas caixas I e II. Na caixa I, há 4 bolas pretas e 6 bolas azuis, e na caixa II há 8 bolas pretas e 2 bolas azuis. Escolhe-se, ao acaso, uma caixa e, em seguida, dela se tira uma bola. Qual a probabilidade de que esta bola seja?

a) preta?

b) azul?


Vamos construir uma árvore de possibilidades para visualizarmos melhor o que se pede:

Árvore de possibilidades descrevendo as chances de se escolher uma caixa e em seguida uma bola.

Agora ficou fácil. O evento procurado é composto de duas etapas: 1ª etapa é a escolha da caixa e a 2ª etapa é a escolha da bola.

a) Retirar uma bola preta.

4
20
+
8
20
=
3
5

b) Retirar uma bola azul.

6
20
+
2
20
=
2
5

Exemplo 2

Numa caixa estão guardardos 20 livros, sendo 12 de Biologia e 8 de Geografia. Dois deles são retirados sucessivamente e sem reposição. Qual é a probabilidade de terem sido escolhidos 2 livros de Biologia?


Vamos construir uma árvore de possibilidades para visualizarmos com mais facilidade o problema.

Árvore de possibilidades descrevendo as chances de se escolher dois livros de biologia ou geografia.

Os ramos da árvore que mostram a escolha de dois livros de biologia é:

12
20
11
19
=
33
95

Exemplo 3

Qual é a probabilidade de um casal ter 4 filhos e todos do sexo masculino?


A chance de um casal ter um filho do sexo masculino é de ½. Porém, o evento completo é composto de 4 etapas; sendo cada nascimento uma etapa. Logo, teremos: (½)4 = 1/16.

Eventos independentes

Dois eventos são ditos independentes quando a realização ou não realização de um deles não afeta a probabilidade da realização do outro. Se A e B são eventos independentes; e sendo P(A) a probabilidade de ocorrer o evento A e P(B) a probabilidade de ocorrer o evento B; a probabilidade de ocorrer A e B, simultaneamente é dado por P(A ⋂ B) = P(A) • P(B).

P(A ⋂ B) = P(A) • P(B)

Exemplo 1

Uma moeda é lançada 3 vezes. Calcule a probabilidade de obtermos:

a) três caras;

b) pelo menos uma cara.


Árvore de possibilidades descrevendo o lançamento de uma moeda três vezes.

Para cada lançamento tem-se ½ de chance para sair cara ou coroa. E cada lançamento é considerado um evento independente. Portanto, a chance de sair coroa nos três lançamentos será:

a) três caras;

1
2
1
2
1
2
=
1
8

b) pelo menos uma cara.

Exceto o ramo ccc todos os demais contêm pelos menos uma cara.

7
1
8
=
7
8

Exemplo 2

No lançamento de dois dados honestos, qual a probabilidade de obtermos 1 no primeiro dado e 5 no segundo?


O problema nos mostra dois eventos.

Evento 1: obter o número 1 no primeiro dado.
Evento 2: obter o número 5 no segundo dado.

Os eventos 1 e 2 são independentes.

P(Evento 1) = 1/6

P(Evento 2) = 1/6

P(Evento 1 ⋂ Evento 2) = P(Evento 1) • P(Evento 2)

P(Evento 1 ⋂ Evento 2) = 1/6 * 1/6 = 1/36

Geometria analítica

O que você vai estudar:
  1. Conceitos básicos
    – Distância entre dois pontos
    – Ponto médio de um segmento
    – Condição de alinhamento de três pontos

    – Equação geral da reta
    – Equação reduzida da reta
    – Equação segmentária da reta
    – Equações paramétricas

  2. A circunferência
    – Conceitos elementares
    – Equação da circunferência
    – Posições relativas entre ponto e circunferência
  3. aaaa
  4. aaaa
  5. aaaa

Distância entre dois pontos

Distância entre os pontos A e B no plano cartesiano.
Figura A: Distância dAB entre os pontos A e B no plano cartesiano
Triângulo formado pelos pontos A, B e P.
Figura B: Triângulo formado pelos pontos A, B e P.

