Livro de Matemática

Sumário

Equações diferenciais

O que você vai estudar:
  1. Introdução
  2. Soluções de equações diferenciais
  3. Introdução
  4. Introdução

Introdução

O que é uma equação

É importante termos bem definidos na mente alguns conceitos matemáticos antes de iniciarmos o assunto sobre equações diferenciais.
Uma equação é toda e qualquer expressão matemática composta de uma expressão algébrica e uma igualdade.

Por exemplo:

I) 3x + 1 = x + 7
II) 2y² – 3y + 7 = 0

Note que uma equação é semelhante a uma balança que deve sempre estar em equilíbrio, ou seja, a quantidade no lado esquerdo deve ser igual à quantidade do lado direito.

Equações diferenciais

Uma equação diferencial é uma equação que contem derivadas. Para resolver este tipo de problema é imprescindível os conhecimentos de derivadas, integrais e seus métodos de integração.

1. y’ – 2y = x + 2
2. y”’ – 2y” = √(x – 2) + 2
3. f'(x) = 3cosx + 5x
4. f”(x) = -2f'(x) + 3f(x) – senx

4.
δu
δx
+ y
δu
δy
= u
5.
δ²u
δx²
+ y
δu
δy
= 0

As equações diferenciais podem ser classificadas quanto ao tipo em ordinárias e parciais. As equações acima de 1 até 4 são do tipo ordinárias, pois possuem apenas uma variável independente. As equações 5 e 6 são do tipo parciais, já que apresentam duas variáveis independentes.

As equações diferenciais também podem ser classificadas quanto a ordem. Essa classificação leva em conta o grau da maior derivada presente na equação diferencial.

1. f'(x) + 2f(x) = 2ex
2. f”'(x) + x(f'(x))² = 0

3.
d²y
dx²
+ 5(
dy
dx
4y = ex

A equação em (1) é de ordem 1, em (2) de ordem 3 e a equação em (3) é de ordem 2.

As equações diferenciais também podem ser classificadas quanto a sua linearidade. Uma equação diferencial linear obedece a seguinte forma:

an(x)
dny
dxn
+ an-1(x)
dn-1y
dxn-1
+…+
a1(x)
dy
dx
+ a0(x)y = g(x)
Nota

Observe que a variável dependente y e suas derivadas estão elevadas somente à primeira potência e seus coeficientes an(x), an-1(x), …, a1(x), a0(x) e g(x) dependem somente de x. Uma equação diferencial que não segue essas normas não pode ser classificada como equação diferencial linear.

Vejamos alguns exemplos:

1. (1-x)y” – 4xy’ + 5y = cosx
Equação diferencial linear de ordem 2

2. x
d³y
dx³
2(
dy
dx
)4 + y = 0

Equação diferencial não linear, pois possui uma derivada elevada à quarta potência.

3. y.y’ + 2y = 1 + x²
Equação diferencial não linear, pois possui um coeficiente dependente de y e não de x em y.y’.

4. x³y(4) – x²y” + 4xy’ – 3y = 0
Equação diferencial linear de ordem 4.

4.
d²y
dx²
+ 9y = sen y

Equação diferencial não linear, pois sen y depende de y e não de x.

5.
d²r
dt²
=
-k

Equação diferencial não linear, pois o segundo membro possui um coeficiente dependente de r e não de t.

Soluções de equações diferenciais

As soluções das equações diferenciais podem se apresentar de diversas formas. A solução de uma equação diferencial será sempre uma função f(x,y). Além disso, uma função f(x,y) será solução de uma equação diferencial quando ao ser substituída na equação diferencial, reduz a equação a uma identidade.

Por exemplo:

(1) y’’ – y’ = 2 – 2x

Essa equação diferencial diz que a segunda derivada de uma função (menos) a primeira derivada desta mesma função resulta em 2 – 2x. Que função é essa?
Note que derivando duas vezes obteve-se 2 e derivando uma vez obteve-se 2x. Para descobrirmos a função original, utilizamos a integração.

