Livro de Matemática

Sumário

Plano de Argand-Gauss

Plano Cartesiano

A figura acima representa o tão conhecido plano cartesiano que tudo indica ter sido uma contribuição de René Descartes. Descartes foi capaz de fundir a álgebra e a geometria criando fórmulas e números com os quais era possível alternar entre as duas. O gráfico acima representa um plano bidimensional onde cada ponto pode ser descrito por dois números, ou um par ordenado, um que dá a posição horizontal e o segundo que dá a posição vertical. Na figura o ponto P(a,b) é representado pelos números reais a (indicando a posição horizontal no eixo das abscissas) e b (indicando a posição vertical no eixo das ordenadas).

Veja no gráfico abaixo como é incrível poder entender o que Descartes propôs.

Plano Cartesiano

No gráfico perceba o ponto P(a,b) movendo-se e descrevendo uma trajetória com formato circular. A medida que o ponto vai se movendo ao longo do círculo, as suas coordenadas mudam. Além disso é possível criar uma equação que identifica os valores variáveis destes números em qualquer ponto da figura.

No caso dos números complexos a ideia foi associar ao número complexo z = a + bi o ponto P(a,b) do plano cartesiano xOy, onde, por convenção marcamos a parte real de z no eixo horizontal e a parte imaginária de z no eixo vertical.

Plano Cartesiano

O ponto P(a,b) é chamado de afixo ou imagem geométrica de z.

Módulo e argumento de um número complexo

Por meio da figura abaixo seremos capazes de identificar e definir os conceitos de módulo e argumento de um número complexo.

Plano Argand-Gauss Módulo e Argumento

Dado um número complexo genérico z = a + bi, podemos representá-lo num plano cartesiano conforme figura acima. A parte real de z está indicada no eixo horizontal e a parte imaginária no eixo vertical. A distância do ponto P(a,b) até a origem e indicada pela letra ρ (letra grega que se lê: “rô”) é o módulo do número complexo.

z = √a² + b² ou ρ = √a² + b²

Note que ρ é obtido aplicando o teorema de Pitágoras onde ρ² = a² + b².

A medida do ângulo θ formado por ρ com o eixo real é o argumento do número complexo z. O ângulo θ deve satisfazer a condição 0 ≤ θ < 2π.

Observe que:

sen θ =
b
ρ
cos θ =
a
ρ

Os números ρ e θ são as coordenadas polares do ponto P(a,b) do plano e determinam a posição do ponto no plano.

Exemplo

(Facs-BA) Encontre o módulo do complexo

1 + 2i + i(1 – i) –
2
1 + i
.

1 – 2i + i – i² –
2
1 + i
1 – i + 1 –
2
1 + i
2 – i –
2
1 + i
2 –
2
1 + i
– i
2 –
2 – i(1 + i)
1 + i
2 –
2 – i – i²
1 + i
2 –
3 – i
1 + i
2(1 + i) – 3 – i
1 + i
2 + 2i – 3 – i
1 + i
– 1 + i
1 + i

O que temos aqui é a divisão de dois números complexos. Podemos então usar a regra da divisão.

z1 = z1 * z2
z2 z2 * z2
– 1 + i = (- 1 + i) * (1 + i)
1 + i (1 + i) * (1 + i)
2i
2
= i

O número complexo representado pela expressão

1 + 2i + i(1 – i) –
2
1 + i
= i

Então, z = i. Seu módulo será ρ = √a² + b² ⇒ ρ = √0² + 1² = 1.

Nota:
Rotação de um número complexo no plano

Multiplicar um Número Complexo por i é o mesmo que rotacioná-lo em 90º no sentido anti-horário. Portanto, dado z = a + bi ao fazermos (a + bi) * i teremos (a + bi) * i = -b + ai

Forma trigonométrica ou polar

Dado um número complexo z = a + bi, vimos que o argumento θ satifaz as seguintes condições:

sen θ =
b
ρ
⇒ b = ρ*senθ
cos θ =
a
ρ
⇒ a = ρ*cosθ

A forma trigonométrica ou polar é apenas uma consequência dos conceitos anteriores. Quando substituimos a e b por ρ*cosθ e ρ*senθ, respectivamente, obtemos a forma trigonométrica.

z = a + bi
z = ρ*cosθ + ρ*senθ i
z = ρ(cosθ + i*senθ)

z = ρ(cosθ + i*senθ)

Exemplo 1

Passar para a forma trigonométrica o número complexo z = 1 + √3 i.


