Livro de Matemática

Sumário

Equação linear

Uma equação linear é toda equação que segue a seguinte estrutura a1x1 + a2x2 + … + anxn = b.
Da equação dada podemos dizer que:
a1, a2, … , an são coeficientes.
x1, x2, … , xn são as incógnitas.
b é o termo independente.

Exemplo:

  • 2x1 – 3x2 + x3 = 5
  • 4x – 3y + z = 0

Nota:

  • Todas as incógnitas apresentam somente expoente igual a 1. Desta forma, a equação 3x2 + 2x = – 3 não é linear.
  • Equações do tipo a1x1 + a2x2 + … + anxn = 0, com b = 0, são ditas homogêneas.
  • A solução de uma equação linear a n incógnitas é a sequência de números reais ou ênupla (a1,a2, …, an), que, colocados respectivamente, no lugar das variáveis x1, x2, … , xn tornam a igualdade a1x1 + a2x2 + … + anxn = b uma verdade.
  • Duas equações são equivalentes quando têm as mesmas soluções em um mesmo conjunto universo.

Exemplo 1

Dada a equação linear x + 3y + 5z = 16, encontrar uma de suas soluções.


Atribuindo valores arbitrários para x e y, vamos encontrar o valor de z.
x = 2 e y = 3
x + 3y + 5z = 16
2 + 3(3) + 5z = 16
11 + 5z = 16
5z = 16 – 11
5z = 5
z = 1

Logo uma das soluções da equação é a tripla ordenada(2, 3, 1).

Exemplo 2

Determine m para que (-1, 1, -2) seja solução da equação mx + y – 2z = 6.


Se (-1, 1, -2) é solução da equação mx + y – 2z = 6, então substituimos os valores de x, y e z.
-m + 1 -2(-2) = 6
-m + 5 = 6
-m = 1
m = -1

Sistema linear

Você com certeza deve se lembrar dos sistemas abaixo, não é?

2x + 3y = 7
3x – y = 16


4x + 3y = 1
2x – 5y = -2


Estes sistemas apresentam duas equações e duas variáveis, x e y. Um sistema linear é muito mais robusto, pois possui m equações e n variáveis.
Um sistema linear possui a seguinte estrutura.

a11x1 + a12x2 + … + a1nxn = b1
a21x1 + a22x2 + … + a2nxn = b2
… + … + … + … + … + …
… + … + … + … + … + …
am1x1 + am2x2 + … + amnxn = bn

Matrizes associadas a um sistema

Não sei se você percebeu, mas na matemática tudo parece estar interligado. Observe o sistema linear acima. Ele pode ser representado por matrizes. Podemos fazer isso de duas maneiras. A primeira é montando a matriz incompleta do sistema.

A =
a11 a12 a1n
a21 a22 a2n
a31 a32 a3n
am1 am2 amn


A segunda maneira é montar a matriz aumentada do sistema. Neste modelo acrescentamos a coluna dos termos independentes.

A =
a11 a12 a1n b1
a21 a22 a2n b2
a31 a32 a3n b3
am1 am2 amn bn


Exemplo

Represente o sistema abaixo na forma de matrizes.

x1 + 3x2 – x3 = 3
2x1 + x2 + 3x3 = 11
4x1 + 3x2 + 2x3 = 9


Primeiro vamos construir a matriz incompleta do sistema. Nela usamos apenas o coeficientes.

A =
1 3 -1
2 1 3
4 3 2


Agora construimos a matriz aumentada do sistema acrescentando a coluna dos termos independentes.

B =
1 3 -1 3
2 1 3 11
4 3 2 9

Representação matricial de um sistema linear

Dado um sistema linear genérico:

a11x1 + a12x2 + … + a1nxn = b1
a21x1 + a22x2 + … + a2nxn = b2
… + … + … + … + … + …
… + … + … + … + … + …
am1x1 + am2x2 + … + amnxn = bn


A sua representação matricial é dada da seguinte maneira.

a11 a12 a1n
a21 a22 a2n
a31 a32 a3n
am1 am2 amn
*
x1
x2
x3
xn
=
b1
b2
b3
bn


A nova estrutura é composta pela matriz dos coeficientes multiplicada pela matriz coluna das variáveis tendo como resultado a matriz coluna dos termos independentes. Efetuando a operação chegamos ao sistema linear original.