∫∫   2dx 2xdx
 
 
  2xdx 2
2
+ C
 
 
2
2
+ C1 2
2
+ C2

Portanto, a função original é y = x² + C, sendo C uma constante arbitrária.

(2) yy’ + x = 0 tem como solução a função implícita x² + y² = C.

Fazendo a diferenciação implícita obtem-se:

x² + y² = C
(x²)’ + (y²)’ = (C)’
2x + 2yy’ = 0
2(x + yy’) = 0
x + yy’ = 0
yy’ + x = 0

Você percebeu? A solução em (1) foi y = x² + C e em (2) x² + y² = C. A solução de uma equação diferencial pode ser expressa explicitamente ou implicitamente bem como pode ser classificada em geral, particular ou singular.

y = x² + C é solução geral da equação diferencial y’’ – y’ = 2 – 2x. Isso quer dizer que y = x² + C faz parte de uma família de funções onde a constante arbitrária C pode assumir qualquer valor. Dada uma condição inicial onde y(0) = 4, obtem-se:

y(0) = 0² + C
4 = 0 + C
C = 4

Logo, obtemos y = x² + 4. Esta solução é chamada solução particular, visto ser a única que obedece a condição de passar pelo ponto (0,4).

Uma solução singular não possui relação alguma com a solução geral nem com a solução particular bem como não apresenta constantes arbitrárias. São poucas as equações que possuem esse tipo de solução.

Equações diferenciais de primeira ordem de variáveis separáveis

Seja a equação diferencial

dy
dx
(x) = F(x;y)

Onde F(x;y) é uma função que depende da variável x e da própria função y.

No caso das equações de variáveis separáveis pode ocorrer as seguintes situações:

1° caso: As variáveis já se encontram separadas e portanto aplicamos os procedimentos de integração.

P(x)dx = Q(y)dy

P(x)dx = Q(y)dy

2° caso: As variáveis se encontram misturadas sendo necessário aplicar procedimentos algébricos para separá-las e em seguida as técnicas de integração.

P(x;y)dx + Q(x;y)dy = 0 → recebemos a equação nesse formato
P(x)dx = Q(y)dy → aplicamos procedimentos algébricos e chegamos neste formato

P(x)dx = Q(y)dy

Integramos ambos os lados e encontramos a solução.

Exemplo 1

Resolva a equação diferencial (x + 5)dx – (2 – y)dy = 0.


(x + 5)dx – (2 – y)dy = 0
(x + 5)dx = (2 – y)dy

P(x)dx = Q(y)dy

Veja que nesse caso, as variáveis já se encontram separadas. Portanto, já podemos integrar dos dois lados.

(x + 5)dx = (2 – y)dy
2
+ 5x + C1 = 2y
2
+ C2

x² + 10x + 2C1 = 4y – y² + 2C2
x² + y² + 10x – 4y = C, onde C = 2C1 – 2C2

Exemplo 2

Resolva a equação diferencial xcos(y) dy = (x + 1)sen(y) dx.


xcos(y) dy = (x + 1)sen(y) dx

Devemos separar as variáveis colocando o que tem x com dx e o que tem y com dy.

cos(y)
sen(y)
dy =
(x + 1)
x
dx

P(x)dx = Q(y)dy

A partir de agora integramos ambos os lados.

cos(y)
sen(y)
dy =
(x + 1)
x
dx
cotg(y) dy =
x
x
+
1
x
dx
cotg(y) dy = 1 +
1
x
dx

ln|sen(y)| = x + ln|x| + C
eln|sen(y)| = ex + ln|x| + C
eln|sen(y)| = ex*eln|x|*eC

sen(y) = exxeC
sen(y) = xexC, onde C = eC.

Equações homogêneas

Uma equação diferencial do tipo M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 é dita homogênea de grau m toda vez que as funções M e N forem homogêneas de mesmo grau m, sendo m um número real.