A forma trigonométrica de um número complexo é do tipo z = ρ(cosθ + i*senθ), onde:

a = ρ*cosθ

b = ρ*senθ

ρ = √a² + b²
ρ = √ 1² + (√3)²
ρ = √ 1 + 3
ρ = √ 4
ρ = 2

cosθ =
a
ρ
cosθ =
1
2
senθ =
b
ρ
senθ =
√3
2

Logo, θ = π/3.

Portanto, o número complexo z = 1 + √3 i na forma trigonométrica será:

z = 2(cosπ/3 + i.senπ/3)

Exemplo 2

Passar para a forma algébrica o número complexo z = 2(cosπ/6 + i . senπ/6).


Agora devemos fazer o processo inverso.
Vamos comparar o número complexo que temos com o número complexo geral na forma trigonométrica.

z = 2(cosπ/6 + i . senπ/6)
z = ρ(cosθ + i . senθ)

Daqui podemos retirar algumas informações importantes:

ρ = 2
θ = π/6

Um número complexo genérico na forma algébrica é dado como z = a + bi.

a = ρcosθ → a = 2*cosπ/6 → a = 2*√3 / 2 → a = √3

b = ρsenθ → b = 2*senπ/6 → b = 2*1/2 → b = 1

z = √3 + i

Multiplicação de números complexos na forma trigonométrica

Dados dois números complexos z1 = ρ1(cosθ + i*senθ) e z2 = ρ2(cosβ + i*senβ), a multiplicação z1 * z2 = ρ12[cos(θ + β) + isen(θ + β)].

Divisão de números complexos na forma trigonométrica

Dados dois números complexos z1 = ρ1(cosθ + i*senθ) e z2 = ρ2(cosβ + i*senβ), a divisão será:

z1
z2
=
ρ1
ρ2
  cos(θ – β) + isen(θ – β)  

Potenciação de números complexos na forma trigonométrica

Dado um número complexo z = ρ(cosθ + i*senθ), ao elevarmos z ao expoente n teremos zn = ρn(cos(nθ)+isen(nθ)).

(cosθ+isenθ)n = (cos(nθ) + isen(nθ))

A fórmula acima é devida ao matemático francês Abraham de Moivre e é chamada de Fórmula de Moivre.

Radiciação de números complexos na forma trigonométrica

Dado um número complexo z = ρ(cosθ + i*senθ) e o número natural n (n ≥ 2), então poderemos encontrar n raízes enésimas de z. Estas raízes serão da forma:

zk = n√ρ   cos(
θ
n
+k
n
) + isen(
θ
n
+k
n
)  

K = 0,1,2, …, n-1

Por exemplo:

3√1 =   1    
1 + √3 i
2 2
   
1 √3 i
2 2
   

Polinômios

O que você vai estudar:
  1. Definição
  2. Grau e valor numérico
  3. Polinômio nulo
  4. Identidade de polinômios
  5. Operações com polinômios
  6. Divisão de polinômios
  7. Polinômios do 1º grau
  8. Polinômios do 2º grau

O que é um polinômio

P(x) = anxn + an – 1xn – 1 + an – 2xn – 2 + … + a2x2 + a1x + a0

Um polinômio é um elemento matemático que possui a estrutura acima. Note que:

an, an – 1, an – 2, …, a2, a1 e a0 são números complexos e são chamados de coeficientes do polinômio.
n ∈ N, ou seja, não são considerados polinômios, estruturas semelhantes a P(x) onde o expoente de x seja fracionário ou negativo.
x pertence ao conjunto dos números complexos e é a variável do polinômio.
– perceba que tanto no coeficiente a quanto na variável x os índices e expoentes começam em n e vão diminuindo até zero.

Grau e valor numérico

Grau de um polinômio

O grau de um polinômio é o valor máximo que o expoente n assume. Logo:
– A(x) = x³ – x² + x – 1 possui grau 3 e escrevemos gr(A) = 3, ou seja, o valor máximo de n foi 3.
– B(x) = 3ix5 possui grau 5 e escrevemos gr(B) = 5.

Valor numérico

Para entendermos esse conceito vamos recorrer ao polinômio genérico P(x) = anxn + an – 1xn – 1 + …+ a1x + a0. Agora vamos substituir o x por α, ficando assim P(α) = anαn + an – 1αn – 1 + …+ a1α + a0. Então, podemos concluir que o valor numérico de um polinômio é o valor obtido quando se substitui a variável x por outro valor qualquer e se efetua as operações indicadas pela expressão.