Classificação de um sistema linear

Um sistema linear pode ser classificado de acordo com o seu número de soluções. Se um sistema linear possuir apenas uma solução ele é dito DETERMINADO. Ele também pode ser classificado como INDETERMINADO se possuir infinitas soluções. Caso o sistema não apresente solução alguma ele é dito IMPOSSÍVEL.

        SISTEMA LINEAR    
               
               
    POSSÍVEL OU COMPATÍVEL (QUANDO ADMITE SOLUÇÃO)     IMPOSSÍVEL OU INCOMPATÍVEL (QUANDO NÃO ADMITE SOLUÇÃO)
               
               
DETERMINADO (ADMITE UMA ÚNICA SOLUÇÃO)     INDETERMINADO (ADMITE INFINITAS SOLUÇÕES)    
      DETERMINADO (ADMITE UMA ÚNICA SOLUÇÃO)
POSSÍVEL OU COMPATÍVEL (QUANDO ADMITE SOLUÇÃO)      
      INDETERMINADO (ADMITE INFINITAS SOLUÇÕES)
         
SISTEMA LINEAR      
         
         
IMPOSSÍVEL OU INCOMPATÍVEL (QUANDO NÃO ADMITE SOLUÇÃO)      

Sistemas equivalentes

Dois sistemas lineares S1 e S2 são ditos equivalentes quando admitem o mesmo conjunto solução.
Os sistemas abaixo são equivalentes, pois ambos admitem o par (5, 7) como única solução.

2x – y = 3
-x + y = 2

-x + y = 2
6x – y = 23

Desta maneira podemos dizer que para se ter um sistema linear equivalente é só efetuar uma das operações abaixo:

  • Permutar duas equações: Ei « Ej com i = 1,…,m e j = 1,…,m;
  • Multiplicar uma equação por um número real k diferente de zero: Ei = k * Ei com i = i,…,m;
  • Substituir uma equação por sua soma com outra previamente multiplicada por um número real k diferente de zero: Ei = Ei + k * Ej com i = 1,…,m e j = 1,…,m;

Exemplo

Vamos aplicar as propriedades anteriores no sistema linear abaixo:
Este sistema possui como conjunto solução a tripla (1, -3, 2).

S =
x – y – z = 2
2x – 4y + z = 16
-x + 5y + 3z = -10


A primeira propriedade nos diz que se trocarmos as posições de duas equações teremos um novo sistema equivalente ao primeiro.
Então vamos trocar as posições da primeira e da terceira equações; E1 « E3. Logo o novo sistema S1 é equivalente a S. Veremos que se aplicarmos a tripla (1, -3, 2) como solução obteremos uma verdade, ou seja, S1 é equivalente a S.

S1 =
E1 -x + 5y + 3z = -10
E2 2x – 4y + z = 16
E3 x – y – z = 2


A segunda propriedade nos diz que se multiplicarmos uma equação do sistema por um número k qualquer diferente de zero, obteremos um novo sistema equivalente ao original. Vamos multiplicar a terceira equação de S1 por 3, ou seja, E3 = 3 * E3. O novo sistema será:

S2 =
E1 -x + 5y + 3z = -10
E2 2x – 4y + z = 16
E3 3x – 3y – 3z = 6


Então, S1 é equivalente a S2. Aplicando a tripla (1, -3, 2) como solução nos sistemas S1 e S2 veremos que o resultado será verdadeiro.
Por último foi dito que se substituirmos uma equação por sua soma com outra previamente multiplicada por um número real k diferente de zero também teremos um novo sistema equivalente. Vamos substituir a equação 1 efetuando a seguinte operação: E1 = E1 + 1/2 E2. Obteremos então um novo sistema equivalente ao primeiro.

