Livro de Matemática

Sumário

Derivadas

O que você vai estudar:
  1. Conceito de derivada
  2. Tabela de derivadas
  3. Derivadas de funções simples de uma variável
  4. Regra da cadeia
  5. Derivadas de funções compostas de uma variável
  6. Regra de L’hopital
  7. Crescimento e decrescimento de funções
  8. Pontos de máximo e pontos de mínimo
  9. Concavidades
  10. Aplicações das derivadas
  11. Derivadas parciais

Conceito de derivada

O conceito de derivada é bastante discutido no ensino superior. E o mais empolgante neste assunto é a sua infinidade de aplicações. Em termos simples, a derivada é uma razão, como, por exemplo, quilômetros por hora, litros por minuto ou lucro por item.

km
h
,
l
m
,
l
i

Generalizando, podemos dizer que derivada é uma razão do tipo:

derivada =
aumento
distância
Função afim f(x) = x + 2.
Figura A: Gráfico da função afim f(x) = x + 2

Gráfico de uma função afim mostrando distancia por aumento.
Figura B: A inclinação de uma reta pode se calculada dividindo-se o aumento pela distância.

derivada =
aumento
distância
=
y2 – y1
x2 – x1

Quando efetuamos esse tipo de operação obtemos como resultado o coeficiente angular da reta, ou valor de m na função f(x) = mx + n.
Perceba que na função mostrada no gráfico acima, a derivada, ou o coeficiente angular da reta é sempre o mesmo em qualquer ponto da função. Mas, não podemos afirmar o mesmo quando a função apresentada é uma curva. Quando a função for uma curva, a derivada assumirá diferentes valores para diferentes pontos. Em alguns pontos ela terá valor positivo, noutros negativo ou nulo e em determinados pontos a derivada sequer existirá.

Portanto, a derivada da função no gráfico acima vale:

m =
5 – 3
3 – 1
= 1

O valor encontrado coincide com o valor de m na função f(x) = x + 2. Nesta função o coeficiente angular vale 1, onde m = coeficiente angular.

Veja na imagem abaixo como a curva f(x) = – x² + x + 6 apresenta derivadas diferentes para pontos distintos.

Gráfico mostrando diferentes derivadas para diferentes pontos de uma curva.
Figura C: Veja que uma derivada pode apresentar diferentes valores em diferentes pontos de uma curva.

Vamos então encontrar o valor da derivada no ponto P da função f(x) = – x² + x + 6. Esta curva é uma parábola com concavidade voltada para baixo.

Gráfico mostrando diferentes derivadas para diferentes pontos de uma curva.
Figura D

Ponto P e reta tangente destacados na parábola.
Figura E

Encontrar a derivada significa encontrar a inclinação da reta no ponto solicitado.

Gráfico mostrando como calcular a inclinação da reta secante à curva.
Figura F

Gráfico mostrando como calcular a derivada num determinado ponto através reta secante tendendo para uma reta tangente.
Figura G

Nossa intenção é encontrar o valor da derivada no ponto P. Portanto, vamos fixar este ponto. Agora escolhemos na curva o ponto Q, móvel. Deste momento em diante temos uma reta secante à curva e dois pontos destacados nessa reta. Da geometria analítica temos que a inclinação de uma reta pode ser calculada como:

m =
y2 – y1
x2 – x1

ou

tgθ =
Δy
Δx

Portanto, supondo o ponto P fixo, imagine que o ponto Q se move em direção ao ponto P. A medida que Q se move em direção a P a reta secante passa a se transformar em uma reta tangente. Veja na figura G.
Logo, quando o ponto Q tende para o ponto P, x2 tende para x1.
É possível formalizar algebricamente o que observamos na figura G conforme abaixo:

lim
Δy
Δx
= lim
f(x2) – f(x1)
x2 – x1
Q→P x2 → x1

Fazendo Δx = x2 – x1 e isolando x2 temos: x2 = x1 + Δx. Portanto, podemos reescrever o limite como:

m(x1) = lim
f(x1 + Δx) – f(x1)
Δx
Δx → 0

Sendo m(x1) a inclinação da reta tangente à curva y = f(x) no ponto P.