Veja como é fácil encontrar o valor numérico de p(x) = x² – x + 1 quando substituimos x por 2. p(2) = 2² – 2 + 1 ⇒ p(2) = 3. Portanto:
– 3 é o valor numérico de p(x) para x = 2.
– Este valor 3 é a imagem de 2 pela função polinomial p(x).
– Se p(α) = 0, o número α é dito raiz ou zero de p(x).

Polinômio nulo

Dado um polinômio genérico P(x) = anxn + an – 1xn – 1 + an – 2xn – 2 + … + a2x2 + a1x + a0, diz-se que P(x) é identicamente nulo, se todos os seus coeficientes forem nulos. Desta forma P(x) ≡ 0 (lê-se P(x) é idêntico a zero).

Exemplo

Encontre os valores de a, b, c e d, de modo que: (a – b – c + d)x³ + (2b – c)x² + (c – d)x + 4d – 8 ≡ 0.


O exercício informou que o polinômio (a – b – c + d)x³ + (2b – c)x² + (c – d)x + 4d – 8 é idêntico a zero, ou seja, todos os seus coeficientes são nulos. Logo:

a – b – c + d = 0
2b – c = 0
c – d = 0
4d – 8 = 0

Da última equação temos que:

4d – 8 = 0 ⇒ 4d = 8 ⇒ d = 2.
c – d = 0 ⇒ c = d ⇒ c = 2.
2b – c = 0 ⇒ 2b = c ⇒ 2b = 2 ⇒ b = 1.
a – b – c + d = 0 ⇒ a – 1 – 2 + 2 = 0 ⇒ a – 1 = 0 ⇒ a = 1.

Identidade de polinômios

Sejam os polinômios A(x) = anxn + an – 1xn – 1 + an – 2xn – 2 + … + a2x2 + a1x + a0 e B(x) = bnxn + bn – 1xn – 1 + bn – 2xn – 2 + … + b2x2 + b1x + b0. A(x) será igual ou idêntico a B(x), ou seja, A(x) ≡ B(x) se todos os coeficientes de A(x) forem iguais aos coeficientes de B(x). Veja o esquema abaixo:

A(x) ≡ B(x)
anxn + an – 1xn – 1 + an – 2xn – 2 + … + a2x2 + a1x + a0 ≡ bnxn + bn – 1xn – 1 + bn – 2xn – 2 + … + b2x2 + b1x + b0

A(x) – B(x) ≡ 0

(an – bn)xn + (an – 1 – bn – 1)xn – 1 + (an – 2 – bn – 2)xn – 2 + … + (a2 – b2)x2 + (a1 – b1)x + (a0 – b0) ≡ 0. Logo:

an = bn
an – 1 = bn – 1
an – 2 = bn – 2
a2 = b2
a1 = b1
a0 = b0

Exemplo 1

(EEM-SP) Determine os valores de p e q na identidade: 2x + 13 ≡ p(x + 2) – q(1 – x).


Se 2x + 13 ≡ p(x + 2) – q(1 – x), então os coeficientes do polinômio da esquerda são iguais aos coeficientes do polinômio da direita. Vamos reescrever a expressão.

2x + 13 ≡ px + 2p – q + qx
2x + 13 ≡ px + qx + 2p – q
2x + 13 ≡ (p + q)x + 2p – q

A partir daqui montamos um sistema para facilitar os cálculos.

p + q = 2
2p – q = 13

Somando as duas equações a variável q irá se anular. Logo:
3p = 15 ⇒ p = 5
substituindo o valor de p na equação p + q = 2 temos:
5 + q = 2 ⇒ q = -3

Solução: p = 5 e q = -3

Exemplo 2

Sabendo que

A
x + 1
+
B
x – 2
– x + 8
x² – x – 2

, calulcar A e B.


Na expressão acima note que x² – x – 2 = (x + 1)(x – 2), desta forma podemos reescrever a expressão como:

A
x + 1
+
B
x – 2
– x + 8
(x + 1)(x – 2)

A(x – 2)
x + 1
+
B(x + 1)
x – 2
– x + 8
(x + 1)(x – 2)

A(x – 2) + B(x + 1) ≡ – x + 8
Ax – 2A + Bx + B ≡ – x + 8
Ax + Bx – 2A + B ≡ – x + 8
(A + B)x – 2A + B ≡ – x + 8

Visto que, (A + B)x – 2A + B é idêntico a – x + 8, podemos montar o sistema abaixo:

A + B = -1
– 2A + B = 8

Multiplicando a primeira equação por (-1) temos:

– A – B = 1
– 2A + B = 8

E somando-se as duas equações temos:
– 3A = 9 ⇒ A = -3

Substituindo o valor de A na equação A + B = -1 temos:
-3 + B = -1 ⇒ B = 2

Logo, A = – 3 e B = 2.

