Livro de Matemática

Sumário

Equações diferenciais de primeira ordem de variáveis separáveis

Seja a equação diferencial

dy
dx
(x) = F(x;y)

Onde F(x;y) é uma função que depende da variável x e da própria função y.

No caso das equações de variáveis separáveis pode ocorrer as seguintes situações:

1° caso: As variáveis já se encontram separadas e portanto aplicamos os procedimentos de integração.

P(x)dx = Q(y)dy

P(x)dx = Q(y)dy

2° caso: As variáveis se encontram misturadas sendo necessário aplicar procedimentos algébricos para separá-las e em seguida as técnicas de integração.

P(x;y)dx + Q(x;y)dy = 0 → recebemos a equação nesse formato
P(x)dx = Q(y)dy → aplicamos procedimentos algébricos e chegamos neste formato

P(x)dx = Q(y)dy

Integramos ambos os lados e encontramos a solução.

Exemplo 1

Resolva a equação diferencial (x + 5)dx – (2 – y)dy = 0.


(x + 5)dx – (2 – y)dy = 0
(x + 5)dx = (2 – y)dy

P(x)dx = Q(y)dy

Veja que nesse caso, as variáveis já se encontram separadas. Portanto, já podemos integrar dos dois lados.

(x + 5)dx = (2 – y)dy
2
+ 5x + C1 = 2y
2
+ C2

x² + 10x + 2C1 = 4y – y² + 2C2
x² + y² + 10x – 4y = C, onde C = 2C1 – 2C2

Exemplo 2

Resolva a equação diferencial xcos(y) dy = (x + 1)sen(y) dx.


xcos(y) dy = (x + 1)sen(y) dx

Devemos separar as variáveis colocando o que tem x com dx e o que tem y com dy.

cos(y)
sen(y)
dy =
(x + 1)
x
dx

P(x)dx = Q(y)dy

A partir de agora integramos ambos os lados.

cos(y)
sen(y)
dy =
(x + 1)
x
dx
cotg(y) dy =
x
x
+
1
x
dx
cotg(y) dy = 1 +
1
x
dx

ln|sen(y)| = x + ln|x| + C
eln|sen(y)| = ex + ln|x| + C
eln|sen(y)| = ex*eln|x|*eC

sen(y) = exxeC
sen(y) = xexC, onde C = eC.

Equações homogêneas

Uma equação diferencial do tipo M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 é dita homogênea de grau m toda vez que as funções M e N forem homogêneas de mesmo grau m, sendo m um número real.

Uma função f(x,y,z) homogênea obedece a igualdade abaixo:

f(kx,ky,kz) = kmf(x,y,z)

Onde m, é o grau de homogeneidade da função.

Exemplo 1

Verificar o grau de homogeneidade da função f(x,y,z) = 2x² – 5xy + yz.


Vamos substituir x por kx, y por ky e z por kz.

f(kx,ky,kz) = 2k²x² – 5kxky + kykz
f(kx,ky,kz) = 2k²x² – 5k²xy + k²yz
f(kx,ky,kz) = k²(2x² – 5xy + yz)
f(kx,ky,kz) = k²f(x,y,z)

Portanto, a função acima é homogênea de grau 2.

Exemplo 2

A função f(x,y) = πx³ – ey² é homogênea?


Vamos substituir x por kx e y por ky.

f(kx,ky) = πk³x³ – ek²y²
f(kx,ky) = k²(kπx³ – ey²)

Veja que não foi possível remover o k da função. Portanto, a função não é homogênea.

Nota:

Perceba que a soma de todos os expoentes dos elementos da função f(x,y,z) = 2x² – 5x¹y¹ + y¹z¹ é um número par. Sempre que isso ocorrer a função será homogênea.

A soma dos expoentes da função f(x,y) = πx³ – ey² é ímpar, comprovando a sua não homogeneidade.

Exemplo 1

Verificar se a equação diferencial (x² + y²)dx + (x² – xy)dy = 0 é homogênea.


Veja que a equação (x² + y²)dx + (x² – xy)dy = 0 é composta por duas funções:

M(x,y) = (x² + y²)dx

N(x,y) = (x² – xy)dy

Se as funções M e N forem homogêneas e de mesmo grau, então a equação diferencial será homogênea.