Exemplo 1

Determinar a reta tangente à curva y = x² + x – 1 no ponto P(1,1).


Pela definição podemos encontrar a inclinação da reta tangente à curva através da fórmula:

m(x1) = lim
f(x1 + Δx) – f(x1)
Δx
Δx → 0

Em que x1 = 1. Devemos encontrar os valores de f(1) e f(1 + Δx).

f(x) = x² + x – 1
f(1) = 1² + 1 – 1
f(1) = 1

f(1 + Δx) = (1 + Δx)² + 1 + Δx – 1
f(1 + Δx) = 1 + 2Δx + (Δx)² + 1 + Δx – 1
f(1 + Δx) = 1 + 3Δx + (Δx)²

Em seguida, aplicamos os valores encontrados na fórmula do limite.

m(1) = lim
f(1 + Δx) – f(1)
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
1 + 3Δx + (Δx)² – 1
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
3Δx + (Δx)²
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
Δx(3 + Δx)
Δx
Δx → 0
m(1) = lim
3 + Δx
Δx → 0
m(1) = lim
3 + 0 = 3
Δx → 0

Portanto, a inclinação da reta à curva no ponto solicitado é igual a 3.

Nota:

Em estudos mais a frente você verá maneiras mais ágeis de se encontrar a derivada de uma função num determinado ponto.

f(x) = x² + x – 1
f'(x) = 2x + 1
f'(1) = 2(1) + 1
f'(1) = 3

Exemplo 2

Encontrar a equação da reta tangente à curva y = √x no ponto x = 4.


A geometria analítica nos fornece a fórmula y – f(x1) = m(x – x1) para encontrar a equação da reta.

Visto que m é a inclinação da reta, vamos encontrá-lo através da fórmula do limite.

m(x1) = lim
f(x1 + Δx) – f(x1)
Δx
Δx → 0
m(4) = lim
f(4 + Δx) – f(4)
Δx
Δx → 0

f(x) = √x
f(4) = √4
f(4) = 2

f(4 + Δx) = √(4 + Δx)

m(4) = lim
√(4 + Δx) – √4
Δx
Δx → 0
m(4) = lim
√(4 + Δx) – 2
Δx
Δx → 0
Nota:

Se nesse momento substituírmos Δx por zero teremos uma indeterminação 0 ÷ 0.

Vamos multiplicar o numerador e o denominador √(4 + Δx) + 2.
√(4 + Δx) + 2 é o conjugado de √(4 + Δx) – 2.

m(4) = lim
√(4 + Δx) – 2 √(4 + Δx) + 2
Δx √(4 + Δx) + 2
Δx → 0
m(4) = lim
4 + Δx – 4
Δx(√(4 + Δx) + 2)
Δx → 0
m(4) = lim
Δx
Δx(√(4 + Δx) + 2)
Δx → 0
m(4) = lim
1
√(4 + Δx) + 2
Δx → 0
m(4) = lim
1 = 1
√(4 + 0) + 2 4
Δx → 0

Agora que encontramos o valor de m, podemos substituí-lo na fórmula y – f(x1) = m(x – x1).

y f(4) =
1
4
(x – 4)
y 2 =
1
4
(x – 4)
y =
1
4
(x – 4) + 2
y =
x
4
+ 1

Portanto, a equação da reta procurada é:

y =
x
4
+ 1
Nota:

Além da notação f'(x), também é possível escrever:
Dxf(x) – derivada de f(x) em relação a x.
Dxy – derivada de y em relação a x.

dy
dx

Derivada de y em relação a x.
Além disso, dizemos que uma função é derivável quando existe a derivada em todos os pontos do seu domínio.

