Livro de Matemática

Sumário

Trabalhando com P.A. e P.G. ao mesmo tempo

Em determinados momentos vamos precisar lidar com problemas que envolvem P.A. e P.G. simultaneamente. Veja os exemplos abaixo:

Exemplo 1

A sequência (x + 1, x², 14) é uma P.A. crescente e (x, 6, y) é uma P.G.

a) Qual é a razão da P.G?
b) Qual é o valor de y?


Se (x + 1, x², 14) é uma P.A., então temos:

x² – x – 1 = 14 – x²
2x² – x – 15 = 0

Δ = b² – 4ac
Δ = (-1)² – 4(2)(-15)
Δ = 1 + 120 = 121

x =
– b ± √Δ
2a
x =
– (-1) ± √121
2*2
x =
1 ± 11
4

x’ = 3 e x” = -5/2

O problema nos informou que a P.A. é crescente, logo x = 3.
Portanto, (x + 1, x², 14) → (4, 9, 14)

(x, 6, y) → (3, 6 , y) que é uma P.G., então temos:

6
3
=
y
6

36 = 3y
y = 12

A razão da P.G. é 6/3 = 2.

Exemplo 2

São dados 3 números inteiros em progressão geométrica cuja soma é 26. Determine esses números, sabendo que o primeiro, o dobro do segundo e o triplo do terceiro formam uma progressão aritmética.


(a1, a2, a3) é uma P.G.

(a1, a1q, a1q²)

a1 + a1q + a1q² = 26

a1 (1 + q + q²) = 26

(a1, 2a1q, 3a1q²) é uma P.A.

2a1q – a1 = 3a1q² – 2a1q

a1(2q – 1) = a1(3q² – 2q)
2q – 1 = 3q² – 2q
3q² – 4q + 1 = 0

Δ = b² – 4ac
Δ = (-4)² – 4(3)(1)
Δ = 16 – 12 = 4

q =
– (-4) ± √4
2*3
q =
4 ± 2
6

q’ = 1 e q” = 1/3

Uma progressão geometrica com razão igual a 1 é um P.G. constante, logo q = 1/3.

a1 (1 + q + q²) = 26
a1 (1 + 1 ⁄ 3 + (1 ⁄ 3)²) = 26
a1 13 ⁄ 9 = 26
a1 = 18

(a1, a1q, a1q²)
(18, 18*1/3, 18*(1/3)²)
(18, 6, 2)

Podemos comprovar que 18 + 6 + 2 = 26.

(18, 12, 6) é uma P.A.

Trigonometria

O que você vai estudar:
  1. Arcos e ângulos
  2. Ciclo trigonométrico
  3. Seno de um ângulo
  4. A função seno
  5. Cosseno de um ângulo
  6. A função cosseno
  7. Simetria no estudo do seno e cosseno
  8. Relações entre seno e cosseno
  9. Tangente de um ângulo
  10. Função tangente
  11. Função cotangente
  12. Funções secante e cossecante
  13. Exercícios – Trigonometria (parte I)
  14. Relações Fundamentais
  15. Identidades trigonométricas

Arcos e ângulos

Pontos A e B numa circunferência

Na circunferência acima foram marcados dois pontos distintos A e B. A partir de agora a circunferência fica dividida em duas partes ou dois arcos. O arco AB e o arco BA.

Arco AB
Arco BA

Caso o ponto A coincida com o ponto B, eles determinam um arco nulo ou arco de uma volta.

Ponto A coincide com o ponto B
Arco de uma volta

Se quisermos saber a medida de um arco usamos duas medidas: o grau (símbolo °) e o radiano (símbolo rad). Um grau equivale a 1/360 da circunferência que contém o arco a ser medido. já 1 radiano equivale a um raio unitário cujo comprimento é igual ao raio da circunferência que contém o arco a ser medido.

Ângulo central

Ângulo central

São dados dois pontos distintos A e B sobre a circunferência acima e ligando ambos ao centro O formamos entre as semi-retas OB e OA o ângulo α. A medida de um arco de circunferência é a medida do ângulo central correspondente.
AOB = AB = α
Note que a medida de um arco não é a mesma coisa que a medida do comprimento desse arco. Os arcos AB e CD na figura abaixo possuem a mesma medida α, porém não têm o mesmo comprimento.