Operações com polinômios

A soma, a diferença e a multiplicação de funções polinomiais é realizada verificando os coeficientes dos termos semelhantes. Vejamos alguns exemplos.

Exemplo 1

Sejam os polinômios f(x) = x³ + 2, g(x) = 2x³ + 4x² – 3x – 5 e h(x) = 1/2x² – 1. Determine:
a) f(x) + g(x)
b) g(x) – h(x)
c) f(x) . h(x)


a) f(x) + g(x)

(x³ + 2) + (2x³ + 4x² – 3x – 5) ⇒
x³ + 2x³ + 4x² – 3x + 2 – 5 ⇒ 3x³ + 4x² – 3x – 3

b) g(x) – h(x)

(2x³ + 4x² – 3x – 5) – (1/2x² – 1)
2x³ + 4x² – 3x – 5 – 1/2x² + 1
2x³ + 7/2x² – 3x – 4

c) f(x) . h(x)

(x³ + 2) * (1/2x² – 1)
x³ * 1/2x² + x³ * (-1) + 2 * 1/2x² + 2 * (-1)
1/2x5 – x³ + x² – 2

Observação

Na multiplicação de dois polinômios A(x) e B(x) o grau do polinômio resultante é dado pela soma dos graus dos polinômios A(x) e B(x). No exemplo acima f(x) possui grau 3 e h(x) grau 2. Logo, o polinômio resultante possui grau 5, ou seja, 3 + 2 = 5.

Exemplo 2

Considere os polinômios A(x) = x² – x + 1, B(x) = -2x² + 3 e C(x) = x³ – x + 2. Calcule (A – B)² – 3(C + B).


Para não nos perdermos vamos resolver a expressão em partes.

(A – B)

(x² – x + 1) – (-2x² + 3)
x² – x + 1 + 2x² – 3
3x² – x – 2

Agora fazemos (A – B)²

(3x² – x – 2)²
(3x² – x – 2) * (3x² – x – 2)
3x² * 3x² + 3x² * (-x) + 3x² * (-2) + (-x) * 3x² + (-x)*(-x) + (-x) * (-2) + (-2) * 3x² + (-2) * (-x) + (-2) * (-2)
9x4 – 6x³ – 11x² + 4x + 4

(C + B)

(x³ – x + 2) + (-2x² + 3)
x³ – 2x² – x + 5

Agora fazemos 3(C + B)

3(x³ – 2x² – x + 5)
3x³ – 6x² – 3x + 15

Agora juntamos as partes grifadas.

(A – B)² – 3(C + B)

(9x4 – 6x³ – 11x² + 4x + 4) – (3x³ – 6x² – 3x + 15)
9x4 – 6x³ – 11x² + 4x + 4 – 3x³ + 6x² + 3x – 15
9x4 – 9x³ – 5x² + 7x -11

Divisão de polinômios

Vamos retormar o conceito da divisão de dois números quaisquer. Vamos dividir o número genérico D por d.

D d
r q

No esquema acima D é o dividendo, d é o divisor, q é o quociente e r o resto. Veja como fica o esquema da divisão do número 14 por 5.

14 5
4 2

Note que 14 = 2 * 5 + 4.

Podemos utilizar esta mesma estrutura para a divisão de polinômios. Dado um polinômio A(x) e outro B(x) ≠ 0, a divisão de A(x) por B(x) resultará em dois outros polinômios sendo um Q(x) e outro R(x). Veja o esquema abaixo:

A(x) B(x)
R(x) Q(x)

A(x) é o dividendo, B(x) é o divisor, Q(x) é o quociente e R(x) é o resto. O polinômio R(x) sempre terá o grau menor do que B(x) ou poderá ser identicamente nulo.

Observação

gr(R(x)) < gr(B(x)) ou R(x)≡ 0.

Vale lembrar que A(x) = B(x) * Q(x) + R(x).

Veja o que acontece quando dividimos 12 por 2.