A derivada de uma função num ponto

A derivada de uma função f(x) no ponto a, denotada por f'(a) é definida pelo limite

f'(a) = lim
f(a + Δx) – f(a)
Δx
Δx → 0

Também podemos escrever

f'(a) = lim
f(b) – f(a)
b – a
b → a

Como visto, este limite nos dá a inclinação da reta tangente à curva f(x) no ponto (a,f(a)). Logo, geometricamente, o que tem-se é a inclinação da curva f(x) no ponto a. Dizemos que uma função é derivável quando existe a derivada em todos os pontos do seu domínio.

Nota:

Ser f(x) contínua num ponto a não garante a existência de f'(a). Porém, toda função derivável num ponto a é contínua nesse ponto. Para provar a continuidade de uma função f(x) num ponto devemos ter:

1) f(a) existe;

2)  
lim
x → a
f(x)   existe
 
3)  
lim
x → a
f(x) = f(a)
 

Tabela de derivadas

Seja f(x) uma função derivável. Além disso, seja n uma constante. Seguem abaixo as principais fórmulas de derivação.

y = k ⇒ y’ = 0
y = xn ⇒ y’ = n * xn – 1
y = ex ⇒ y’ = ex
y = senx ⇒ y’ = cosx
y = cosx ⇒ y’ = -senx
y = tgx ⇒ y’ = sec²x
y = cotgx ⇒ y’ = -cossec²x
y = secx ⇒ y’ = secx.tgx
y = cossecx ⇒ y’ = -cossecx.cotgx
y = arcsenx y’ = 1
√(1 – x²)
y = arccosx y’ = -1
√(1 – x²)
y = arctgx y’ = 1
1 + x²
y = lnx y’ = 1
x
y = ax ⇒ y’ = ax.ln(a)
y = loga x y’ = 1
x.ln(a)

Sejam u(x) e v(x) funções deriváveis. Além disso, sejam a e n constantes. Seguem abaixo as principais fórmulas de derivação.

y = a ⇒ y’ = 0
y = x ⇒ y’ = 1
y = a * u ⇒ y’ = a * u’
y = u + v ⇒ y’ = u’ + v’
y = u * v ⇒ y’ = u * v’ + v * u’
y = u y’ = v * u’ – u * v’
v
y = un, (n ≠ 0) ⇒ y’ = n * un – 1 * u’
y = au ⇒ y’ = au * ln(a) * u’
y = eu ⇒ y’ = eu * u’
y = loga u y’ = u’ loga e
u
y = ln(u) y’ = u’
u
y = sen(u) ⇒ y’ = cos(u) * u’
y = cos(u) ⇒ y’ = -sen(u) * u’
y = tg(u) ⇒ y’ = sec²(u) * u’
y = cotg(u) ⇒ y’ = -cossec²(u) * u’
y = sec(u) ⇒ y’ = sec(u)*tg(u) * u’
y = cossec(u) ⇒ y’ = -cossec(u)*cotg(u) * u’

Derivadas de funções simples de uma variável

O cálculo de derivadas pelo processo de limites se torna bastante trabalhoso e demorado. Por isso, criou-se técnicas ágeis para facilitar os cálculos. Você pode recorrer à Tabela de derivadas e utilizar a regra mais adequada ao seu problema.

Exemplo 1

Encontre a derivada da função f(x) = x5.


Regra utilizada:

f(x) = xn
f'(x) = n * xn – 1

f(x) = x5
f'(x) = 5 * x5- 1
f'(x) = 5x4

Exemplo 2

Encontre a derivada da função f(x) = x5/6.