S3 =
E1 3y + 7/2z = -2
E2 2x – 4y + z = 16
E3 3x – 3y – 3z = 6


Logo, S, S1, S2 e S3 são equivalentes.

Escalonamento

Para entendermos o que é escalonamento vamos ver dois exemplos de sistemas escalonados.

S1 =
2x – y = 5
-y = 3

S2 =
x + y + z + t = -1
y – 2z -t = 0
z + t = 3
t = 2


Em primeira mão o que podemos perceber é que a quantidade de variáveis vai diminuindo a cada equação. Note também como fica a matriz aumentada de cada sistema na forma escalonada.

S =
2 -1 5
0 -1 3

T =
1 1 1 1 -1
0 1 -2 -1 0
0 0 1 1 3
0 0 0 1 2

Para escalonar um sistema é preciso lançar mão de alguns artifícios:

  • Trocar a posição de duas ou mais linhas.
  • Multiplicar uma linha por um número k qualquer.
  • Substituir uma linha por sua soma com outra, estando esta última multiplicada ou não por um número k qualquer.

Exemplo 1

Vamos escalonar e resolver o sistema abaixo:

3x – y + z = 2
x – 2y – z = 0
2x + y + 2z = 2


Passo 1: Inicialmente, construimos a matriz aumentada do sistema.

3 -1 1 2
1 -2 -1 0
2 1 2 2


Passo 2: Neste exemplo vamos trocar a posição das linhas 1 e 2. Logo, L1 « L2.

1 -2 -1 0
3 -1 1 2
2 1 2 2


Passo 3: Fixaremos a linha 1. A partir de agora ela não será mais alterada. Ela será usada para realizar os cálculos com as demais linhas.
L2 ¬ L2 + (-3)L1.

L2: 3 -1 1 2
-3L1: -3 6 3 0
  0 5 4 2

1 -2 -1 0
0 5 4 2
2 1 2 2


Veja que reduzimos uma variável na linha 2. Agora vamos procurar reduzir o número de variáveis na linha 3. L3 ¬ L3 + (-2)L1.

L3: 2 1 2 2
-2L1: -2 4 2 0
  0 5 4 2

1 -2 -1 0
0 5 4 2
0 5 4 2


Eliminamos uma variável na linha 3. Agora fixamos a linha dois e repetimos o processo a fim de diminuir mais uma variável da linha 3. L3 ¬ L3 – L2.

L3: 0 5 4 2
-L2: 0 -5 -4 -2
  0 0 0 0

1 -2 -1 0
0 5 4 2
0 0 0 0


Visto que temos uma linha de zeros, esta pode ser suprimida da matriz sem afetar os cálculos. Assim obtemos o sistema escalonado abaixo:

x – 2y – z = 0
5y + 4z = 2


Veja que o sistema na forma escalonada ficou com duas equações e três variáveis.
z é a variável livre do sistema, então:
5y + 4z = 2 Þ 5y = 2 – 4z Þ

y =
2 – 4z
5

Substituindo y na primeira equação vem:

x – 2
2 – 4z
5
– z = 0 Þ
x = 2
2 – 4z
5
+ z Þ
x =
4 – 3z
5

Fazendo z = a temos:

4 – 3a , 2 – 4a , a
5 5

O sistema é (SPI) possível e indeterminado, ou seja, possui infinitas soluções.

Sistemas homogêneos

Abaixo temos um sistema linear genérico.

a11x1 + a12x2 + … + a1nxn = b1
a21x1 + a22x2 + … + a2nxn = b2
… + … + … + … + … + …
… + … + … + … + … + …
am1x1 + am2x2 + … + amnxn = bn


Quando os termos independentes do sistema são nulos dizemos que o sistema é homogêneo. Um sistema homogêneo genérico possui a seguinte estrutura.

a11x1 + a12x2 + … + a1nxn = 0
a21x1 + a22x2 + … + a2nxn = 0
… + … + … + … + … + …
… + … + … + … + … + …
am1x1 + am2x2 + … + amnxn = 0


Nota:

  • Um sistema homogêneo será sempre possível, já que possui pelo menos a solução trivial (0,0,…,0).
  • Caso o sistema possua apenas a solução trivial ele é dito possível e determinado.
  • Caso o sistema possua outras soluções além da trivial, ele é dito possível e indeterminado.