Uma função f(x,y,z) homogênea obedece a igualdade abaixo:

f(kx,ky,kz) = kmf(x,y,z)

Onde m, é o grau de homogeneidade da função.

Exemplo 1

Verificar o grau de homogeneidade da função f(x,y,z) = 2x² – 5xy + yz.


Vamos substituir x por kx, y por ky e z por kz.

f(kx,ky,kz) = 2k²x² – 5kxky + kykz
f(kx,ky,kz) = 2k²x² – 5k²xy + k²yz
f(kx,ky,kz) = k²(2x² – 5xy + yz)
f(kx,ky,kz) = k²f(x,y,z)

Portanto, a função acima é homogênea de grau 2.

Exemplo 2

A função f(x,y) = πx³ – ey² é homogênea?


Vamos substituir x por kx e y por ky.

f(kx,ky) = πk³x³ – ek²y²
f(kx,ky) = k²(kπx³ – ey²)

Veja que não foi possível remover o k da função. Portanto, a função não é homogênea.

Nota:

Perceba que a soma de todos os expoentes dos elementos da função f(x,y,z) = 2x² – 5x¹y¹ + y¹z¹ é um número par. Sempre que isso ocorrer a função será homogênea.

A soma dos expoentes da função f(x,y) = πx³ – ey² é ímpar, comprovando a sua não homogeneidade.

Exemplo 1

Verificar se a equação diferencial (x² + y²)dx + (x² – xy)dy = 0 é homogênea.


Veja que a equação (x² + y²)dx + (x² – xy)dy = 0 é composta por duas funções:

M(x,y) = (x² + y²)dx

N(x,y) = (x² – xy)dy

Se as funções M e N forem homogêneas e de mesmo grau, então a equação diferencial será homogênea.

M(x,y) = (x² + y²)dx
M(kx,ky) = (k²x² + k²y²)dx
M(kx,ky) = k²(x² + y²)dx

M é homogênea de grau 2.

N(x,y) = (x² – xy)dy
N(kx,ky) = (k²x² – kxky)dy
N(kx,ky) = (k²x² – k²xy)dy
N(kx,ky) = k²(x² – xy)dy

N é homogênea de grau 2.

Portanto, a equação (x² + y²)dx + (x² – xy)dy = 0 é homogênea de grau 2.

Exemplo 2

Resolva a equação (x² – y²)dx – 2xydy = 0.


Passo 1: verifique se a equação é efetivamente homogênea.
(x² – y²)dx – 2xydy = 0.
M(x,y) = (x² – y²)dx é homogênea de grau 2.
N(x,y) = -2xydy é homogênea de grau 2.

Portanto, (x² – y²)dx – 2xydy = 0 é homogênea de grau 2.

Passo 2: Faça a substituição de variáveis.
y = ux
dy = udx + xdu

(x² – y²)dx – 2xydy = 0
(x² – u²x²)dx – 2xux(udx + xdu) = 0
x²(1 – u²)dx – 2ux²(udx + xdu) = 0
x²(1 – u²)dx – 2u²x²dx – 2ux³du = 0
x²(1 – u² – 2u²)dx – 2ux³du = 0
x²(1 – 3u²)dx = 2ux³du

dx =
2udu
(1 – 3u²)
dx
x
=
2udu
(1 – 3u²)

Passo 3: Efetue todas as simplificações possíveis. Você deverá obter uma equação de variáveis separáveis em u e x.

A integral abaixo pode ser resolvida pelo método de substituição simples, onde k = (1 – 3u²) → dk = -6u du.

2udu
(1 – 3u²)

ln|x| + 1⁄ 3 ln|1 – 3u²| = ln C
ln|x| + 1⁄ 3 ln|1 – 3u²| = C1

Aplicando as propriedades dos logaritmos, tem-se:

x(1 – 3u²)1 ⁄ 3 = C1
Elevando ambos os lados ao cubo, tem-se:

x³(1 – 3u²) = C

Passo 4: Fazer a substituição u = y ⁄ x.

x³(1 – 3u²) = C

x³( 1 – 3
) = C

x³ – 3xy² = C

Portanto, x³ – 3xy² = C é solução geral da equação (x² – y²)dx – 2xydy = 0.

