Considere o par ordenado genérico (x,y), onde x ∈ R e y ∈ R. São válidas as definições abaixo:
Todo par ordenado da forma (x,0) pode ser representado pelo número real x, ou seja, x = (x,0).
O que chamou a atenção dos matemáticos é a multiplicação do par ordenado (0,1) por ele mesmo, ou seja, (0,1) * (0,1).
(0,1) * (0,1) = (- 1 , 0)
Do exposto acima podemos concluir que (-1,0) = -1. Logo, foi encontrado um elemento que multiplicado por ele mesmo resulta em -1.
Então, podemos dizer que o conjunto dos números complexos, que representamos pela letra C, é o conjunto dos pares ordenados de números reais que segue a seguinte lei.
Z ∈ C ⇔ Z = (x,y), sendo que x ∈ R e y ∈ R
Veja como se obtem um número complexo Z = (x,y).
Z = (x,y) = (x,0) + (y,0)
= (x,0) + (y * 0 – 0 * 1 , y * 1 + 0 * 0)
= (x,0) + (y,0) * (0,1)
Visto que (x,0) = x e (y,0) = y e (0,1) = i
podemos escrever (x,y) = x + yi ou Z = x + yi
Esta é a forma algébrica de um número complexo. Z é o número complexo, a é chamada de parte real de Z ou Re(Z), b é chamada de parte imaginária de Z ou Im(Z). Lembrando que a e b ∈ R.
Z = a + 0i = a
Quando a parte imaginária de Z é nula, o número é real.Z = 0 + bi = bi
Quando a parte real de Z é nula, o número é dito imaginário puro.
Exemplos:
Determine o valor de k para que o número complexo z = (k – 2) + 9i seja imaginário puro.
Um número imaginário puro é do tipo z = 0 + bi. Logo, se k – 2 for igual a zero teremos um número imaginário puro. Então, para que z = (k – 2) + 9i seja um imaginário puro, k deve ser igual a 2.
Determine os valores de m para que o número complexo z = 4 + (m² – 25)i seja um número real.
Um número real é do tipo z = a + 0i. Então, se m² – 25 for igual a zero obteremos um número real. Logo, m deverá ser 5 ou -5.
Este é um número complexo → | z = a + bi |
Este é o seu conjugado → | z = a – bi |
Note que a parte real de dois números complexos conjugados é igual e a parte imaginária é simétrica.
Sendo z1 = 4 + 5i. Encontre z1 + z1.
O conjugado de z1 = 4 + 5i é z1 = 4 – 5i. Então:
z1 + z1 = (4 + 5i) + (4 – 5i) = (8 + 0i) = 8
Note que a soma de um número complexo com o seu conjugado resulta em um número real.
Dados dois números complexos genéricos z1 = a + bi e z2 = c + di.
A soma z1 + z2 = (a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d)i.
A diferença z1 – z2 = (a + bi) – (c + di) = (a – c) + (b – d)i.
Dados os números complexos z1 = 3 + 4i, z2 = 2 – i e z3 = -1 + 5i, determine z1 + z2 + z3.
z1 + z2 + z3
(3 + 4i) + (2 – i) + (-1 + 5i) = (5 + 3i) + (-1 + 5i) = (4 + 8i)
Sejam os números complexos z1 = (2x + 1) + yi e z2 = -y + 2i. Determine x e y de modo que z1 + z2 = 0.
z1 + z2 = 0
(((2x + 1) + yi) + (-y + 2i)) = 0
Devemos somar parte real com parte real e parte imaginária com parte imaginária.
(2x + 1 -y) + (y + 2)i = 0
2x – y + 1 = 0
y + 2 = 0 ⇒ y = -2
2x – (-2) + 1 = 0 ⇒ 2x + 3 = 0 ⇒ x = -3/2
Dados dois números complexos genéricos z1 = a + bi e z2 = c + di.
A multiplicação z1 * z2 = (a + bi) * (c + di) = (ac – bd) + (ad + bc)i.
(a + bi) * (c + di) = ac + adi + bci + bdi²
ac + (ad + bc)i – bd, pois i² = -1
ac – bd + (ad + bc)i
Calcule:
a) (5 + i)(2 – i)
b) (3 + 4i)²
a) Vamos utilizar a propriedade distributiva.
(5 + i)(2 – i)
10 – 5i + 2i – i²
10 – 3i + 1
11 – 3i
b) (3 + 4i)²
Dos produtos notáveis sabemos que (a + b)² = a² + 2ab + b². Então:
(3 + 4i)² = 3² + 2*3*4i + (4i)²
9 + 24i + 16i²
9 + 24i – 16
-7 + 24i
Determine x e y de modo que (4 + i)(x – 2i) = y + 1/2i.