Exemplo

Classifique e resolva o sistema abaixo:

x – y + 2z = 0
6x – 5y + 5z = 0
-4x – 3y + z = 0


Vamos construir a matriz dos coeficientes do sistema.

1 -1 2
6 -5 5
-4 -3 1


Agora faremos as operações de linhas.
L2 ¬ L2 + (-6L1).

L2: 6 -5 5
-6L1: -6 6 -12
0 1 -7

L3 ¬ L3 + 4L1.

L3: -4 -3 1
4L1: 4 -4 8
0 -7 9

A nova matriz dos coeficientes fica assim:

1 -1 2
0 1 -7
0 -7 9


Até o momento eliminamos a variável x da primeira e segunda linha. Vamos continuar com o escalonamento e eliminar a variável y da terceira linha.
L3 ¬ L3 + 7L2.

L3: 0 -7 9
7L2: 0 7 -49
0 0 -40

Agora com a matriz escalonada do sistema é possível escrevermos o sistema homogêneo escalonado.

1 -1 2
0 1 -7
0 0 -40


O sistema escalonado fica assim:

x – y + 2z = 0
y – 7z = 0
-40z = 0


Então, para resolvermos o sistema começamos pela última equação.
-40z = 0
z = 0
Substituimos o valor de z na segunda equação.
y – 7z = 0
y – 7(0) = 0
y = 0
Substituindo os valores de y e z na primeira equação vem:
x – y + 2z = 0
x – 0 + 2(0) = 0
x = 0
Logo, o sistema admite apenas a solução trivial S ={(0,0,0)} sendo classificado como SPD.

Regra de Cramer

A regra de Cramer consiste num método para resolver sistemas lineares quadrados, ou seja, sistemas com n equações e n incógnitas.
Veja um exemplo genérico abaixo:
Este sistema possui três equações e três variáveis.

a11x + a12y + a13z = b1
a21x + a22y + a23z = b2
a31x + a32y + a33z = b3


Para calcularmos os valores das variáveis através da regra de Cramer seguimos os passos abaixo.
Passo 1: Montamos a matriz dos coeficientes do sistema e calculamos o seu determinante DA.

A =
a11 a12 a13
a21 a22 a23
a31 a32 a33


Passo 2: Encontrar o valor da variável x. Construimos uma nova matriz de coeficientes a partir da matriz A, mas no lugar da primeira coluna, referente a variável x, colocamos os valores dos termos independentes. Depois calculamos o valor do determinante Dx.

Ax =
b1 a12 a13
b2 a22 a23
b3 a32 a33


Passo 3: Encontrar o valor da variável y. Construimos uma nova matriz de coeficientes a partir da matriz A, mas no lugar da segunda coluna, referente a variável y, colocamos os valores dos termos independentes. Depois calculamos o valor do determinante Dy.

Ay =
a11 b1 a13
a21 b2 a23
a31 b3 a33


Passo 4: Encontrar o valor da variável z. Construimos uma nova matriz de coeficientes a partir da matriz A, mas no lugar da terceira coluna, referente a variável z, colocamos os valores dos termos independentes. Depois calculamos o valor do determinante Dz.

Az =
a11 a12 b1
a21 a22 b2
a31 a32 b3


Desta forma, os valores de x, y e z será:

x =
Dx
DA
y =
Dy
DA
z =
Dz
DA

Portanto, a solução do sistema será

S =
Dx
DA
,
Dy
DA
,
Dz
DA

Exemplo 1

Resolver o sistema abaixo usando a regra de Cramer.

x1 + 2x2 – x3 = 0
3x1 – 4x2 + 5x3 = 10
x1 + x2 + x3 = 1


Passo 1: Construimos a matriz incompleta do sistema. E calculamos o seu determinante.

