Livro de Matemática

Sumário

Distância entre ponto e reta no plano cartesiano

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura O: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Dados um ponto P(xp,yp) e uma reta r de equação ax + by + c = 0 deseja-se calcular a distânia entre essa reta e o ponto dado. Para isso traçamos um segmento perpendicular a reta r passando por P.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura P: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Note que traçando uma reta vertical em xp, esta intersecta r em P(xp,yq). Até o momento são conhecidas as coordenadas xp, yp e a equação da reta r ax + by + c = 0. Visto que, o ponto Q faz parte da reta r podemos escrever a equação da reta da seguinte forma:

ax + by + c = 0
a(xp) + b(yq) + c = 0
b(yq) = – a(xp) – c

yq =
– a(xp) – c
b

Vamos guardar essa informação.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura Q: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Note que se formaram dois triângulos retângulos. Da equação reta conhecemos o coefiente angular, portanto podemos trabalhar como o ângulo α formado pela reta e o eixo das abscissas. Pelas propriedades dos triângulos sabemos que o ângulo α reaparece no triângulo superior.

Retas concorrentes no plano cartesiano
Figura R: Calculando a distância entre um ponto e uma reta

Da trigonometria tem-se que:

cos α =
d
|yp – yq|

A equação da reta já nos fornece o coeficiente angular.

ax + by + c = 0
by = -ax – c
y = (-a/b) x – c/b

(-a/b) é o coeficiente angular da reta r. Esse mesmo coeficiente pode ser encontrado fazendo-se:

tg α =
a
b
1 + (tg α)² =
a
b
² + 1
1 + (tg α)² =
a
b
² + 1
(sec α)² =
+ 1
1
(cos α)²
=
a² + b²
(cos α)² =
a² + b²
cos α =
a² + b²

Já vimos que:

cos α =
d
|yp – yq|

d(P,r) = |yp – yq|.cos α.

d(P,r) = |yp
– a(xp) – c
b
| .
√b²
√(a² + b²)
d(P,r) = |yp +
a(xp) + c
b
| .
|b|
√(a² + b²)
d(P,r) =
|axp + byp + c|
√(a² + b²)

A circunferência

Conceitos elementares

Circunferência de centro C e raio r.
Figura A: Circunferência de centro C e raio r.
Diâmetro e corda numa circunferência
Figura B: Diâmetro e corda numa circunferência.

Dados um ponto C fixo e um número real r positivo, a circunferência de centro em C e raio r, é o conjunto de todos os pontos equidistantes de C, ou ainda, o conjunto de todos os pontos cuja distancia d(CB) = r.
Na circunferência podemos observar alguns elementos fundamentais, são eles: raio, diâmetro e corda.

– Raio é a distância de qualquer ponto pertencente à circunferência até o seu centro. Ex: Figura A: segmento CB.
– Diâmetro é uma corda que passa pelo centro da circunferência. Ex: Figura B: segmento AB.
– Corda é um segmento de reta que une dois pontos de uma circunferência. Ex: Figura B: segmento CD.

Nota

Lembre-se de que círculo e circunferência são diferentes. A junção da região interna da circunferência com a própria circunferência, chama-se, círculo. Somente o contorno, ou borda é chamado de circunferência.
Enquanto o comprimento da circuferência é calculado por meio da fórmula C = 2πr, a área do círculo é calculada por meio da fórmula A = πr².

Equação da circunferência

Circunferência no plano cartesiano.
Figura C: Circunferência no plano cartesiano.

Na figura acima é dada uma circunferência de centro no ponto Q(a,b) e raio r. O ponto P(x,y) genérico pertence à circunferência se, e somente se: d(Q,P) = r. Da fórmula da distância entre pontos tem-se:

dQP = √(x – a)² + (y – b)²
√(x – a)² + (y – b)² = r

(x – a)² + (y – b)² = r²

Esta é a equação reduzida da circunferência, em que:

– a e b são as coordenadas do centro da circunferência;
– r é o raio da circunferência;
– x e y são as coordenadas do ponto genérico P.

Nota

No caso de o centro da circunferência estar na origem, a = b = 0, a fórmula fica como x² + y² = r².

Forma geral da equação da circunferência

Vamos desenvolver a fórmula abaixo:

(x – a)² + (y – b)² = r²
x² – 2ax + a² + y² – 2by + b² = r²
x² + y² – 2ax – 2by + a² + b² – r² = 0

Fazendo:

A = -2a
B = -2b
C = a² + b² – r²

Tem-se:

x² + y² + Ax + By + C = 0

Números Complexos

O que você vai estudar:
  1. O porquê dos Números Complexos
  2. Pares ordenados
  3. A forma algébrica
  4. Conjugado de um número complexo
  5. Operações com números complexos
  6. Potências de i
  7. Plano de Argand-Gauss
  8. Módulo e argumento de um número complexo
  9. Forma trigonométrica ou polar
  10. Operações na forma trigonométrica

O porquê dos números complexos

Você deve se lembrar do desenho abaixo quando iniciou no estudo da matemática.
Sistema de numeração

Começando pelos números naturais(N), em seguida pelos números inteiros(Z), depois pelos números reais(R) (junção dos números racionais(Q) e irracionais(I)) e por último o conjunto dos números complexos(C). Através da figura percebemos que o conjunto dos números reais é um subconjunto dos números complexos.