(4 + i)(x – 2i) = y + 1/2i
4x – 8i + xi – 2i² = y + 1/2i
4x – 8i + xi + 2 = y + 1/2i
4x + 2 + (x – 8)i = y + 1/2i
A partir daqui caimos numa igualdade de números complexos.
![]() |
|
Da segunda equação temos:
x – 8 = 1/2 ⇒ x = 1/2 + 8 = 17/2
Agora substituimos x na primeira equação.
4x + 2 = y
4(17/2) + 2 = y
34 + 2 = y
y = 36
S = {17/2, 36}
Sejam dois números complexos z1 = a + bi e z2 = c + di, a divisão de z1 por z2 segue o esquema abaixo.
|
Lembre-se que multiplicar numerador e denominador pelo conjugado do denominador não altera o resultado da fração.
Calcule:
a) |
|
b) |
|
a) |
|
|
|
|
|
b) |
|
|
|
1 – i
Do conjunto dos números reais temos que dado um número real a e n um inteiro positivo, a expressão an representa o produto de n fatores, todos iguais a a, ou seja:
Na expressão acima an, o número real a é chamado de base e n é chamado de expoente.
No conjunto dos números complexos não é diferente. Veja abaixo algumas potências de i:
i0 = 1
i¹ = i
i² = – 1
i³ = i² * i = (-1) * i = -i
Continuando o processo veja o que acontece.
i4 = i³ * i = (-i) * i = -i² = 1
i5 = i4 * i = 1 * i = i
i6 = i5 * i = i * i = i² = -1
i7 = i6 * i = -1 * i = -i
Note que os resultados repetem-se de 4 em 4.
Então, para calcular potências de i, basta dividir o expoente n, lembrando que n deve ser inteiro e positivo, por 4:
• Se o resto for 0, in = 1
• Se o resto for 1, in = i
• Se o resto for 2, in = -1
• Se o resto for 3, in = -i
Veja o motivo:
n | 4 |
r | q |
n = 4q + r (0 ≤ r ≤ 3)
in = i4q + r
in = i4q * ir
in = (i4)q * ir
in = 1q * ir
in = 1 * ir
in = ir
Ache o valor de i123 + i180.
Dividimos 123 e 180 por 4 e verificamos o valor do resto.
123 | 4 |
3 | 30 |
180 | 4 |
0 | 45 |
portanto, i123 = i³ = -i e i180 = i0 = 1. Logo:
i123 + i180 = i³ + i0 = -i + 1 = 1 – i.
A figura acima representa o tão conhecido plano cartesiano que tudo indica ter sido uma contribuição de René Descartes. Descartes foi capaz de fundir a álgebra e a geometria criando fórmulas e números com os quais era possível alternar entre as duas. O gráfico acima representa um plano bidimensional onde cada ponto pode ser descrito por dois números, ou um par ordenado, um que dá a posição horizontal e o segundo que dá a posição vertical. Na figura o ponto P(a,b) é representado pelos números reais a (indicando a posição horizontal no eixo das abscissas) e b (indicando a posição vertical no eixo das ordenadas).
Veja no gráfico abaixo como é incrível poder entender o que Descartes propôs.
No gráfico perceba o ponto P(a,b) movendo-se e descrevendo uma trajetória com formato circular. A medida que o ponto vai se movendo ao longo do círculo, as suas coordenadas mudam. Além disso é possível criar uma equação que identifica os valores variáveis destes números em qualquer ponto da figura.
No caso dos números complexos a ideia foi associar ao número complexo z = a + bi o ponto P(a,b) do plano cartesiano xOy, onde, por convenção marcamos a parte real de z no eixo horizontal e a parte imaginária de z no eixo vertical.
O ponto P(a,b) é chamado de afixo ou imagem geométrica de z.
Por meio da figura abaixo seremos capazes de identificar e definir os conceitos de módulo e argumento de um número complexo.
Dado um número complexo genérico z = a + bi, podemos representá-lo num plano cartesiano conforme figura acima. A parte real de z está indicada no eixo horizontal e a parte imaginária no eixo vertical. A distância do ponto P(a,b) até a origem e indicada pela letra ρ (letra grega que se lê: “rô”) é o módulo do número complexo.
Note que ρ é obtido aplicando o teorema de Pitágoras onde ρ² = a² + b².