A =
1 2 -1
3 -4 5
1 1 1


Det A = -12
Passo 2: Construimos as matrizes das incógnitas. E calculamos o seu determinante.

Ax1 =
0 2 -1
10 -4 5
1 1 1


Det Ax1 = -24
Passo 3: Construimos a matriz incompleta da variável x2.

Ax2 =
1 0 -1
3 10 5
1 1 1


Det Ax2 = 12
Passo 4: Construimos a matriz incompleta referente a variável x3 e calculamos o seu determinante.

Ax3 =
1 2 0
3 -4 10
1 1 1


Det Ax3 = 0
Passo 5: Agora faremos o cálculo para encontrar o valor das incógnitas.

x1 =
Dx1
DA
=
-24
-12

Logo, x1 = 2.

x2 =
Dx2
DA
=
12
-12

Logo, x2 = -1.

x3 =
Dx3
DA
=
0
-12

O valor de x3 é zero.

S =
(2, -1, 0)

O sistema é possível e determinado.

Exemplo 2

Uma certa escola de ensino médio tem 107 alunos nas 1ª e 2ª séries, 74 nas 2ª e 3ª séries e 91 nas 1ª e 3ª. Qual o total de alunos dessa escola?


Vamos montar o sistema da situação usando o seguinte esquema.
x = representará o número de alunos da 1ª série.
y = representará o número de alunos da 2ª série.
z = representará o número de alunos da 3ª série.

x + y + 0z = 107
0x + y + z = 74
x + 0y + z = 91


Usando a regra de Cramer vamos encontrar o valor das variáveis.
– Montamos a matriz incompleta do sistema e calculamos o seu determinante.

A =
1 1 0
0 1 1
1 0 1


Det A = 2
– Montamos a matriz incompleta referente a variável x e calculamos o seu determinante.

Ax =
107 1 0
74 1 1
91 0 1


Det Ax = 124.
– Montamos a matriz incompleta referente a variável y e calculamos o seu determinante.

Ay =
1 107 0
0 74 1
1 91 1


Det Ay = 90.

Az =
1 1 107
0 1 74
1 0 91


Det Az = 58.
– Encontramos os valores das variáveis x, y e z.

x =
Dx
DA
=
124
2
= 62

y =
Dy
DA
=
90
2
= 45

z =
Dz
DA
=
58
2
= 29

Então, o total de alunos da escola é x + y + z = 62 + 45 + 29 = 136. Logo, a escola possui 136 alunos.

Discussão de um sistema linear

Discutir um sistema linear é descobrir se ele é SPD, SPI ou SI de acordo com um determinado parâmetro. Para isso podemos utilizar tanto o método de escalonamento quanto a regra de Cramer. Vamos ver alguns exemplos:

Exemplo 1

Determine o valor de p para que o sistema abaixo admita solução única.

px + y – z = 4
x + py + z = 0
x – y = 2


Vamos encontrar o determinante da matriz incompleta do sistema.

A =
p 1 -1
1 p 1
1 -1 0


Usando a regra de Sarrus encontramos Det A = 2p + 2.
Para que o sistema possua solução única, este deve ser SPD, logo o determinante 2p + 2 deverá ser diferente de zero.
2p + 2 ¹ 0
2p ¹ -2
p ¹ -1
S = {p Î R | p ¹ -1}

Exemplo 2

Discuta em função de m, o sistema abaixo:

x – 3y + 2z = 1
2y + z = 3
-x + 3my + z = -2


Vamos montar a matriz incompleta do sistema e calcular o seu determinante.