12 2
0 6

12 = 2 * 6 + 0 ou 12 = 2 * 6

Quando o processo de divisão resulta em resto igual a zero dizemos que a divisão é exata e que o dividendo é divisível pelo divisor. Então, se dividirmos um polinômio A(x) por B(x) e obtivermos resto igual a zero, podemos afirmar que A(x) é divisível por B(x).

A(x) B(x)
0 Q(x)

Método da chave

O método da chave consiste em dividir dois polinômios quaisquer usando a estrutura de divisão abaixo:

A(x) B(x)
R(x) Q(x)

Vamos dividir A(x) = x4 – 1 por B(x) = x + 1.

x4 – 1 x + 1
R(x) Q(x)

No final do processo obteremos um valor para Q(x) e outro para R(x).

1º passo: Dispomos os polinômios conforme esquema abaixo:

x4 + 0x³ + 0x² + 0x – 1 x + 1

O polinômio do dividendo é de grau 4 e possui os demais coeficientes nulos. Precisamos informar isso quando usarmos o método da chave.

2º passo: Iniciamos o processo de divisão.

x4 + 0x³ + 0x² + 0x – 1 x + 1
– x4 – x³
– x³ + 0x² + 0x – 1

3º passo: Ainda é possível prosseguir com a divisão, já que o grau do polinômio resultante é maior do que o grau do polinômio divisor.

x4 + 0x³ + 0x² + 0x – 1 x + 1
– x4 – x³ x³ – x²
– x³ + 0x² + 0x – 1
x³ + x²
x² + 0x – 1

4º passo: Dividimos mais uma vez.

x4 + 0x³ + 0x² + 0x – 1 x + 1
– x4 – x³ x³ – x² + x
– x³ + 0x² + 0x – 1
x³ + x²
x² + 0x – 1
-x² – x
– x – 1

5º passo: Para finalizar.

x4 + 0x³ + 0x² + 0x – 1 x + 1
– x4 – x³ x³ – x² + x – 1
– x³ + 0x² + 0x – 1
x³ + x²
x² + 0x – 1
-x² – x
– x – 1
x + 1
0

Por fim obtivemos Q(x) = x³ – x² + x – 1 e R(x) = 0. Logo, x4 – 1 é divisível por x + 1.

Teorema do resto

Este teorema permite encontrar o resto da divisão de um polinômio P(x) por um binômio do tipo ax + b.
Por exemplo: Calculemos o resto da divisão de A(x) = x³ + 7x² – 2x + 1 por B(x) = x + 3.

1º passo: extraímos a raiz do divisor B(x).

B(x) = x + 3
x + 3 = 0
x = -3 → raiz de B(x).

2º passo: calculamos o valor numérico de A(x) para x igual a -3.

A(x) = x³ + 7x² – 2x + 1
A(-3) = (-3)³ + 7(-3)² – 2(-3) + 1
A(-3) = – 27 + 63 + 6 + 1
A(-3) = 43

Perceba que não precisamos utilizar o método da chave para isso, já que se mostra bastante trabalhoso.

Mostramos abaixo como obter o resto da divisão de um polinômio genérico A(x) por um binômio genérico B(x) = ax + b.

1° passo: extrair a raiz de B(x).

B(x) = ax + b
ax + b = 0
ax = -b
x = -b/a

2º passo: visto que o polinômio A(x) é genérico não é possível determinarmos o seu grau aqui. Portanto, vamos utilizar a regra de divisão de polinômios.

Como desejamos encontrar R(x), vamos chamá-lo de r.

A(x) = B(x) • Q(x) + r
A(x) = (ax + b) • Q(x) + r

A
-b
a
=
a • -b + b
a
Q
-b
a
+ r
A
-b
a
=
-b + b
Q
-b
a
+ r
A
-b
a
=
0
Q
-b
a
+ r
A
-b
a
= r

Para um polinômio genérico P(x) temos:

P
-b
a
= r

Teorema de D’Alembert

O teorema de D’Alembert é uma consequência do teorema do resto. Ele diz que um polinômio P(x) é divisível pelo binômio (ax + b) se, e somente se, P(-b/a) = 0.

Já é sabido que se o resto de uma divisão de polinômios for zero, um deles é divisível pelo outro.

A(x) B(x)
0 Q(x)

A(x) = B(x) • Q(x) + 0
A(x) = B(x) • Q(x)

Exemplo 1

Determine as soluções da equação Q(x) = 0, em que Q(x) é o quociente da divisão do polinômio P(x) = x4 – 10x³ + 24x² + 10x – 24 por x² – 6x + 5.