Dois arcos de mesma medida α mas comprimentos diferentes.

Unidades para medir arcos

O grau (°)

Se dividirmos uma circunferência em 360 partes iguais, cada uma dessas partes corresponderá a um arco de 1º(lê-se um grau). Portanto, uma circunferência possui 360º.
Na sequência de figuras abaixo a circunferência foi dividida em 4 partes idênticas. Cada parte corresponde a um arco de 90°.

Arco de 90 graus.
Arco de 180 graus.
Arco de 270 graus.
Arco de 360 graus.

O grau possui submúltiplos que são o minuto e o segundo.

  • Um minuto é igual a 1/60 do grau (símbolo ‘).
  • Um segundo é igual a 1/60 do minuto (símbolo ”).

Portanto, um arco de medida igual a 35 graus, 14 minutos e 22 segundos, é indicado como: 35° 14′ 22″.

O radiano (rad)

Dada uma circunferência de raio r vamos fazer o seguinte experimento. Extraimos uma medida igual ao raio e a sobrepomos na circunferência, conforme a segunda figura. A partir deste ponto podemos pontuar o arco, recém colocado, com os pontos A e B conforme a terceira figura. Note que o arco AB tem o mesmo comprimento do raio da circunferência. Desta forma, o ângulo central mede 1 radiano.
1 rad = arco de mesmo comprimento do raio da circunferência.

Circunferência de raio r

Comprimento de um arco

Medindo o comprimento de uma arco

Veja na figura acima dois arcos destacados, um AB e outro CD. O arco CD está numa circunferência cujo raio mede 6 cm, já o arco AB está numa circunferência de raio 9 cm. Ambos possuem a mesma medida que é π/6 rad, porém comprimentos de arco diferentes. Para calcular o comprimento de cada arco vamos montar as seguintes proporções:
Cálculo do comprimento l1 ou arco CD.

= 2πr
π/6 l1

2π está para π/6 assim como 2πr(comprimento da circunferência) está para l1 (comprimento que desejo encontrar). Multiplicando cruzado fica assim: 2πl1 = π/6 * 2π * r. Sendo r = 6 cm, vem:

2πl1 = π/6 * 2π * 6

2πl1 = 2π²

l1 = 2π²/2π

l1 = π cm

Cálculo do comprimento l2 ou arco AB.

= 2πr
π/6 l2

2π está para π/6 assim como 2πr(comprimento da circunferência) está para l2 (comprimento que desejo encontrar). Multiplicando cruzado fica assim: 2πl2 = π/6 * 2π * r. Sendo r = 9 cm, vem:

2πl2 = π/6 * 2π * 9

2πl2 = 3π²

l2 = 3π²/2π

l2 = 3π/2 cm

Medindo o comprimento de uma arco

De forma geral o comprimento de um arco pode ser obtido montando as proporções abaixo:

= 2πr
α l

Multiplicando cruzado fica:

2πl = 2παr

l = αr

Logo, o comprimento do arco depende da medida do arco e do raio da circunferência.

Ciclo trigonométrico

Veja na figura abaixo que o ciclo trigonométrico é formado por dois eixos que se cruzam e por uma circunferência de raio igual a um no seu centro. Perceba que o sentido positivo é o anti-horário. O sentido horário é negativo.

Orientação no ciclo trigonométrico

Os eixos que se cruzam acabam dividindo o ciclo trigonométrico em quatro quadrantes. Veja na figura como estão distribuidos.

Quadrantes no ciclo trigonométrico

O ciclo trigonométrico ainda apresenta como destaque quatro arcos: 90º, 180º, 270º e 360°. É possível visualizar na figura os seus correspondentes em radianos.

Principais ângulos no ciclo trigonométrico

 

Arcos congruentes

Veja a representação do arco de 60º no ciclo trigonométrico abaixo:

Arco de 60º representado no ciclo trigonométrico
Foi dada uma volta completa no ciclo trigonométrico
Foram dadas duas voltas completas no ciclo trigonométrico

Na segunda figura foi dada uma volta completa no ciclo retornando ao mesmo ponto terminal. Já na terceira figura foram dadas duas voltas completas e da mesma forma retornando ao mesmo ponto terminal. Portanto, os arcos de 60º + 360º, 60º + 2 * 360º, 60º + 3 * 360º, … , 60° + k * 360° têm o mesmo ponto terminal do arco de 60º.