A =
1 -3 2
0 2 1
-1 3m 1


Usando a regra de Sarrus encontramos o valor de 9 – 3m para o determinante.
Det A = 9 – 3m
Caso o determinante de A seja diferente de zero teremos um sistema SPD. Porém, se o determinante for igual zero teremos um sistema SPI ou SI.
9 – 3m ¹ 0
9 ¹ 3m
m ¹ 3
Então, se m ¹ 3 temos um sistema SPD.
9 – 3m = 0
9 = 3m
m = 3
Se m = 3, temos um sistema SPI ou SI.
Vamos substituir o valor de m no sistema e resolvê-lo pelo método do escalonamento.

x – 3y + 2z = 1
2y + z = 3
-x + 9y + z = -2


Construimos a matriz aumentada do sistema e efetuamos operações de linha para solucioná-lo.

1 -3 2 1
0 2 1 3
-1 9 1 -2


L3 ¬ L3 + L1.

L3: -1 9 1 -2
L1: 1 -3 2 1
0 6 3 -1

1 -3 2 1
0 2 1 3
0 6 3 -1


L3 ¬ L3 + (-3)L2.

L3: 0 6 3 -1
-3L2: 0 -6 -3 -9
0 0 0 -10

Veja como fica a matriz aumentada.

1 -3 2 1
0 2 1 3
0 0 0 -10


A terceira equação nunca é solucionada, logo o sistema é SI.
Então, para m ¹ 3 temos um SPD e para m = 3 temos um SI.

Análise combinatória

O que você vai estudar:
  1. Princípio fundamental da contagem
  2. Fatorial e permutação
  3. Arranjos simples
  4. Combinações simples

Princípio fundamental da contagem (PFC)

A Análise Combinatória é o ramo da matemática que se dedica ao estudo das técnicas de contagem dos elementos de um conjunto, obedecendo a certas regras. Assim como a Cinemática descreve o movimento sem a necessidade de explicar as suas causas. A Análise Combinatória estuda o número de possibilidades de ocorrência de um determinado evento sem, necessariamente, descrever todas as possibilidades.

O princípio fundamental da contagem é um conceito fundamental na análise combinatória, que é um ramo da matemática que lida com a contagem e organização de elementos em conjuntos. O princípio fundamental da contagem estabelece que se você tem um evento que pode ser dividido em duas ou mais etapas independentes e você deseja contar o número total de maneiras de realizar o evento completo, então você pode calcular o número total de maneiras de realizar cada etapa e multiplicá-los para obter o resultado final.

Em outras palavras, se você tem n maneiras de realizar a primeira etapa de um evento e m maneiras de realizar a segunda etapa do mesmo evento, então o número total de maneiras de realizar o evento completo é n vezes m.

Por exemplo, se você está escolhendo uma camisa e uma calça para vestir, e você tem 3 camisas diferentes e 4 calças diferentes para escolher, o princípio fundamental da contagem diz que você pode multiplicar o número de maneiras de escolher uma camisa (3 maneiras) pelo número de maneiras de escolher uma calça (4 maneiras) para encontrar o número total de maneiras de escolher um conjunto de roupas. Nesse caso, seriam 3 x 4 = 12 maneiras diferentes de escolher um conjunto de camisa e calça.

Exemplo 1

Temos três cidades X, Y e Z. Existem quatro rodovias que ligam X com Y e cinco que ligam Y com Z. Partindo de X e passando por Y, de quantas formas podemos chegar até Z?


Veja o esquema que representa as rodovias ligando as cidades, X, Y e Z.

Desenho representando as rodovias que ligam as cidades X, Y e Z.

Dissemos, na introdução, que a Análise Combinatória se dedica ao estudo das técnicas de contagem dos elementos de um conjunto, certo? Então, podemos extrair dois conjuntos desse problema.

A = {a1,a2,a3,a4}
Representa as rodovias que ligam X e Y.

B = {b1,b2,b3,b4,b5}
Representa as rodovias que ligam Y e Z.

É feito, então, o produto cartesiano entre os conjuntos A e B. Fixamos o primeiro elemento do conjunto A, enquanto variamos os demais.

A x B = {(a1,b1),(a1,b2) … (a4,b5)}

Cada maneira de se deslocar de X até Z pode ser considerado como um par de rodovias (ai,bj), onde ai ∈ A e bj ∈ B;

Logo, teremos 4 x 5 = 20 modos diferentes de sair de X e chegar até Z.