No plano cartesiano acima foram determinados dois pontos distintos A e B. Nosso objetivo inicial é encontrar a distância entre eles. Para isso vamos encontrar as coordenadas de A e B.
O ponto A possui coordenadas (x1,y1), ou seja, A(x1,y1) e B possui coordenadas (x2,y2), ou seja, B(x2,y2).
Note na figura B que os pontos A, B e P formam um triângulo reto em P. Pelo teorema de Pitágoras, tem-se:

(dAB)² = (dAP)² + (dBP
(dAB)² = (x2 – x1)² + (y2 – y1

dAB = √(x2 – x1)² + (y2 – y1

Exemplo 1

Calcular a distância entre os pontos A(2,3) e B(6,6).


dAB = √(x2 – x1)² + (y2 – y1
dAB = √(6 – 2)² + (6 – 3)²
dAB = √4² + 3²
dAB = √25;
dAB = 5

Exemplo 2

Determine os valores de m para os quais a distância entre A(m – 1,3) e B(2,-m) é 6.


dAB = √(x2 – x1)² + (y2 – y1
6 = √(2 – (m – 1))² + (-m – 3)²
6 = √(2 -m + 1)² + (-m – 3)²
6 = √(-m + 3)² + (-m – 3)²
36 = m² – 6m + 9 + m² + 6m + 9
36 = 2m² + 18
18 = 2m²
m² = 9
m = ± 3

Ponto médio de um segmento

Ponto médio do segmento AB
Figura C: Ponto médio do segmento AB

Dados dois pontos A e B distintos, como calcular as coordenadas do ponto médio do segmento AB? Sabemos que A(x1,y1), B(x2,y2) e M(a,b).
Da semelhança de triângulos tem-se que o ΔAMC ~ ΔABP. Logo:

AM
AB
=
AC
AP
AM
2AM
=
AC
AP
1
2
=
AC
AP

AP = 2AC

x2 – x1 = 2(a – x1)
x2 – x1 = 2a – 2x1
x2 – x1 + 2x1 = 2a
x2 + x1 = 2a

a =
x1 + x2
2

Procedendo da mesma forma, sobre o eixo y, encontramos que:

b =
y1 + y2
2

Portanto, as coordenadas do ponto M(a,b) são:

M =
x1 + x2
2
,
y1 + y2
2

Condição de alinhamento de três pontos

Condição de alinhamento de três pontos
Figura D: Condição de alinhamento de três pontos

A figura acima nos mostra três pontos A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x3,y3), colineares, ou seja, são pontos de uma mesma reta. Como podemos provar, algebricamente, a colinearidade de três pontos?

Observando a figura, tem-se que: ΔABD ~ ΔACE. Portanto:

AE
AD
=
CE
BD
x3 – x1
x2 – x1
=
y3 – y1
y2 – y1

(x3 – x1)(y2 – y1) = (x2 – x1)(y3 – y1)

(x3 – x1)(y2 – y1) – (x2 – x1)(y3 – y1) = 0

Outra forma de representar a proporção acima é por meio de uma matriz. Quando o determinante da matriz resultar em zero, os três pontos estarão alinhados.

x1 y1 1
x2 y2 1
x3 y3 1
= 0

A reta

Equação geral da reta

Um dos postulados de incidência nos diz que dados dois pontos distintos, existe uma única reta que os contém.

Equação geral da reta
Figura E: Equação geral da reta

Partindo desse princípio a figura acima nos mostra três pontos distintos pertencentes a uma reta r. Dois de seus pontos são conhecidos, a saber, os pontos A(x1,y1) e B(x2,y2). O ponto C (x,y) é genérico. Visto que os pontos A, B e C pertencem a mesma reta, logo estão alinhados. Já aprendemos que o determinante da matriz abaixo quando retorna zero, comprova a colinearidade de três pontos.

x1 y1 1
x2 y2 1
x y 1
= 0

Desenvolvendo o determinante:

x1y2 + xy1 + x2y – xy2 – x2y1 – x1y = 0

x(y1 – y2) + y(x2 – x1) + (x1y2 – x2y1) = 0

Os valores x1, x2, y1 e y2 são conhecidos e podemos fazer:

y1 – y2 = a

x2 – x1 = b

x1y2 – x2y1 = c

por fim, teremos:

ax + by + c = 0

Essa é a forma geral da equação da reta.