M(x,y) = (x² + y²)dx
M(kx,ky) = (k²x² + k²y²)dx
M(kx,ky) = k²(x² + y²)dx

M é homogênea de grau 2.

N(x,y) = (x² – xy)dy
N(kx,ky) = (k²x² – kxky)dy
N(kx,ky) = (k²x² – k²xy)dy
N(kx,ky) = k²(x² – xy)dy

N é homogênea de grau 2.

Portanto, a equação (x² + y²)dx + (x² – xy)dy = 0 é homogênea de grau 2.

Exemplo 2

Resolva a equação (x² – y²)dx – 2xydy = 0.


Passo 1: verifique se a equação é efetivamente homogênea.
(x² – y²)dx – 2xydy = 0.
M(x,y) = (x² – y²)dx é homogênea de grau 2.
N(x,y) = -2xydy é homogênea de grau 2.

Portanto, (x² – y²)dx – 2xydy = 0 é homogênea de grau 2.

Passo 2: Faça a substituição de variáveis.
y = ux
dy = udx + xdu

(x² – y²)dx – 2xydy = 0
(x² – u²x²)dx – 2xux(udx + xdu) = 0
x²(1 – u²)dx – 2ux²(udx + xdu) = 0
x²(1 – u²)dx – 2u²x²dx – 2ux³du = 0
x²(1 – u² – 2u²)dx – 2ux³du = 0
x²(1 – 3u²)dx = 2ux³du

dx =
2udu
(1 – 3u²)
dx
x
=
2udu
(1 – 3u²)

Passo 3: Efetue todas as simplificações possíveis. Você deverá obter uma equação de variáveis separáveis em u e x.

A integral abaixo pode ser resolvida pelo método de substituição simples, onde k = (1 – 3u²) → dk = -6u du.

2udu
(1 – 3u²)

ln|x| + 1⁄ 3 ln|1 – 3u²| = ln C
ln|x| + 1⁄ 3 ln|1 – 3u²| = C1

Aplicando as propriedades dos logaritmos, tem-se:

x(1 – 3u²)1 ⁄ 3 = C1
Elevando ambos os lados ao cubo, tem-se:

x³(1 – 3u²) = C

Passo 4: Fazer a substituição u = y ⁄ x.

x³(1 – 3u²) = C

x³( 1 – 3
) = C

x³ – 3xy² = C

Portanto, x³ – 3xy² = C é solução geral da equação (x² – y²)dx – 2xydy = 0.

Equações exatas

Dada uma função F(x,y). Fazendo F(x,y) = C, onde C é uma constante qualquer, ou seja, C ∈ ℝ. Note que, F(x,y) está na forma implícita. Derivando F(x,y) = C, tem-se:

∂F
∂x
+
∂F
∂y
dy
dx
= 0

Em seguida fazemos:

∂F
∂x
= M(x,y)
∂F
∂y
= N(x,y)

Assim teremos:

M(x,y) + N(x,y)
dy
dx
= 0

Multiplicando ambos os lados por dx, tem-se:

M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0

Nota:

Dado z = f(x,y)
Derivando em x

1ª derivada =
∂z
∂x
2ª derivada =
∂x
∂z
∂x
=
∂²z
∂x²
= fxx

Derivando em y

1ª derivada =
∂z
∂y
2ª derivada =
∂y
∂z
∂y
=
∂²z
∂y²
= fyy

Derivação mista
Derivando em x

1ª derivada =
∂z
∂x
2ª derivada =
∂y
∂z
∂x
=
∂²z
∂y∂x
= fxy

Derivação mista
Derivando em y

1ª derivada =
∂z
∂y
2ª derivada =
∂x
∂z
∂y
=
∂²z
∂x∂y
= fyx

A equação M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 será exata se:

∂M
∂y
=
∂N
∂x

Caso isso ocorra existe uma função u(x,y) onde:

∂u
∂x
= M
∂u
∂y
= N

Para resolver o sistema, escolhemos uma das equações e integramos. O resultado deve ser incluído na segunda equação. Fazendo essa inclusão encontraremos a função u(x,y). Finalmente, a solução geral da equação é encontrada por u(x,y) = C.

Exemplo 1

Resolva a equação 2xydx + (x² – 1)dy = 0.