Equações exatas

Dada uma função F(x,y). Fazendo F(x,y) = C, onde C é uma constante qualquer, ou seja, C ∈ ℝ. Note que, F(x,y) está na forma implícita. Derivando F(x,y) = C, tem-se:

∂F
∂x
+
∂F
∂y
dy
dx
= 0

Em seguida fazemos:

∂F
∂x
= M(x,y)
∂F
∂y
= N(x,y)

Assim teremos:

M(x,y) + N(x,y)
dy
dx
= 0

Multiplicando ambos os lados por dx, tem-se:

M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0

Nota:

Dado z = f(x,y)
Derivando em x

1ª derivada =
∂z
∂x
2ª derivada =
∂x
∂z
∂x
=
∂²z
∂x²
= fxx

Derivando em y

1ª derivada =
∂z
∂y
2ª derivada =
∂y
∂z
∂y
=
∂²z
∂y²
= fyy

Derivação mista
Derivando em x

1ª derivada =
∂z
∂x
2ª derivada =
∂y
∂z
∂x
=
∂²z
∂y∂x
= fxy

Derivação mista
Derivando em y

1ª derivada =
∂z
∂y
2ª derivada =
∂x
∂z
∂y
=
∂²z
∂x∂y
= fyx

A equação M(x,y)dx + N(x,y)dy = 0 será exata se:

∂M
∂y
=
∂N
∂x

Caso isso ocorra existe uma função u(x,y) onde:

∂u
∂x
= M
∂u
∂y
= N

Para resolver o sistema, escolhemos uma das equações e integramos. O resultado deve ser incluído na segunda equação. Fazendo essa inclusão encontraremos a função u(x,y). Finalmente, a solução geral da equação é encontrada por u(x,y) = C.

Exemplo 1

Resolva a equação 2xydx + (x² – 1)dy = 0.


2xydx + (x² – 1)dy = 0

M(x,y) = 2xy dx
N(x,y) = (x² – 1)dy

∂M
∂y
=
∂N
∂x
∂M
∂y
= 2x
∂N
∂x
= 2x
Portanto,
∂M
∂y
=
∂N
∂x
.

Logo, existe u(x,y), onde:

∂u
∂x
= 2xy
∂u
∂y
= (x² – 1)
u(x,y) = 2xy dx

u(x,y) = x²y + g(y)

Agora incluimos este resultado na segunda equação do sistema.

∂u
∂y
= N
∂y
x²y + g(y) = x² – 1

x² + g’(y) = x² – 1
g’(y) = -1

Para saber quem é g(y) integramos g’(y).

-1 dy = -y + C

Portanto, g(y) = -y + C.
Retomando u(x,y) = x²y + g(y), tem-se:

u(x,y) = x²y – y + C

Funções vetoriais – definição

Gráfico função vetorial - vetores initários
Figura A: Gráfico de uma função vetorial genérica.

Uma função vetorial de uma variável real t, definida em um intervalo [a,b], é uma função que a cada t ∈ [a,b] associa um vetor f do espaço. Chamamos f = f(t).

Note pelo gráfico que o vetor r = xi + yj + zk. Da mesma forma, podemos associar o vetor r a f e

– xi = f1(t) i
– yj = f2(t) j
– zk = f3(t) k

Portanto, podemos escrever f como:

f(t) = f1(t) i + f2(t) j + f3(t) k, sendo i, j e k vetores unitários.

Importante

Note que a função vetorial f(t) é composta por três funções reais de t: f1(t), f2(t) e f3(t), sendo cada função uma coordenada do vetor. Além disso, cada ponto P(x,y,z) corresponde um único vetor posição.