Regra utilizada:

f(x) = xn
f'(x) = n * xn – 1

f(x) = x5/6
f'(x) = 5/6 * x5/6 – 1
f'(x) = 5/6 * x– 1/6

f'(x) =
5 1
6 x1/6
f'(x) =
5
6 * x1/6
=
5
6 6√x

Exemplo 3

Encontre a derivada da função:

f(x) =
1
x5

Regra utilizada:

f(x) = xn
f'(x) = n * xn – 1

A função do problema pode ser reescrita como f(x) = x-5

f(x) = x-5
f'(x) = -5* x-5 – 1
f'(x) = -5* x-6

f'(x) =
-5
x6

Exemplo 4

Encontre a derivada da função f(x) = √x.


Regra utilizada:

f(x) = xn
f'(x) = n * xn – 1

A função do problema pode ser reescrita como f(x) = x1/2

f(x) = x1/2
f'(x) = 1/2 * x1/2 – 1
f'(x) = 1/2 * x– 1/2

f'(x) =
1 1
2 x1/2
=
1
2√x

Exemplo 5

Encontre a derivada da função h(x) = 4x³ – x² + 3x – 2.


h(x) = 4x³ – x² + 3x – 2
h'(x) = 4 * 3x² – 2x + 3 – 0
h'(x) = 12x² – 2x + 3

Exemplo 6

Encontre a derivada da função f(x) = (3x² + x)(4 – x4).


A função f(x) = (3x² + x)(4 – x4) é uma multiplicação de duas funções h(x) = (3x² + x) e g(x) = (4 – x4).

f(x) = h(x)g(x)
f'(x) = h(x)g'(x) + h'(x)g(x)

f'(x) = (3x² + x)(4 – x4)’ + (3x² + x)'(4 – x4)
f'(x) = (3x² + x)(-4x³) + (6x + 1)(4 – x4)
f'(x) = -4x³(3x² + x) + (24x – 6x5 + 4 – x4)
f'(x) = – 12x5 – 4x4 + 24x – 6x5 + 4 – x4
f'(x) = – 18x5 – 5x4 + 24x + 4

Exemplo 7

Encontre a derivada da função:

f(x) =
10 – x³
x + 2

A função f(x) é a divisão de duas funções h(x) e g(x).

f(x) =
h(x)
g(x)
f'(x) =
g(x)h'(x) – h(x)g'(x)
[g(x)]²
f'(x) =
(x + 2)(10 – x³)’ – (10 – x³)(x + 2)’
(x + 2)²
f'(x) =
(x + 2)(-3x²) – (10 – x³)(1)
(x + 2)²
f'(x) =
-3x³ – 6x² – 10 + x³
(x + 2)²
f'(x) =
-2x³ – 6x² – 10
x² + 4x + 4

Exemplo 8

Encontre a derivada da função f(x) = 5tgx + 3senx.


Na função f(x) = 5tgx + 3senx temos as constantes 5 e 3 que multiplicam as funções tgx e senx, respectivamente.

A derivada da função tgx é sec²x e a derivada da função senx é cosx. Logo, f'(x) = 5sec²x + 3cosx.

Exemplo 9

Encontre a derivada da função:

f(x) =
3
x
2 lnx + 5 arccosx

A função pode ser reescrita como:

f(x) = 3x-1 – 2lnx + 5arccosx
f'(x) = -3x-2 – 2(1/x) + 5(-1/(√(1 – x²)))

f'(x) =
-3
2
x
-5
√(1 – x²)

Exemplo 10

Encontre a derivada da função f(x) = 3x + arctgx.


Regras utilizadas:

h(x) = ax
h'(x) = axlna

g(x) = arctgx

g'(x) =
1
1 + x²
f'(x) = 3xln3 +
1
1 + x²

Derivadas de funções trigonométricas

Encontrar a derivada de uma função trigonométrica não é um trabalho muito simples. Por isso, vamos recuperar alguns conceitos iniciais com a finalidade de facilitar esse processo. Consideremos o círculo de raio unitário abaixo.