2xydx + (x² – 1)dy = 0

M(x,y) = 2xy dx
N(x,y) = (x² – 1)dy

∂M
∂y
=
∂N
∂x
∂M
∂y
= 2x
∂N
∂x
= 2x
Portanto,
∂M
∂y
=
∂N
∂x
.

Logo, existe u(x,y), onde:

∂u
∂x
= 2xy
∂u
∂y
= (x² – 1)
u(x,y) = 2xy dx

u(x,y) = x²y + g(y)

Agora incluimos este resultado na segunda equação do sistema.

∂u
∂y
= N
∂y
x²y + g(y) = x² – 1

x² + g’(y) = x² – 1
g’(y) = -1

Para saber quem é g(y) integramos g’(y).

-1 dy = -y + C

Portanto, g(y) = -y + C.
Retomando u(x,y) = x²y + g(y), tem-se:

u(x,y) = x²y – y + C

Funções vetoriais – definição

Gráfico função vetorial - vetores initários
Figura A: Gráfico de uma função vetorial genérica.

Uma função vetorial de uma variável real t, definida em um intervalo [a,b], é uma função que a cada t ∈ [a,b] associa um vetor f do espaço. Chamamos f = f(t).

Note pelo gráfico que o vetor r = xi + yj + zk. Da mesma forma, podemos associar o vetor r a f e

– xi = f1(t) i
– yj = f2(t) j
– zk = f3(t) k

Portanto, podemos escrever f como:

f(t) = f1(t) i + f2(t) j + f3(t) k, sendo i, j e k vetores unitários.

Importante

Note que a função vetorial f(t) é composta por três funções reais de t: f1(t), f2(t) e f3(t), sendo cada função uma coordenada do vetor. Além disso, cada ponto P(x,y,z) corresponde um único vetor posição.

Álgebra linear

O que você vai estudar:
  1. Espaços vetoriais
  2. Transformações lineares
  3. Ortogonalidade e projeções
  4. Autovalores e autovetores
  5. Produto interno
  6. Diagonalização e formas quadráticas
  7. Teorema espectral
  8. Métodos numéricos

Espaços vetoriais

Para iniciar nosso estudo de Álgebra linear é importante ter como pré-requisito os conhecimentos de matrizes, determinantes e sistemas lineares.
Um espaço vetorial é um conjunto V de vetores sujeitos a duas regras específicas:

Adição: para quaisquer u e v pertencentes a V, a soma u + v também é um vetor pertencente a V.
Multiplicação por escalar: para qualquer vetor u pertencente a V e qualquer número real α, o produto αu é um vetor pertencente a V.

Espaço vetorial genérico
Figura A: Espaço vetorial genérico

Além disso, para um conjunto ser considerado um espaço vetorial é necessário que ele cumpra com oito axiomas, sendo quatro referentes a operação de adição e quatro referentes a operação de multiplicação por escalar.

Propriedades da adição

1. Propriedade pertencimento: se u e v são elementos de V, então u + v é elemento de V.
2. Propriedade comutativa: u + v = v + u
3. Propriedade associativa: u + (v + w) = (u + v) + w
4. Propriedade existência do elemento neutro: u + 0 = 0 + u = u
5. Propriedade existência do elemento oposto: -u + u = u + (-u) = 0

Propriedades da multiplicação por escalar

6. Propriedade pertencimento: Seja α um escalar qualquer e u um elemento de V, então αu é um elemento de V.
7. Propriedade distributiva: α(u + v) = αu + αv
8. Propriedade distributiva 2: (α + β)u = αu + βu
9. Propriedade associativa: α(βu) = (αβ)u
10. Propriedade existência do elemento neutro: 1 * u = u

Nota:

Um espaço vetorial é um trio do tipo (V, ⊕, ⊗), onde V é o espaço vetorial, ⊕ represente a operação de adição podendo ser usual ou não, e ⊗ representa a operação de multiplicação por escalar podendo ser usual ou não.
Vale lembrar que em um espaço vetorial os vetores poderão ser matrizes, polinômios, números reais ou funções. Portanto, os elementos de um espaço vetorial, independente de sua natureza, são chamados de vetores.

Os espaços ℝ², ℝ³ e ℝn são espaços vetoriais, ou seja, cumprem com todos os axiomas acima.

Exemplo 1

Seja V o conjunto de números reais positivos e considere as operações de adição e multiplicação por escalar definidas por:

u + v = uv [A adição vetorial é a multiplicação numérica]
αu = uα [A multiplicação vetorial é a exponenciação numérica]

Verifique se V é um espaço vetorial.