Inclinação e coeficiente angular de uma reta

Coeficiente angular 0º < a < 90°
Figura F: Coeficiente angular 0º < a < 90°
Coeficiente angular 90º < a < 180°
Figura G: Coeficiente angular 90º < a < 180°
Coeficiente angular igual a 90°
Figura H: Coeficiente angular igual a 90°
Coeficiente angular nulo
Figura I: Coeficiente angular nulo

Na sequência de figuras acima podemos ver a mesma reta r com diversas inclinações. Cada inclinação exibe um α, e é a medida desse α que é chamada de inclinação da reta r. Note que no caso em que α = 90° não é possível determinar a inclinação da reta r, visto que tg α não é definida. E na situação em que a reta r é paralela ao eixo das abscissas, a sua inclinação é zero, ou seja, tg α = 0.

Coeficiente angular ou declividade de uma reta r é o número real m resultado da tangente trigonométrica de sua inclinação α, ou seja: m = tg α.

Coeficiente angular da reta r
Figura J: Coeficiente angular da reta r

Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2) pertencentes a uma reta r, o coefieciente angular dessa reta pode ser calculado como:

m = tg α =
y2 – y1
x2 – x1

Por meio da relação acima podemos encontrar uma equação bastante conhecida. Consideremos uma reta r que passa pelo ponto P(x1,y1) e tem coeficiente angular m. Em seguida, tomamos um ponto Q(x,y) qualquer sobre a reta r, sendo Q ≠ P. Da fórmula acima tem-se:

m =
y – y1
x – x1
y – y1 = m(x – x1)

Essa fórmula recebe o nome engraçado de “Yoyô me chichô”. Isso é um recurso para facilitar a memorização pelos alunos. Essa é a fórmula da equação de uma reta que passa por um ponto conhecido e cujo coeficiente angular também foi fornecido.

Equação reduzida da reta

Podemos encontrar a equação reduzida da reta a partir da equação geral ax + by + c = 0 e também a partir da equação y – y1 = m(x – x1). Vejamos cada caso.

A partir da equação geral

ax + by + c = 0
by = -ax – c

y =
a
b
x
c
b

Chamando -a/b de m e -c/b de n, tem-se:

y = mx + n

A partir da equação y – y1 = m(x – x1)

y – y1 = m(x – x1)

Para esta parte vamos considerar o ponto de coordenadas (0,b).

y – b = m(x – 0)
y – b = mx
y = mx + b

y = mx + b

Onde m é o coeficiente angular da reta e b o ponto, onde a reta corta o eixo das ordenadas.

Equação segmentária da reta

Equação segmentária da reta
Figura K: Equação segmentária da reta

Para encontrarmos a equação segmentária da reta vamos analisar os pontos onde a reta r contar os eixos coordenados. De acordo com a figura acima essas interseções ocorrem nos pontos (a,0) e (0,b). Já sabemos encontrar a equação de uma reta conhecidos o coeficiente angular e um de seus pontos.

y – y1 = m(x – x1)

m =
b – 0
0 – a
=
-b
a
y – b =
-b
a
(x – 0)
y – b =
-b
a
x
y =
-b
a
x + b

Multiplicando ambos os lados por a, tem-se:

ay = -bx + ab
bx + ay = ab

Dividindo ambos os lados por ab, tem-se:

bx
ab
+
ay
ab
=
ab
ab
x
a
+
y
b
= 1

Equações paramétricas da reta

Equação paramétrica de uma curva
Figura L: Equação paramétrica de uma curva

Parametrizar uma curva significa poder escrever as coordenadas de um ponto genérico de uma curva em função de outra variável, geralmente se utiliza a letra t.

x = f(t) , t ∈ ℝ
y = g(t)

t funciona como parâmetro e a medida que seu valor é alterado, obtém-se novos pontos da curva. Esse conceito será facilmente entendido por meio de um exemplo.