Exemplo 2

Quatro carros disputam uma corrida. Quantas são as possibilidades de chegada para os três primeiros lugares?


1º lugar 2º lugar 3º lugar Ordem de chegada
carro 1 carro 2 carro 3 c1,c2,c3
carro 4 c1,c2,c4
carro 3 carro 2 c1,c3,c2
carro 4 c1,c3,c4
carro 4 carro 2 c1,c4,c2
carro 3 c1,c4,c3
carro 2 carro 1 carro 3 c2,c1,c3
carro 4 c2,c1,c4
carro 3 carro 1 c2,c3,c1
carro 4 c2,c3,c4
carro 4 carro 1 c2,c4,c1
carro 3 c2,c4,c3
carro 3 carro 1 carro 2 c3,c1,c2
carro 4 c3,c1,c4
carro 2 carro 1 c3,c2,c1
carro 4 c3,c2,c4
carro 4 carro 1 c3,c4,c1
carro 2 c3,c4,c2
carro 4 carro 1 carro 2 c4,c1,c2
carro 3 c4,c1,c3
carro 2 carro 1 c4,c2,c1
carro 3 c4,c2,c3
carro 3 carro 1 c4,c3,c1
carro 2 c4,c3,c2

Decidimos, aqui, listar todas as possibilidades através de uma tabela. Veja que, para o primeiro lugar, temos 4 possibilidades (qualquer carro pode chegar no primeiro lugar); para o segundo lugar, temos 3 possibilidades, já que um dos carros já ocupou o primeiro lugar; para o terceiro lugar, temos 2 possibilidades, visto que as outras duas já foram preenchidas. Portanto, temos um total de 4 x 3 x 2 = 24 possibilidades.

Se um acontecimento pode ocorrer por várias etapas sucessivas e independentes, de tal modo que:
p1 é o número de possibilidades da 1ª etapa
p2 é o número de possibilidades da 2ª etapa
.
.
.
pk é o número de possibilidades da k-ésima etapa;
então, p1 . p2 … pk é o número total de possibilidades de o acontecimento ocorrer.

Vejamos mais dois exemplos.

Exemplo 3

Um homem encontra-se na origem de um sistema cartesiano ortogonal de eixos Ox e Oy. Ele pode dar um passo de cada vez, para norte (N) ou para leste (L). Quantas trajetórias ele pode percorrer se der exatamente 4 passos?


Plano cartesiano com uma trajetória definida.

Pelo gráfico, podemos notar que cada trajetória é composta pela quádrupla-ordenada {a1,a2,a3,a4} onde a1 ∈ {N,L}, a2 ∈ {N,L}, a3 ∈ {N,L}, a4 ∈ {N,L}.

Visto que a trajetória é composta de 4 passos, cada passo se torna uma etapa. Logo, temos 2 • 2 • 2 • 2 = 16 possibilidades, já que para cada passo temos duas possibilidades.

Exemplo 4

Durante um exercício da marinha de guerra, empregam-se sinais luminosos para transmitir palavras por meio de código Morse. Esse código só emprega dois sinais: ponto e traço. As palavras transmitidas tinham de um a seis sinais. Qual o número de palavras que podiam ser transmitidas?


Qtde Letras/palavra
2
2
2 2
2 2 2
24
2 2 2 2
25
2 2 2 2 2
26
2 2 2 2 2 2

De acordo com o problema, as palavras podem ter de um a seis sinais. Exemplos de palavras: •, – •, • • – -.
A formação de uma palavra com apenas um sinal possui 1 etapa.
A formação de uma palavra com dois sinais possui 2 etapas.
.
.
.
A formação de uma palavra com seis sinais possui 6 etapas.

Para sabermos o total de palavras que podemos formar somamos, 2 + 22 + 23 + 24 + 25 + 26 = 2 + 4 + 8 + 16 + 32 + 64 = 126. Portanto, o número de palavras que podem ser transmitidas é de 126.