Para verificar se um conjunto é um espaço vetorial é fundamental que o conjunto cumpra com todos os oito axiomas mostrados acima.

Axiomas da adição

1. Propriedade pertencimento: se u e v são elementos de V, então u + v é elemento de V.
se u ∈ V e v ∈ V, então u + v = uv ∈ V

V é o conjunto dos números reais positivos.
u ∈ ℝ e v ∈ ℝ, logo u + v = uv ∈ ℝ.

2. Propriedade comutativa: u + v = v + u

u + v = v + u → 2 + 3 = 3 + 2
uv = vu → 2 • 3 = 3 • 2

3. Propriedade associativa: u + (v + w) = (u + v) + w

u + (v + w) = (u + v) + w
u + vw = uv + w → 2 + 3 • 4 = 2 • 3 + 4
uvw = uvw → 2 • 3 • 4 = 2 • 3 • 4

4. Propriedade existência do elemento neutro: u + 0 = 0 + u = u

u + 0 = 0 + u = u
u • 0 = 0 • u = u
u + 1 = u • 1 = u → O elemento neutro aqui é o 1, ou seja, 0 = 1.

5. Propriedade existência do elemento oposto: -u + u = u + (-u) = 0

-u + u = u + (-u) = 0 → 0 = 1
-u + u = u + (-u) = 1

u +
1
u
= u
1
u
= 1

Axiomas da multiplicação por escalar

6. Propriedade pertencimento: Seja α um escalar qualquer e u um elemento de V, então αu é um elemento de V.

αu = uα

u ∈ V e α ∈ V, logo uα ∈ V

7. Propriedade distributiva: α(u + v) = αu + αv

α(u + v) = αu + αv
αuv = uα + vα
(uv)α = uα • vα

8. Propriedade distributiva 2: (α + β)u = αu + βu

(α + β)u = αu + βu
u(α + β) = uα + uβ
u(α + β) = u(α + β)

9. Propriedade associativa: α(βu) = (αβ)u

α(βu) = (αβ)u
α(uβ) = uαβ
(uβ)α = uαβ

10. Propriedade existência do elemento neutro: 1 * u = u

1 • u = u
u1 = u

Todos os axiomas foram satisfeitos, portanto V é um espaço vetorial com as operações de adição e multiplicação por escalar.

Exemplo 2

Seja W o conjunto de todos os pares de números reais da forma (x,y) em que x ≥ 0, com as operações padrão de &Rof;². Verifique se W é um espaço vetorial.


Dependendo de como o conjunto se apresenta, não precisamos provar todas as propriedades. Basta mostrar um contra exemplo.

W é o conjunto de todos os pares de números reais da forma (x,y) em que x ≥ 0, ou seja, o primeiro elemento do par é sempre positivo. Isso vai contra uma das propriedades dos espaços vetoriais.

u = (x,y) ∈ W e α ∈ &Rof;, portanto αu ∈ W. Porém se α for negativo teremos -α(x,y) = (-αx, -αy). Visto que, o primeiro elemento do par deve ser sempre positivo, encontramos aqui um contra exemplo, portanto o conjunto W não é um espaço vetorial.

Exemplo 3

Seja V o conjunto de todas as matrizes 2×2 da forma

a 0
0 b

com as operações matriciais padrão de adição e multiplicação por escalar. Verifique se V é um espaço vetorial.


Exemplo 4

Verifique se W, o conjunto de todos os pares de números reais da forma (1,x) com as operações

(1,y) + (1,y’) = (1,y + y’) e α(1,y) = (1,αy)

é um espaço vetorial.


Subespaços vetoriais

Espaço vetorial genérico
Figura B: Subespaço vetorial genérico

Na figura acima V é um espaço vetorial com as operações de adição e multiplicação por escalar. W1 e W2 são subconjuntos de V. Mas é fácil perceber que W1 é subespaço vetorial de V e W2 não é. W1 é subespaço vetorial de V, porque sendo u e v ∈ W1, u + v ∈ W1. Da mesma forma, sendo α ∈ ℝ e v ∈ W1, αv ∈ W1. Desta forma, W1 é fechado na adição e multiplicação por escalar.