Álgebra linear

O que você vai estudar:
  1. Espaços vetoriais
  2. Transformações lineares
  3. Ortogonalidade e projeções
  4. Autovalores e autovetores
  5. Produto interno
  6. Diagonalização e formas quadráticas
  7. Teorema espectral
  8. Métodos numéricos

Espaços vetoriais

Para iniciar nosso estudo de Álgebra linear é importante ter como pré-requisito os conhecimentos de matrizes, determinantes e sistemas lineares.
Um espaço vetorial é um conjunto V de vetores sujeitos a duas regras específicas:

Adição: para quaisquer u e v pertencentes a V, a soma u + v também é um vetor pertencente a V.
Multiplicação por escalar: para qualquer vetor u pertencente a V e qualquer número real α, o produto αu é um vetor pertencente a V.

Espaço vetorial genérico
Figura A: Espaço vetorial genérico

Além disso, para um conjunto ser considerado um espaço vetorial é necessário que ele cumpra com oito axiomas, sendo quatro referentes a operação de adição e quatro referentes a operação de multiplicação por escalar.

Propriedades da adição

1. Propriedade pertencimento: se u e v são elementos de V, então u + v é elemento de V.
2. Propriedade comutativa: u + v = v + u
3. Propriedade associativa: u + (v + w) = (u + v) + w
4. Propriedade existência do elemento neutro: u + 0 = 0 + u = u
5. Propriedade existência do elemento oposto: -u + u = u + (-u) = 0

Propriedades da multiplicação por escalar

6. Propriedade pertencimento: Seja α um escalar qualquer e u um elemento de V, então αu é um elemento de V.
7. Propriedade distributiva: α(u + v) = αu + αv
8. Propriedade distributiva 2: (α + β)u = αu + βu
9. Propriedade associativa: α(βu) = (αβ)u
10. Propriedade existência do elemento neutro: 1 * u = u

Nota:

Um espaço vetorial é um trio do tipo (V, ⊕, ⊗), onde V é o espaço vetorial, ⊕ represente a operação de adição podendo ser usual ou não, e ⊗ representa a operação de multiplicação por escalar podendo ser usual ou não.
Vale lembrar que em um espaço vetorial os vetores poderão ser matrizes, polinômios, números reais ou funções. Portanto, os elementos de um espaço vetorial, independente de sua natureza, são chamados de vetores.

Os espaços ℝ², ℝ³ e ℝn são espaços vetoriais, ou seja, cumprem com todos os axiomas acima.

Exemplo 1

Seja V o conjunto de números reais positivos e considere as operações de adição e multiplicação por escalar definidas por:

u + v = uv [A adição vetorial é a multiplicação numérica]
αu = uα [A multiplicação vetorial é a exponenciação numérica]

Verifique se V é um espaço vetorial.


Para verificar se um conjunto é um espaço vetorial é fundamental que o conjunto cumpra com todos os oito axiomas mostrados acima.

Axiomas da adição

1. Propriedade pertencimento: se u e v são elementos de V, então u + v é elemento de V.
se u ∈ V e v ∈ V, então u + v = uv ∈ V

V é o conjunto dos números reais positivos.
u ∈ ℝ e v ∈ ℝ, logo u + v = uv ∈ ℝ.

2. Propriedade comutativa: u + v = v + u

u + v = v + u → 2 + 3 = 3 + 2
uv = vu → 2 • 3 = 3 • 2

3. Propriedade associativa: u + (v + w) = (u + v) + w

u + (v + w) = (u + v) + w
u + vw = uv + w → 2 + 3 • 4 = 2 • 3 + 4
uvw = uvw → 2 • 3 • 4 = 2 • 3 • 4

4. Propriedade existência do elemento neutro: u + 0 = 0 + u = u

u + 0 = 0 + u = u
u • 0 = 0 • u = u
u + 1 = u • 1 = u → O elemento neutro aqui é o 1, ou seja, 0 = 1.