Arranjos simples

Arranjo simples é uma forma de organizar ou agrupar elementos de um conjunto. Nesse tipo de técnica, os elementos são distintos, ou seja, não se repetem, e um grupo pode ser diferente de outro pela ordem ou pela natureza dos elementos.

Dado um conjunto com n elementos distintos, chama-se arranjo simples dos n elementos, tomados p a p (n ≥ p), a qualquer sequência ordenada de p elementos distintos escolhidos entre os n existentes.

An,p =
n!
(n – p)!

Exemplo 1

Quantos números de 3 algarismos podemos formar com os algarismos 1,2,3,4,5 e 7, sem repeti-los?


Pelo princípio fundamental da contagem temos 6 elementos e 3 posições.

6 5 4

Visto que não podemos repetir algarismos; para a primeira posição, podemos utilizar qualquer um dos 6 números; para a segunda posição, podemos usar apenas 5 dos números, já que utilizamos um para a primeira posição; para a terceira posição, temos 4 possibilidades, pois já reservamos 2 números.
Portanto, pelo processo multiplicativo, temos:

6 • 5 • 4 = 120

Podemos, assim, formar 120 números.

Pelo método de arranjo

An,p =
n!
(n – p)!
A6,3 =
6!
(6 – 3)!
6!
3!
=
6 • 5 • 4 • 3!
3!

3! no numerador pode ser cortado com 3! no denominador. Assim, ficamos com 6 • 5 • 4 = 120.

Exemplo 2

Ao se cadastrar em um portal eletrônico de compras, o usuário deve criar uma senha formada por duas letras distintas (entre as 26 do alfabeto) seguidas por dois algarismos distintos. Quantas senhas podem ser criadas nessas condições?


Vamos dividir o processo de resolução em duas etapas.

1ª etapa: escolha das letras
Devemos escolher 2 letras entre as 26 disponíveis. Temos A26,2.

A26,2 =
26!
(26 – 2)!
A26,2 =
26!
24!
= 650

2ª etapa: escolha dos algarismos.

Devemos escolher 2 algarismos entre os 10 disponíveis. Temos um arranjo A10,2.

A10,2 =
10!
(10 – 2)!
A10,2 =
10!
8!
= 90

A escolha da senha é um processo composto por duas etapas: escolha das duas letras e a escolha dos dois algarismos. Portanto, A26,2 • A10,2.
A26,2 • A10,2 = 650 • 90 = 58.500.

Exemplo 3

Quantos números formados por 3 algarismos distintos escolhidos entre 2, 4, 6, 8 e 9 contêm o 2 e não contêm o 6?


O algarismo 2 pode aparecer na 1ª, 2ª ou 3ª posição. E, além disso, não deverá incluir o algarismo 6.

2 5 4
2 2 4
2 5 2

Portanto, teremos 3 • A3,2. Isso porque teremos fixado o algarismo; 2 e dos 4 algarismos restantes, devemos excluir o 6, ficando com 3 algarismos.

3 • A3,2 = 3 • 3! ÷ (3 – 2)! = 3 • 3! = 3 • 6 = 18

Exemplo 4

Um casal, procurando um nome para o filho que nasceria em dois meses, relacionou cem nomes em uma lista. Quantas são as possibilidades, se o casal pode escolher entre um só nome ou um nome composto (2 nomes)?


• Escolher um só nome:

Existem 100 possibilidades.

• Escolher um nome composto:

Escolher 2 nomes entre os 100 disponíveis.

A100,2 =
100!
98!
= 9.900

O total de possibilidades é 9.900 + 100 = 10.000.

Exemplo 5

Cinco homens e uma mulher pretendem utilizar um banco com cinco lugares. De quantas maneiras diferentes podem se sentar, nunca ficando em pé a mulher?


M H H H H
M M H H H
M H M H H
M H H M H
M H H M M

Veja todas as posições em que a mulher poderá estar. Fixando a mulher numa posição, teremos 5 homens para 4 posições; portanto:

5 • A5,4 = 600