Ciclo trigonométrio

Na figura o segmento BC = senx e o segmento OC = cosx. Note que quando x tende a zero, senx tende a zero e cosx tende a 1.
Em termos de limites podemos dizer que:

lim senx = 0
x → 0
lim cosx = 1
x → 0

Note também que o arco AB é maior do que o segmento BC. Você deve ter aprendido em séries anteriores que a relação entre o ângulo x e o arco AB é:

x =
AB
r

Como no círculo trigonométrico o raio vale 1, o ângulo x é numericamente igual ao arco AB. Daí tem-se:

0 < BC < AB

Visto que, senx = BC, tem-se:

0 < senx < x

Regra da cadeia

A regra da cadeia é utilizada para encontrar a derivada de funções compostas, que são mais elaboradas.

Suponhamos duas funções f(x) = cosx e u(x) = x³. Podemos fazer uma composição destas funções da seguinte forma f(u(x)) ou f(x³) = cos(x³). A função f(u(x)) é uma função composta, f ° u.
Para calcularmos a derivada da função composta f(u(x)) fazemos a derivada da função de dentro vezes a derivada da função de fora.

f(u(x)) = cos(x³)

f'(u(x)) =
du
dx
df
du

Ou seja, f'(u(x)) = u'(x) • f'(u).

(x³)’ • (cosu)’
3x²(-senu)
3x²(-senx³)
-3x²senx³
f'(u(x)) = -3x²senx³

Exemplo 1

Encontre a derivada da função f(x) = (x² + 1)50.


A função f(x) = (x² + 1)50 é composta com a função u(x) = x² + 1. Portanto, tem-se:

f(u) = u50 e u(x) = x² + 1.

A derivada é calculada fazendo:

f'(u(x)) =
du
dx
df
du
dy
dx
=
du
dx
dy
du
dy
dx
= u'(x) • f'(u)
dy
dx
= (x² + 1)’ • (u50)’
dy
dx
= 2x50u49
dy
dx
= 100x(x² + 1)49

Exemplo 2

Encontre a derivada da função f(x) = ln(3x³ – 7x).


A função f(x) = ln(3x³ – 7x) é uma função composta pelas funções f(u) = ln(u) e u(x) = 3x³ – 7x.

Vamos derivar a função u(x).

du
dx
= 9x² – 7

Agora derivamos a função f(u) = ln(u).

dy
du
=
1
u

Portanto, a derivada que procuramos é:

dy
dx
=
du
dx
dy
du
dy
dx
= 9x² – 7
1
3x³ – 7x
dy
dx
=
9x² – 7
3x³ – 7x

Exemplo 3

Encontre a derivada da função f(x) = ln(cosx).


Verificando a tabela de derivadas temos que:

y = ln(u) =
u’
u

Logo,

y = ln(cosx) = y’ =
(cosx)’
cosx
y’ =
-senx
cosx

y’ = -tgx

Exemplo 4

Encontre a derivada da função f(x) = ln(x + lnx).


Lembre-se de que é possível resolver a derivada de uma função composta verificando uma regra possível na tabela de derivadas ou multiplicando a derivada da função interna pela derivada da função externa.

Função interna = x + lnx
Função externa = ln(x + lnx)

Derivada da função interna

(x + lnx)’ = 1 +
1
x
=
x + 1
x

Derivada da função externa:

(ln(x + lnx))’ =
1
x + lnx

A derivada da função f(x) = ln(x + lnx) é:

f'(x) =
x + 1
x
1
x + lnx
f'(x) =
x + 1
x(x + lnx)

Exemplo 5

Encontre a derivada da função f(x) = senx² e h(x) = sen²x.


f(x) = senx²
f(x) = sen(x²)

f(u) = sen(u)
u(x) = x²

f'(u) = cos(u)

u'(x) = 2x;

f'(x) = u'(x) • f'(u)
f'(x) = 2x • cos(u)
f'(x) = 2xcos(x²)


h(x) = sen²x
h(x) = (senx)²

h(u) = u²
u(x) = senx

h'(u) = 2u
u'(x) = cosx

h'(x) = u'(x) • h'(u)
h'(x) = cosx • 2u
h'(x) = cosx2(senx)
h'(x) = 2cosx.senx

Exemplo 6

Encontre a derivada da função f(x) = ex5 – 7.