Até a descoberta dos números complexos tudo o que se tinha era o conjunto dos números reais. Alguns resultados de cálculos começaram a incomodar os matemáticos. Alguns destes resultados apareciam como √-1. É de conhecimento daqueles que se familiarizam com a matématica, que não existe raiz de número negativo no conjunto dos números reais. Na busca pela solução da √-1 criou-se, então, um número cujo quadrado é -1. Esse número foi representado pela letra i e nomeado de unidade imaginária.

i2 = -1 ou i = √-1

Com esta descoberta é possível resolver equações onde o Δ é negativo. Vamos resolver a equação x2 + 2x + 5 = 0.

Por delta e Bháskara temos:
Δ = b2 – 4*a*c
Δ = 22 – 4*1*5
Δ = -16

x =
– b ± √Δ
2a

x =
– 2 ± √-16
2

x =
– 2 ± √(-1) * 16
2

x =
– 2 ± √(-1) * √16
2

x =
– 2 ± 4√(-1)
2

No final ficamos com duas raízes:

x’ = -1 + 2√-1 , x” = -1 – 2√-1

Visto que i = √-1 as raízes da equação ficarão assim:

x’ = -1 + 2i , x” = -1 – 2i

Pares ordenados

Considere o par ordenado genérico (x,y), onde x ∈ R e y ∈ R. São válidas as definições abaixo:

  • Igualdade: (a,b) = (c,d) ⇔ a = c e b = d
  • Adição: (a,b) + (c,d) = (a + c, b + d)
  • Multiplicação: (a,b) * (c,d) = (ac – bd, ad + bc)

Todo par ordenado da forma (x,0) pode ser representado pelo número real x, ou seja, x = (x,0).

O que chamou a atenção dos matemáticos é a multiplicação do par ordenado (0,1) por ele mesmo, ou seja, (0,1) * (0,1).
(0,1) * (0,1) = (- 1 , 0)
Do exposto acima podemos concluir que (-1,0) = -1. Logo, foi encontrado um elemento que multiplicado por ele mesmo resulta em -1.

Então, podemos dizer que o conjunto dos números complexos, que representamos pela letra C, é o conjunto dos pares ordenados de números reais que segue a seguinte lei.

Z ∈ C ⇔ Z = (x,y), sendo que x ∈ R e y ∈ R

Veja como se obtem um número complexo Z = (x,y).
Z = (x,y) = (x,0) + (y,0)
= (x,0) + (y * 0 – 0 * 1 , y * 1 + 0 * 0)
= (x,0) + (y,0) * (0,1)
Visto que (x,0) = x e (y,0) = y e (0,1) = i
podemos escrever (x,y) = x + yi ou Z = x + yi

A forma algébrica

Z = a + bi

Esta é a forma algébrica de um número complexo. Z é o número complexo, a é chamada de parte real de Z ou Re(Z), b é chamada de parte imaginária de Z ou Im(Z). Lembrando que a e b ∈ R.

Z = a + 0i = a
Quando a parte imaginária de Z é nula, o número é real.

Z = 0 + bi = bi
Quando a parte real de Z é nula, o número é dito imaginário puro.

Exemplos:

  • Z = 2 + 5i é um número imaginário ou complexo
  • Z = 4i é um número imaginário puro. Sua parte real é nula, ou seja, Z = 0 + 4i
  • Z = 8 é um número real. A parte imaginária é nula, ou seja, Z = 8 + 0i

Exemplo 1

Determine o valor de k para que o número complexo z = (k – 2) + 9i seja imaginário puro.


Um número imaginário puro é do tipo z = 0 + bi. Logo, se k – 2 for igual a zero teremos um número imaginário puro. Então, para que z = (k – 2) + 9i seja um imaginário puro, k deve ser igual a 2.

Exemplo 2

Determine os valores de m para que o número complexo z = 4 + (m² – 25)i seja um número real.


Um número real é do tipo z = a + 0i. Então, se m² – 25 for igual a zero obteremos um número real. Logo, m deverá ser 5 ou -5.

Conjugado de um número complexo

Este é um número complexo → z = a + bi
Este é o seu conjugado → z = a – bi

Note que a parte real de dois números complexos conjugados é igual e a parte imaginária é simétrica.

Exemplo

Sendo z1 = 4 + 5i. Encontre z1 + z1.


O conjugado de z1 = 4 + 5i é z1 = 4 – 5i. Então:

z1 + z1 = (4 + 5i) + (4 – 5i) = (8 + 0i) = 8

Note que a soma de um número complexo com o seu conjugado resulta em um número real.

Nota

A diferença de um número complexo com o seu conjugado resultará em um número imaginário puro.

Operações com números complexos

Adição e Subtração

Dados dois números complexos genéricos z1 = a + bi e z2 = c + di.

A soma z1 + z2 = (a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d)i.