A medida do ângulo θ formado por ρ com o eixo real é o argumento do número complexo z. O ângulo θ deve satisfazer a condição 0 ≤ θ < 2π.
Observe que:
sen θ = |
|
cos θ = |
|
Os números ρ e θ são as coordenadas polares do ponto P(a,b) do plano e determinam a posição do ponto no plano.
(Facs-BA) Encontre o módulo do complexo
1 + 2i + i(1 – i) – |
|
. |
1 – 2i + i – i² – |
|
1 – i + 1 – |
|
2 – i – |
|
2 – |
|
– i |
2 – |
|
2 – |
|
2 – |
|
|
|
|
O que temos aqui é a divisão de dois números complexos. Podemos então usar a regra da divisão.
|
|
|
= i |
O número complexo representado pela expressão
1 + 2i + i(1 – i) – |
|
= i |
Então, z = i. Seu módulo será ρ = √a² + b² ⇒ ρ = √0² + 1² = 1.
Dado um número complexo z = a + bi, vimos que o argumento θ satifaz as seguintes condições:
sen θ = |
|
⇒ b = ρ*senθ |
cos θ = |
|
⇒ a = ρ*cosθ |
A forma trigonométrica ou polar é apenas uma consequência dos conceitos anteriores. Quando substituimos a e b por ρ*cosθ e ρ*senθ, respectivamente, obtemos a forma trigonométrica.
z = a + bi
z = ρ*cosθ + ρ*senθ i
z = ρ(cosθ + i*senθ)
Passar para a forma trigonométrica o número complexo z = 1 + √3 i.
A forma trigonométrica de um número complexo é do tipo z = ρ(cosθ + i*senθ), onde:
a = ρ*cosθ
b = ρ*senθ
ρ = √a² + b²
ρ = √ 1² + (√3)²
ρ = √ 1 + 3
ρ = √ 4
ρ = 2
cosθ = |
|
cosθ = |
|
senθ = |
|
senθ = |
|
Logo, θ = π/3.
Portanto, o número complexo z = 1 + √3 i na forma trigonométrica será:
z = 2(cosπ/3 + i.senπ/3)
Passar para a forma algébrica o número complexo z = 2(cosπ/6 + i . senπ/6).
Agora devemos fazer o processo inverso.
Vamos comparar o número complexo que temos com o número complexo geral na forma trigonométrica.
z = 2(cosπ/6 + i . senπ/6)
z = ρ(cosθ + i . senθ)
Daqui podemos retirar algumas informações importantes:
ρ = 2
θ = π/6
Um número complexo genérico na forma algébrica é dado como z = a + bi.
a = ρcosθ → a = 2*cosπ/6 → a = 2*√3 / 2 → a = √3
b = ρsenθ → b = 2*senπ/6 → b = 2*1/2 → b = 1
z = √3 + i
Dados dois números complexos z1 = ρ1(cosθ + i*senθ) e z2 = ρ2(cosβ + i*senβ), a multiplicação z1 * z2 = ρ1*ρ2[cos(θ + β) + isen(θ + β)].
Dados dois números complexos z1 = ρ1(cosθ + i*senθ) e z2 = ρ2(cosβ + i*senβ), a divisão será:
|
= |
|
cos(θ – β) + isen(θ – β) |
Dado um número complexo z = ρ(cosθ + i*senθ), ao elevarmos z ao expoente n teremos zn = ρn(cos(nθ)+isen(nθ)).
A fórmula acima é devida ao matemático francês Abraham de Moivre e é chamada de Fórmula de Moivre.
Dado um número complexo z = ρ(cosθ + i*senθ) e o número natural n (n ≥ 2), então poderemos encontrar n raízes enésimas de z. Estas raízes serão da forma:
zk | = | n√ρ | cos( |
|
+k |
|
) | + | isen( |
|
+k |
|
) |
K = 0,1,2, …, n-1
Por exemplo:
3√1 | = | 1 | |||||||
|
|||||||||
|
P(x) = anxn + an – 1xn – 1 + an – 2xn – 2 + … + a2x2 + a1x + a0
Um polinômio é um elemento matemático que possui a estrutura acima. Note que:
– an, an – 1, an – 2, …, a2, a1 e a0 são números complexos e são chamados de coeficientes do polinômio.
– n ∈ N, ou seja, não são considerados polinômios, estruturas semelhantes a P(x) onde o expoente de x seja fracionário ou negativo.
– x pertence ao conjunto dos números complexos e é a variável do polinômio.
– perceba que tanto no coeficiente a quanto na variável x os índices e expoentes começam em n e vão diminuindo até zero.