Pela tabela de derivadas temos:

y = eu   y’ = eu • u’
y = ex5 – 7   y’ = ex5 – 7 • (x5 – 7)’
y’ = ex5 – 7 • 5x4 = 5x4ex5 – 7

Exemplo 7

Encontre a derivada da função f(x) = eex.


f(x) = eex

f(u) = eu
f'(u) = eu

u(x) = ex
u'(x) = ex

f'(x) = f'(u) • u'(x)
f'(x) = eu • ex
f'(x) = eex • ex
f'(x) = ex + ex

Regra de L’Hopital

A regra de L’Hopital usa derivadas como estratégia para facilitar o cálculo de limites. Com ela é possível eliminar facilmente as indeterminações encontradas.

Considere duas funções f(x) e g(x).

lim f(x) = 0
x→a
lim g(x) = 0
x→a

Nesta situação ambas as funções possuem limite igual a zero quando x tende à a.

Logo, o limite de f(x)÷g(x) não conseguimos calcular de forma imediata. Necessitamos de uma ferramenta adicional para conseguirmos eliminar a indeterminação 0/0 encontrada.

lim
f(x)
g(x)
=
0
0
x→a

Suponhamos que seja possível encontrar um valor L para o limite das derivadas f'(x) e g'(x). Se for possível, dizemos que L é também o limite do quociente das originais f(x) e g(x).

lim
f'(x)
g'(x)
= L
x→a

Exemplo 1

Encontre o limite de :

lim
1 – cosx
x→0

Neste caso se apenas substituírmos os valores de x cairemos numa indeterminação.

lim
1 – cos(0)
(0)²
=
0
0
x→0

Para eliminarmos a indeterminação derivamos a função do numerador e do denominador.

lim
1 – cosx
x→0
lim
(1 – cosx)’
(x²)’
x→0
lim
senx
2x
x→0
lim
1
2
senx
x
=
1
2
x→0
Nota:

O limite abaixo é um limite fundamental.

lim
senx
x
= 1
x→0

Exemplo 2

Calcular o limite abaixo:

lim
ln x
3x – 3
x→1

Se fizermos as substuições de forma direta vamos nos deparar com a indeterminação 0/0.

Para contornármos a situação vamos aplicar a regra de L’Hopital derivando as duas funções: ln x e 3x – 3.

lim
ln x
3x – 3
x→1
lim
(ln x)’
(3x – 3)’
x→1
lim
1
x
3
=
1
3
x→1
Nota:

A regra de L’Hopital também é válida para a indeterminação ±∞/±∞.

Derivadas sucessivas

A ideia de derivadas sucessivas é bastante natural e não trará nenhuma dificuldade adicional.
Definição
Seja f(x) uma função derivável. Ao derivármos f(x), encontramos f'(x). Assim fica definida uma nova função f'(x). E a partir desta podemos derivar novamente, chegando em f”(x)(lê-se f-duas linhas de x). f”(x) é a derivada segunda de f(x). Também é possível escrevermos

d²f
dx²

Lê-se derivada segunda de f em relação a x.

Exemplo 1

Encontre a derivada de segunda ordem da função f(x) = 3x² + 8x + 1.


Função: f(x) = 3x² + 8x + 1
Derivada primeira: f'(x) = 6x + 8
Derivada segunda: f”(x) = 6

Exemplo 2

Determinar a derivada de segunda ordem da função f(x) = ³√(4 – x³).