A diferença z1 – z2 = (a + bi) – (c + di) = (a – c) + (b – d)i.

Exemplo 1

Dados os números complexos z1 = 3 + 4i, z2 = 2 – i e z3 = -1 + 5i, determine z1 + z2 + z3.


z1 + z2 + z3

(3 + 4i) + (2 – i) + (-1 + 5i) = (5 + 3i) + (-1 + 5i) = (4 + 8i)

Exemplo 2

Sejam os números complexos z1 = (2x + 1) + yi e z2 = -y + 2i. Determine x e y de modo que z1 + z2 = 0.


z1 + z2 = 0

(((2x + 1) + yi) + (-y + 2i)) = 0

Devemos somar parte real com parte real e parte imaginária com parte imaginária.

(2x + 1 -y) + (y + 2)i = 0

2x – y + 1 = 0

y + 2 = 0 ⇒ y = -2

2x – (-2) + 1 = 0 ⇒ 2x + 3 = 0 ⇒ x = -3/2

Multiplicação

Dados dois números complexos genéricos z1 = a + bi e z2 = c + di.

A multiplicação z1 * z2 = (a + bi) * (c + di) = (ac – bd) + (ad + bc)i.

(a + bi) * (c + di) = ac + adi + bci + bdi²

ac + (ad + bc)i – bd, pois i² = -1

ac – bd + (ad + bc)i

Exemplo 1

Calcule:

a) (5 + i)(2 – i)

b) (3 + 4i)²


a) Vamos utilizar a propriedade distributiva.

(5 + i)(2 – i)
10 – 5i + 2i – i²
10 – 3i + 1
11 – 3i

b) (3 + 4i)²
Dos produtos notáveis sabemos que (a + b)² = a² + 2ab + b². Então:
(3 + 4i)² = 3² + 2*3*4i + (4i)²
9 + 24i + 16i²
9 + 24i – 16
-7 + 24i

Exemplo 2

Determine x e y de modo que (4 + i)(x – 2i) = y + 1/2i.


(4 + i)(x – 2i) = y + 1/2i

4x – 8i + xi – 2i² = y + 1/2i

4x – 8i + xi + 2 = y + 1/2i

4x + 2 + (x – 8)i = y + 1/2i

A partir daqui caimos numa igualdade de números complexos.

4x + 2 = y
x – 8 = 1/2

Da segunda equação temos:
x – 8 = 1/2 ⇒ x = 1/2 + 8 = 17/2

Agora substituimos x na primeira equação.
4x + 2 = y
4(17/2) + 2 = y
34 + 2 = y
y = 36

S = {17/2, 36}

Divisão

Sejam dois números complexos z1 = a + bi e z2 = c + di, a divisão de z1 por z2 segue o esquema abaixo.

z1 = z1 * z2
z2 z2 * z2

Lembre-se que multiplicar numerador e denominador pelo conjugado do denominador não altera o resultado da fração.

Exemplo 1

Calcule:

a)
4 – 5i
2 + 3i
b)
1 + i
i

a)
4 – 5i = (4 – 5i)(2 – 3i)
2 + 3i (2 + 3i)(2 – 3i)
4 – 5i = 8 – 12i – 10i + 15i²
2 + 3i 2² – (3i)²
4 – 5i = 8 -22i -15
2 + 3i 4 + 9
4 – 5i = – 7 – 22i
2 + 3i 13
7 22 i
13 13
b)
1 + i = (1 + i)*(-i)
i i * (-i)
1 + i = – i – i²
i – i²
1 + i = – i + 1
i 1

1 – i

Potências de i

Do conjunto dos números reais temos que dado um número real a e n um inteiro positivo, a expressão an representa o produto de n fatores, todos iguais a a, ou seja:

an = a * a * a … * a

Na expressão acima an, o número real a é chamado de base e n é chamado de expoente.

No conjunto dos números complexos não é diferente. Veja abaixo algumas potências de i:

i0 = 1
i¹ = i
i² = – 1
i³ = i² * i = (-1) * i = -i

Continuando o processo veja o que acontece.

i4 = i³ * i = (-i) * i = -i² = 1
i5 = i4 * i = 1 * i = i
i6 = i5 * i = i * i = i² = -1
i7 = i6 * i = -1 * i = -i

Note que os resultados repetem-se de 4 em 4.

1, i, -1 , -i

Então, para calcular potências de i, basta dividir o expoente n, lembrando que n deve ser inteiro e positivo, por 4:

• Se o resto for 0, in = 1
• Se o resto for 1, in = i
• Se o resto for 2, in = -1
• Se o resto for 3, in = -i

Veja o motivo:

n 4
r q

n = 4q + r (0 ≤ r ≤ 3)

in = i4q + r
in = i4q * ir
in = (i4)q * ir
in = 1q * ir
in = 1 * ir
in = ir

Exemplo

Ache o valor de i123 + i180.


Dividimos 123 e 180 por 4 e verificamos o valor do resto.

123 4
3 30

180 4
0 45

portanto, i123 = i³ = -i e i180 = i0 = 1. Logo:
i123 + i180 = i³ + i0 = -i + 1 = 1 – i.