5. Propriedade existência do elemento oposto: -u + u = u + (-u) = 0

-u + u = u + (-u) = 0 → 0 = 1
-u + u = u + (-u) = 1

u +
1
u
= u
1
u
= 1

Axiomas da multiplicação por escalar

6. Propriedade pertencimento: Seja α um escalar qualquer e u um elemento de V, então αu é um elemento de V.

αu = uα

u ∈ V e α ∈ V, logo uα ∈ V

7. Propriedade distributiva: α(u + v) = αu + αv

α(u + v) = αu + αv
αuv = uα + vα
(uv)α = uα • vα

8. Propriedade distributiva 2: (α + β)u = αu + βu

(α + β)u = αu + βu
u(α + β) = uα + uβ
u(α + β) = u(α + β)

9. Propriedade associativa: α(βu) = (αβ)u

α(βu) = (αβ)u
α(uβ) = uαβ
(uβ)α = uαβ

10. Propriedade existência do elemento neutro: 1 * u = u

1 • u = u
u1 = u

Todos os axiomas foram satisfeitos, portanto V é um espaço vetorial com as operações de adição e multiplicação por escalar.

Exemplo 2

Seja W o conjunto de todos os pares de números reais da forma (x,y) em que x ≥ 0, com as operações padrão de &Rof;². Verifique se W é um espaço vetorial.


Dependendo de como o conjunto se apresenta, não precisamos provar todas as propriedades. Basta mostrar um contra exemplo.

W é o conjunto de todos os pares de números reais da forma (x,y) em que x ≥ 0, ou seja, o primeiro elemento do par é sempre positivo. Isso vai contra uma das propriedades dos espaços vetoriais.

u = (x,y) ∈ W e α ∈ &Rof;, portanto αu ∈ W. Porém se α for negativo teremos -α(x,y) = (-αx, -αy). Visto que, o primeiro elemento do par deve ser sempre positivo, encontramos aqui um contra exemplo, portanto o conjunto W não é um espaço vetorial.

Exemplo 3

Seja V o conjunto de todas as matrizes 2×2 da forma

a 0
0 b

com as operações matriciais padrão de adição e multiplicação por escalar. Verifique se V é um espaço vetorial.


Exemplo 4

Verifique se W, o conjunto de todos os pares de números reais da forma (1,x) com as operações

(1,y) + (1,y’) = (1,y + y’) e α(1,y) = (1,αy)

é um espaço vetorial.


Subespaços vetoriais

Espaço vetorial genérico
Figura B: Subespaço vetorial genérico

Na figura acima V é um espaço vetorial com as operações de adição e multiplicação por escalar. W1 e W2 são subconjuntos de V. Mas é fácil perceber que W1 é subespaço vetorial de V e W2 não é. W1 é subespaço vetorial de V, porque sendo u e v ∈ W1, u + v ∈ W1. Da mesma forma, sendo α ∈ ℝ e v ∈ W1, αv ∈ W1. Desta forma, W1 é fechado na adição e multiplicação por escalar.

W2 não é subespaço vetorial de V pelo simples fato de a soma e a multiplicação por escalar produzir vetores fora de W2.

Dado um espaço vetorial V, um subconjunto W não vazio, será um subespaço vetorial de V se:
a) Dados quaisquer u e v ∈ W, u + v ∈ W.
b) Dado qualquer α ∈ ℝ e qualquer u ∈ W, αu ∈ W.

Visto ser W um subconjunto de V, não se faz necessário provar todos os 10 axiomas para espaço vetorial, já que alguns são herdados de V. É necessário provar apenas os axiomas 1 e 6.

Axioma 1: Dados quaisquer u e v ∈ V, u + v ∈ V.
Axioma 6: Dado qualquer α ∈ ℝ e qualquer u ∈ V, αu ∈ V.

Nota:

O espaço vetorial ℝ²
São subespaços vetoriais de ℝ²: {0}, retas que passam pela origem e o proprio ℝ².

O espaço vetorial ℝ³
São subespaços vetoriais de ℝ³: {0}, retas que passam pela origem, planos que passam pela origem e próprio ℝ³.