A função f(x) = ³√(4 – x³) pode ser reescrita como f(x) = (4 – x³)1/3

Função: f(x) = (4 – x³)1/3
Derivada primeira:

f'(x) = 1/3(4 – x³)1/3 – 1(4 – x³)’
f'(x) = 1/3(4 – x³)-2/3(-3x²)’
f'(x) = -x²(4 – x³)-2/3

Derivada segunda:

f”(x) = (-x²)((4 – x³)-2/3)’ + (4 – x³)-2/3(-x²)’
f”(x) = (-x²)(-2/3(4 – x³)-2/3 – 1(4 – x³)’) + (4 – x³)-2/3(-2x)
f”(x) = (-x²)(-2/3(4 – x³)-5/3(- 3x²)’) + (4 – x³)-2/3(-2x)
f”(x) = (-x²)(2x²(4 – x³)-5/3) + (4 – x³)-2/3(-2x)
f”(x) = (-2x4)(4 – x³)-5/3 + (4 – x³)-2/3(-2x)

Exemplo 3

Determinar a derivada de ordem n = 100 da função g(x) = cosx.


g(x) = cosx
g(1)(x) = – senx
g(2)(x) = – cosx
g(3)(x) = – (-senx) = senx
g(4)(x) = cosx

Na quarta derivada retornamos ao valor da função original. A cada 4 períodos as derivadas da função cosx se repete. Logo, g(4)(x) = g(8)(x) = g(12)(x) … g(100)(x) = cosx

Exemplo 4

Determinar a n-ésima derivada de f(x) = ex/2.


Função: f(x) = ex/2
Derivada primeira:

f'(x) = ex/2 (
x
2
)’
f'(x) =
1
2
ex/2

Derivada segunda:

f”(x) =
1
2
ex/2 (
x
2
)’
f”(x) =
1
4
ex/2

Se continuarmos derivando concluiremos que as derivadas sucessivas seguem à fórmula:

f(n)(x) =
1
2n
ex/2

Derivação implícita

Função na forma implícita

Compreender derivação implícita implica entender como uma função y = f(x) se apresenta a forma implícita.
y = f(x) está na forma explícita e F(x,y) = 0 está na forma implícita. Portanto, dizemos que uma função y = f(x) se encontra na forma implícita quando ao substituírmos y por f(x) em F(x,y) = 0, nos deparamos com uma identidade.

y = f(x) → forma explícita
F(x,y) = 0 → forma implícita

Por exemplo:
a equação

x2 +
1
2
y 1 = 0

define implicitamente a função y = 2(1 – x2). Como prova, ao substituirmos y = f(x) em F(x,y) = 0 obtemos uma identidade.

x2 +
1
2
2(1 – x2) 1 = 0

Derivação de uma função na forma implícita

Vamos derivar a equação x² + y² = 9.
A obtenção da derivada da equação acima não nos impõe que a explicitemos.

(x²)’ + (y²)’ = 9′
2x + 2yy’ = 0

O termo y’ apareceu porque y é uma função de x, ou seja, y = f(x). Nessa situação precisamos aplicar a regra da cadeia, a derivada da função de dentro multiplicada pela derivada da função de fora.

Agora devemos isolar y’.

2yy’ = -2x

y’ =
-2x
2y
y’ =
-x
y

Exemplo 1

Sabendo que y = f(x) é definida pela equação xy² + 2y³ = x – 2y, determine y’.


(xy² + 2y³)’ = (x – 2y)’
(xy²)’ + (2y³)’ = (x)’ – (2y)’
x(y²)’ + x’.y² + 6y²y’ = 1 – 2*1*y’
x2yy’ + y² + 6y²y’ = 1 – 2y’
x2yy’ + 6y²y’ + 2y’ = 1 – y²
y'(2xy + 6y² + 2) = 1 – y²

y’ =
1 – y²
2xy + 6y² + 2

Aplicações das derivadas

As aplicações do cálculo são fascinantes! Neste primeiro momento vamos observar como se comporta uma função com relação a crescimento, decrescimento, pontos de máximos e mínimos locais e/ou absolutos.
Vamos estudar a relação entre a derivada de uma função e o seu comportamento.