Para encontrarmos o valor de Q(x) vamos utilizar o método da chave.

x4 – 10x³ + 24x² + 10x – 24 x² – 6x + 5
– x4 + 6x³ – 5x² x² – 4x – 5
-4x³ + 19x² + 10x – 24
4x³ – 24x² + 20x
-5x² + 30x -24
5x² – 30x + 25
1

Q(x) = x² – 4x – 5. Como Q(x) = 0, fazemos:

x² – 4x – 5 = 0

x =
– b ± √Δ
2a
x =
– b ± √b² – 4ac
2a
x =
– (-4) ± √(-4)² – 4(1)(-5)
2(1)
x =
4 ± √36
2
x’ =
4 + √36
2
=
4 + 6
2
= 5
x” =
4 – √36
2
=
4 – 6
2
= -1

S = {-1,5}

Exemplo 2

(PUC-SP)Qual é o número real que se deve adicionar a P(x) = x³ – 2x² + x para se obter um polinômio divisível por x – 3?


Devemos adicionar um número k ao polinômio x³ – 2x² + x para que seja divisível por x – 3. Então,

P(x) = x³ – 2x² + x + k

Se P(x) é divisível por x – 3, então P(3) = 0.

P(3) = 3³ – 2(3)² + 3 + k

3³ – 2(3)² + 3 + k = 0

27 – 18 + 3 + k = 0

k = -12

Exemplo 3

(ITA-SP)Determine os valores de a e b, tais que os polinômios x³ – 2ax² + (3a + b)x – 3b e x³ – (a + 2b)x + 2a sejam divisíveis por x + 1.


A(x) = x³ – 2ax² + (3a + b)x – 3b

B(x) = x³ – (a + 2b)x + 2a

Se A(x) e B(x) são divisíveis por x + 1, então A(-1) e B(-1) é igual a zero.

A(-1) = (-1)³ – 2a(-1)² + (3a + b)(-1) – 3b
-1 – 2a – 3a – b – 3b = 0
-1 – 5a – 4b = 0
5a + 4b = -1 → (I)

B(-1) = (-1)³ – (a + 2b)(-1) + 2a
-1 + a + 2b + 2a = 0
3a + 2b = 1 → (II)

Montamos um sistema com (I) e (II)

5a + 4b = -1
3a + 2b = 1

Multiplicamos a segunda equação por (-2).

5a + 4b = -1
-6a – 4b = -2

-a = -3
a = 3

Substituímos o valor de a na equação 3a + 2b = 1.

3a + 2b = 1
3(3) + 2b = 1.
9 + 2b = 1
2b = -8
b = -4

Portanto, os valores de a e b são 3 e -4, respectivamente.

Exemplo 4

Um polinômio P(x), dividido por x, deixa resto 2; dividido por x + 2, deixa resto -5 e, dividido por x – 2, deixa resto 25. Qual é o resto da divisão de P(x) por x(x+2)(x-2)?


Vamos anotar os dados:

P(x) ÷ x → resto = 2

P(x) ÷ (x + 2) → resto = -5

P(x) ÷ (x – 2) → resto = 25

P(x) ÷ [x(x+2)(x-2)] → resto = ?

Dadas as afirmações acima, então podemos afirmar que:

P(0) = 2 | P(-2) = -5 | P(2) = 25

Sendo o novo divisor x(x+2)(x-2) um polinômio de 3º grau o resto será no máximo do 2º grau, logo:

R(x) = ax² + bx + c

Então, podemos escrever:

P(x) = x(x+2)(x-2)Q(x) + ax² + bx + c

P(0) = 0(0+2)(0-2)Q(0) + a(0)² + b(0) + c
P(0) = c → c = 2

P(-2) = -2(-2+2)(-2-2)Q(-2) + a(-2)² + b(-2) + c
P(-2) = 4a – 2b + c
P(-2) = 4a – 2b + 2 → 4a – 2b + 2 = -5

4a – 2b = -7 → (I)

P(2) = 2(2+2)(2-2)Q(2) + a(2)² + b(2) + c
P(2) = 4a + 2b + c
P(2) = 4a + 2b + 2 → 4a + 2b + 2 = 25

4a + 2b = 23 → (II)

Montamos um sistema com (I) e (II)

4a – 2b = -7
4a + 2b = 23

8a = 16 → a = 2

Substituímos o valor de a na equação 4a – 2b = -7.

4(2) – 2b = -7
8 – 2b = -7
15 = 2b
b = 15/2

Portanto,

R(x) = 2x² +
15
2
x + 2