Exemplo

Uma reta r passa pelos pontos (3,0) e (0,2). Encontre:

a) Sua equação geral
b) Sua equação reduzida
c) Sua equação segmentária
d) Uma de suas equações paramétricas


a) Encontrando a equação geral

3 0 1
0 2 1
x y 1
= 0

Resolvendo o determinante, obtemos 2x + 3y – 6 = 0.

b) Encontrando a equação reduzida da reta

y – y1 = m(x – x1)

m =
2 – 0
0 – 3
=
-2
3
y – 0 =
-2
3
(x – 3)
y =
-2
3
x + 2

c) Encontrando a equação segmentária

2x + 3y = 6

2x
6
+
3y
6
=
6
6
x
3
+
y
2
= 1

d) Encontrando a equação paramétrica da reta

2x + 3y – 6 = 0
2x = 6 – 3y

x = 3
3
2
y
x = 3 (1 –
1
2
y)

x = 3t

(1 –
1
2
y) = t

y = 2 – 2t

x = f(t) = 3t , t ∈ ℝ
y = g(t) = 2 – 2t

Portanto, com a variação de t podemos obter os pontos da reta r.

t x y ponto
-1 -3 4 P(-3,4)
0 0 2 Q(0,2)
1 3 0 R(3,0)
2 6 -2 S(6,-2)
 

Posições relativas de duas retas no plano cartesiano

Um plano contem diversos elementos e estes por sua vez podem ou não interagir entre si. Vamos criar uma imagem mental onde determinada área urbana possa servir de plano para nosso estudo. Nessa área urbana temos ruas. Dessas ruas algumas são paralelas enquanto outras se cruzam.
Levando essa área urbana a um plano abstrato, as ruas serão retas que terão as mesmas propriedades, tanto de serem paralelas quanto de se cruzarem.

Considere duas retas r e s, não verticais de coeficientes angulares α e β, respectivamente.
Podem ocorrer dois casos.
1º caso: α = β

Retas paralelas no plano cartesiano
Figura M: Retas paralelas no plano cartesiano

Se α = β ⇒ tg α = tg β, concluimos que:

mr = ms

O coefiente angular de ambas as retas é o mesmo. Portanto, as retas r e s são paralelas.
2º caso: α ≠ β

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura N: Retas concorrentes no plano cartesiano

Se α ≠ β ⇒ tg α ≠ tg β, concluimos que:

mr ≠ ms

As retas r e s são concorrentes, pois seus coefiecientes angulares são diferentes.
Todo par de retas concorrentes possui um ponto em comum. Na figura acima o ponto em comum das retas r e s é P. Além disso, as retas formam um ângulo θ ao se cruzarem, permitindo assim obtermos mais informações sobre a situação.

Ângulo formado por duas retas concorrentes

Na figura M abaixo, as retas r e s se intersectam no ponto P formando entre si um ângulo θ.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura N: Retas concorrentes no plano cartesiano

1º caso: θ = 90º
No triângulo APB, pela Geometria Plana, tem-se:

β = α + θ
β = α + 90º

tg β = tg (α + 90º)

tg(α + 90º) =
sen(α + 90º)
cos(α + 90º)
-cos(α)
sen(α)
= – cotg α =
1
tg(α)

Como tg α = mr e tg β = ms, tem-se:

tg β =
1
tg α
ms =
1
mr
ms =
1
mr

Quando a relação acima ocorrer dizemos que as retas r e s são perpendiculares.

2º caso: 0 < θ < 90º

Nesse caso nossa intenção é descobrir o valor de θ.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura N: Retas concorrentes no plano cartesiano

No triângulo APB, pela Geometria plana, tem-se:

β = α + θ
θ = β – α
tg θ = tg (β – α)

tg θ =
tg β – tg α
1 + tg β . tg α

Como tg α = mr e tg β = ms, tem-se:

tg θ =
ms – mr
1 + ms . mr

Caso uma das retas seja vertical, teremos:

tg θ =
1
m

Distância entre ponto e reta no plano cartesiano

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura O: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Dados um ponto P(xp,yp) e uma reta r de equação ax + by + c = 0 deseja-se calcular a distânia entre essa reta e o ponto dado. Para isso traçamos um segmento perpendicular a reta r passando por P.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura P: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Note que traçando uma reta vertical em xp, esta intersecta r em P(xp,yq). Até o momento são conhecidas as coordenadas xp, yp e a equação da reta r ax + by + c = 0. Visto que, o ponto Q faz parte da reta r podemos escrever a equação da reta da seguinte forma:

ax + by + c = 0
a(xp) + b(yq) + c = 0
b(yq) = – a(xp) – c

yq =
– a(xp) – c
b

Vamos guardar essa informação.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura Q: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Note que se formaram dois triângulos retângulos. Da equação reta conhecemos o coefiente angular, portanto podemos trabalhar como o ângulo α formado pela reta e o eixo das abscissas. Pelas propriedades dos triângulos sabemos que o ângulo α reaparece no triângulo superior.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura R: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Da trigonometria tem-se que:

cos α =
d
|yp – yq|

A equação da reta já nos fornece o coeficiente angular.

ax + by + c = 0
by = -ax – c
y = (-a/b) x – c/b

(-a/b) é o coeficiente angular da reta r. Esse mesmo coeficiente pode ser encontrado fazendo-se:

tg α =
a
b
1 + (tg α)² =
a
b
² + 1
1 + (tg α)² =
a
b
² + 1
(sec α)² =
+ 1
1
(cos α)²
=
a² + b²
(cos α)² =
a² + b²
cos α =
a² + b²

Já vimos que:

cos α =
d
|yp – yq|

d(P,r) = |yp – yq|.cos α.

d(P,r) = |yp
– a(xp) – c
b
| .
√b²
√(a² + b²)
d(P,r) = |yp +
a(xp) + c
b
| .
|b|
√(a² + b²)
d(P,r) =
|axp + byp + c|
√(a² + b²)

A circunferência

Conceitos elementares

Circunferência de centro C e raio r.
Figura A: Circunferência de centro C e raio r.
Diâmetro e corda numa circunferência
Figura B: Diâmetro e corda numa circunferência.

Dados um ponto C fixo e um número real r positivo, a circunferência de centro em C e raio r, é o conjunto de todos os pontos equidistantes de C, ou ainda, o conjunto de todos os pontos cuja distancia d(CB) = r.
Na circunferência podemos observar alguns elementos fundamentais, são eles: raio, diâmetro e corda.

– Raio é a distância de qualquer ponto pertencente à circunferência até o seu centro. Ex: Figura A: segmento CB.
– Diâmetro é uma corda que passa pelo centro da circunferência. Ex: Figura B: segmento AB.
– Corda é um segmento de reta que une dois pontos de uma circunferência. Ex: Figura B: segmento CD.

Nota

Lembre-se de que círculo e circunferência são diferentes. A junção da região interna da circunferência com a própria circunferência, chama-se, círculo. Somente o contorno, ou borda é chamado de circunferência.
Enquanto o comprimento da circuferência é calculado por meio da fórmula C = 2πr, a área do círculo é calculada por meio da fórmula A = πr².

Equação da circunferência

Circunferência no plano cartesiano.
Figura C: Circunferência no plano cartesiano.

Na figura acima é dada uma circunferência de centro no ponto Q(a,b) e raio r. O ponto P(x,y) genérico pertence à circunferência se, e somente se: d(Q,P) = r. Da fórmula da distância entre pontos tem-se:

dQP = √(x – a)² + (y – b)²
√(x – a)² + (y – b)² = r

(x – a)² + (y – b)² = r²

Esta é a equação reduzida da circunferência, em que:

– a e b são as coordenadas do centro da circunferência;
– r é o raio da circunferência;
– x e y são as coordenadas do ponto genérico P.

Nota

No caso de o centro da circunferência estar na origem, a = b = 0, a fórmula fica como x² + y² = r².

Forma geral da equação da circunferência

Vamos desenvolver a fórmula abaixo:

(x – a)² + (y – b)² = r²
x² – 2ax + a² + y² – 2by + b² = r²
x² + y² – 2ax – 2by + a² + b² – r² = 0

Fazendo:

A = -2a
B = -2b
C = a² + b² – r²

Tem-se:

x² + y² + Ax + By + C = 0