Crescimento e decrescimento

Vamos analisar como a função f(x) = x³ – 3x se comporta.

Gráfico da função f(x)=x^3 - 3x.
Figura H: Esboço do gráfico da função f(x) = x³ – 3x.

Etapa 1: calculamos a derivada da função. Em seguida igualamos a derivada a zero e resolvemos em função de x.

f(x) = x³ – 3x
f'(x) = 3x² – 3

3x² – 3 = 0
3x² = 3
x = ± 1

Os valores de x encontrados são os pontos críticos candidatos da função f(x) = x³ – 3x. Pelo gráfico da função fica perfeitamente determinado que o seu domínio é toda a reta real. Portanto, os pontos críticos encontrados são pontos de máximo/mínimo locais.
É importante salientar que uma curva terá retas tangentes horizontais em todos os pontos de mínimo e máximo locais(exceto nos vértices acentuados) e em todos os pontos de inflexão horizontais.

Pontos críticos da função f(x)=x^3 - 3x.
Figura I: Pontos críticos da função f(x) = x³ – 3x.

Etapa 2: fazemos o estudo do sinal da função derivada.

Estudo do sinal da função f(x)=3x^2 - 3.
Figura J: Estudo do sinal da função quadrática f(x) = 3x² – 3.

Note que a função derivada é positiva à esquerda e à direita das raízes; e negativa entre as raízes. A relação existente entre a função derivada e a função original é que onde a função derivada é positiva, a função original é crescente. O intervalo onde a função derivada é negativa, a função original é decrescente.

f'(x) > 0 ⇔ x < -1 ou x > 1
f'(x) < 0 ⇔ -1 < x < 1

Portanto, f(x) é crescente no intervalo (-∞,-1], descrescente no intervalo [-1,1] e crescente no intervalo [1;+∞).

Máximos e mínimos de uma função

Um ponto c pertencente ao domínio de uma função y = f(x), é dito ponto crítico de f(x) se f'(c) = 0 ou f'(c) não existir.

Ponto de máximo local: f(c) > f(x) numa vizinhança de c.
Ponto de máximo global: f(c) > f(x) em todo o domínio de f.

Ponto de mínimo local: f(c) < f(x) numa vizinhança de c.
Ponto de mínimo global: f(c) < f(x) em todo o domínio de f.

Calculemos os valores de f(x) para as abscissas -1 e 1 encontradas na primeira derivada.

f(x) = x³ – 3x
f(-1) = (-1)³ – 3(-1)
f(-1) = -1 + 3 = 2
f(x) = x³ – 3x
f(1) = (1)³ – 3(1)
f(1) = 1 – 3 = -2

Os pontos (-1,2) e (1,-2) são os pontos críticos de f(x). Para sabermos se estes pontos são de máximo ou de mínimo faremos o teste da segunda derivada.

f(x) = x³ – 3x
f'(x) = 3x² – 3 → derivada primeira
f”(x) = 6x

Estudo do sinal da função f(x)=6x.
Figura K: Estudo do sinal da função f(x) = 6x.

Fazendo o estudo do sinal da função f”(x) podemos concluir que f”(x) é positiva para todo x > 0 e negativa para todo x < 0.

Se f”(x) > 0, a concavidade do gráfico de f(x) é para cima, portanto um ponto de mínimo local.
Se f”(x) < 0, a concavidade do gráfico de f(x) é para baixo, portanto um ponto de máximo local.
Se f”(x) = 0, nada se pode concluir.

Para os valores críticos x = -1 e x = 1, tem-se:

f”(x) = 6x
f”(-1) = 6(-1) = -6 < 0, portanto um máximo local.
f”(1) = 6(1) = 6 > 0, portanto um mínimo local.

Nota:

Quando x = 0, tem-se um ponto de inflexão. Este é o ponto onde o gráfico de f(x) muda de concavidade.