W2 não é subespaço vetorial de V pelo simples fato de a soma e a multiplicação por escalar produzir vetores fora de W2.

Dado um espaço vetorial V, um subconjunto W não vazio, será um subespaço vetorial de V se:
a) Dados quaisquer u e v ∈ W, u + v ∈ W.
b) Dado qualquer α ∈ ℝ e qualquer u ∈ W, αu ∈ W.

Visto ser W um subconjunto de V, não se faz necessário provar todos os 10 axiomas para espaço vetorial, já que alguns são herdados de V. É necessário provar apenas os axiomas 1 e 6.

Axioma 1: Dados quaisquer u e v ∈ V, u + v ∈ V.
Axioma 6: Dado qualquer α ∈ ℝ e qualquer u ∈ V, αu ∈ V.

Nota:

O espaço vetorial ℝ²
São subespaços vetoriais de ℝ²: {0}, retas que passam pela origem e o proprio ℝ².

O espaço vetorial ℝ³
São subespaços vetoriais de ℝ³: {0}, retas que passam pela origem, planos que passam pela origem e próprio ℝ³.

Combinação linear

Combinação linear é o termo usado para descrever quando um vetor é resultado da combinação de outros n vetores.

Exemplo:

8 = 1(2) + 2(3)
O número 8 pode ser escrito como combinação linear de (2) e (3), onde 1 e 2 são escalares.

20 = 3(2) + 2(7)
O número 20 pode ser escrito como combinação linear de (2) e (7), onde 3 e 2 são escalares.

Aplicando isso a vetores tem-se a seguinte definição.

Dizemos que w num espaço vetorial V é uma combinação linear dos vetores v1, v2, …, vn se w puder se escrito na forma:

w = a1v1 + a2v2 + … + anvn

em que, a1, a2, …, an são escalares.

Exemplo 1

Verifique se o vetor (7,10) é combinação linear dos vetores (1,4) e (5,2).


Para que o vetor (7,10) seja combinação linear dos vetores (1,4) e (5,2) é necessário que (7,10) = a(1,4) + b(5,2). Precisamos encontrar valores para os escalares a e b. Quando não conseguimos encontrar valores para eles, a combinação linear não é possível.

(7,10) = a(1,4) + b(5,2)
(7,10) = (a,4a) + (5b,2b)
(7,10) = (a + 5b,4a + 2b)

Chegamos no sistema abaixo:

a + 5b = 7
4a + 2b = 10

Multiplicamos a primeira equação do sistema por (-4).

-4a + -20b = -28
4a + 2b = 10

Em seguida somamos a duas equações.

-4a + 4a + (-20b) + 2b = -28 + 10
-18b = -18
b = 1

Encontramos o valor da variável b. Agora substituímos o valor de b em uma das equações dos sistema e encontraremos o valor da variável a.

a + 5b = 7
a + 5(1) = 7
a = 7 – 5
a = 2

Portanto, o vetor (7,10) = 2(1,4) + 1(5,2).

Exemplo 2

Considere os polinômios p(x) = 2x² + 3x + 5, q(x) = x² + 1, r(x) = 2x e s(x) = 5x² – 4x + 11. Mostre que s(x) é combinação linear de p(x), q(x) e r(x).


Para que s(x) seja combinação linear de p(x), q(x) e r(x) é possível que s(x) seja escrito como:

s(x) = ap(x) + bq(x) + cr(x)

5x² – 4x + 11 = a(2x² + 3x + 5) + b(x² + 1) + c(2x)
5x² – 4x + 11 = (2ax² + 3ax + 5a) + (bx² + b) + (2cx)
5x² – 4x + 11 = 2ax² + bx² + 3ax + 2cx + 5a + b
5x² – 4x + 11 = (2a + b)x² + (3a + 2c)x + 5a + b

2a + b = 5
3a + 2c = -4
5a + b = 11

Podemos resolver este sistema por escalonamento ou pela regra de Cramer.

Vamos resolver pela regra de Cramer.
Montamos a matriz dos coeficientes e calculamos o seu determinante.

A =
2 1 0
3 0 2
5 1 0
= 6
Aa =
5 1 0
-4 0 2
11 1 0
= 12
Ab =
2 5 0
3 -4 2
5 11 0
= 6
Ac =
2 1 5
3 0 -4
5 1 11
= -30

De posse dos determinantes podemos encontrar os valores de a, b e c.

a =
Da
DA
=
12
6
= 2
b =
Db
DA
=
6
6
= 1
c =
Dc
DA
=
-30
6
= -5

Portanto, a = 2, b = 1 e c = -5. s(x) = 2(2x² + 3x + 5) + (x² + 1) – 5(2x), ou seja, s(x) = 2p(x) + q(x) – 5r(x).

Dependência e independência linear

Diz-se que um conjunto de vetores é linearmente dependente se pelo menos um dos vetores no conjunto pode ser representado como uma combinação linear dos outros. Matematicamente, seja V um espaço vetorial e {v1,v2,v3, …, vn} um conjunto de vetores em V. Esse conjunto é linearmente dependente se existirem escalares α1, α2, …, αn, não todos nulos,
tais que a seguinte equação é satisfeita:

α1v1 + α2v2 + … + αnvn = 0

Aqui, 0 representa o vetor nulo.

Por outro lado, um conjunto de vetores é linearmente independente se a única combinação linear que iguala o vetor nulo é aquela em que todos os coeficientes são nulos. Matematicamente, seja V um espaço vetorial e {v1,v2,v3, …, vn} um conjunto de vetores em V. Esse conjunto é linearmente independente se a seguinte implicação for verdadeira:

α1v1 + α2v2 + … + αnvn = 0
α1 = α2 = … = αn = 0

Isso significa que a única maneira de obter a combinação linear nula é atribuindo zero a todos os coeficientes. Em outras palavras, nenhum vetor no conjunto pode ser expresso como uma combinação linear dos outros.

Atenção
Um conjunto linearmente independente NÃO possui o vetor nulo dentro dele, já que o vetor nulo é combinação linear de quaisquer outros vetores.

Subespaço gerado

Seja V um espaço vetorial e {v1,v2, …, vn} vetores em V. É possível gerar um subconjunto W se todo vetor de W for uma combinação linear α1v1 + α2v2 + … + αnvn dos vetores de V. Dizemos que W é gerado por [v1,v2, …, vn].
Veja como exemplo o espaço vetorial R³ e os vetores {(1,0,0),(0,1,0)}. Fazendo todas as combinações lineares desses vetores (x,y,0) = x(1,0,0) + y(0,1,0), chegamos a conclusão de que o subespaço gerado pelos vetores {(1,0,0),(0,1,0)} é o plano xy ou R², logo R² = [(1,0,0),(0,1,0)], ou seja, o subespaço vetorial R² é gerado por {(1,0,0),(0,1,0)}.

Base de um espaço vetorial

Em Álgebra Linear, o conceito de base é fundamental para compreender a estrutura de espaços vetoriais. Uma base é um conjunto de vetores que, de certa forma, “gera” todos os outros vetores no espaço. Seja V um espaço vetorial e B um subconjunto de V. O conjunto B é considerado uma base se três condições forem satisfeitas:
1 – O vetores de B são linearmente independentes.
2 – Os vetores de B geram o espaço vetorial V, ou seja, qualquer vetor de V pode ser expresso como combinação linear de B.
3 – Possuir um conjunto mínimo gerador.

Portanto, seja V um espaço vetorial e B um subconjunto de V linearmente independente e que gera V. B é considerado Base de V se qualquer elemento v de V puder se escrito como combinação linear dos elementos de B, ou seja, B = {v1, v2, v3, …, vn} e v ∈ V, logo v = α1v1 + α2v2 + α3v3 + … + αnvn sendo os escalares α1, α2, α3, …, αn as coordenadas de v na base B.

Observação:

O conjunto W = {(1,0),(1,1),(1,3)} gera o espaço R², mas não é considerado uma base porque seus vetores são LD. Portanto, nem todo conjunto de vetores LI é base e nem todo conjunto que gera um espaço vetorial é base.

Exemplos de bases:

{(1,0),(0,1)} base de R2. Essa base é de dimensão 2, pois possui 2 vetores.
{(1,0,0),(0,1,0),(0,0,1)} base de R3. Essa base é de dimensão 3, pois possui 3 vetores.
{1, x, x², x³, …, xn} base dos polinômios de grau n

1 0
0 0
,
0 1
0 0
,
0 0
1 0
,
0 0
0 1

Base das matrizes M2×2.

1 18 19 20