Veja o mesmo esquema de arcos côngruos em radianos: π/3 + 2π, π/3 + 2 * 2π, π/3 + 3 * 2π, …, π/3 + k * 2π possuem o mesmo ponto terminal do arco π/3 rad.

Dois arcos são ditos côngruos quando têm o mesmo ponto terminal e diferem entre si apenas pelo número de voltas inteiras.

Se o arco mede αº, a expressão geral dos arcos côngruos é:

αº + k * 360º, com k ∈ Z.

Se o arco mede α rad, a expressão geral dos arcos côngruos é:

α + 2kπ, com k ∈ Z.

Seno de um ângulo

Arco AB
Projetando o seno do ângulo

Inicialmente tracemos um arco AB conforme a figura 1. O ponto P é a imagem do número real x (figura 2). Da figura 2 podemos retirar vários dados. Veja:

  • P é a imagem de x;
  • Ligando o ponto O ao ponto P obtemos o raio da circunferência, que neste caso vale 1;
  • OPP2 é um triângulo retângulo;
  • OPP1 também é um triângulo retângulo;
  • x é a medida do arco desde 0 até P;
  • OP1 é o seno de x;
  • PP2 = OP1

Usando as técnicas aplicadas ao triângulo retângulo podemos obter o seno de x.

senx = PP2 = OP1
OP OP

Logo, senx = OP1, pois OP = 1.
Note que como o raio vale 1, o valor do seno será sempre menor ou igual a 1. O eixo y agora se torna o eixo dos senos.

A função seno

Diagrama da função seno

Funções são relações com algumas restrições. No caso da função seno (y = senx) o domínio é igual ao contradomínio que por sua vez é igual ao conjunto dos reais, ou seja, D = C = ℜ. Porém, o conjunto imagem é um subconjunto do contradomínio.

Ciclo trigonométrio - função seno

Veja na imagem acima que a função seno está limitada entre -1 e 1. Logo, o conjunto imagem da função seno se restringe ao intervalo [-1,1]. Portanto, Im = [-1,1] ou -1 ≤ senx ≤ 1, ∀ x ∈ R.

Sinal da função seno

Na imagem acima verificamos o sinal da função seno em cada quadrante. Visto que o seno de x é representado no eixo vertical (eixo y), acima do eixo x (eixo horizontal) os valores da função são positivos, porém abaixo desse eixo os valores são negativos.

Valores notáveis

Na tabela abaixo encontram-se os valores dos senos dos ângulos mais comuns estudados em trigonometria. A partir destes ângulos podemos encontrar o seno de outros ângulos.

x sen x
0 0
π/6 1/2
π/4 √2/2
π/3 √3/2
π/2 1
π 0
3π/2 -1
0

Gráfico da função seno

Veja como fica o gráfico da função seno quando variamos x no intervalo de [0 , 2π].

Gráfico da função seno

Essa linha laranja presente no gráfico recebe o nome de senóide e ela continua à direita de 2π e à esquerda de 0 (zero). Na situação acima, foi dada uma volta completa no ciclo trigonométrico. Se dermos mais voltas a função seno repetirá seus valores. É por isso que a função seno é uma função periódica e seu período equivale a 2π. Portanto, quando somamos 2kπ ao arco x, estamos obtendo o mesmo valor para o seno.

sen x = sen(x + 2kπ), com k ∈ Z
Arco de 60º representado no ciclo trigonométrico
Foi dada uma volta completa no ciclo trigonométrico

Veja na primeira figura a representação do ângulo de 60º ou π/3. Em seguida dá-se uma volta completa no ciclo e retorna ao ponto de partida, ou seja, um arco de 60º + 360º(uma volta completa) o que resulta em 420º. O seno de 60º é igual a √3/2, como foi dada uma volta completa mais 60º, repetimos o valor do seno. Logo, o seno de 420º também é igual a √3/2.

A função seno é uma função ímpar

se f(-x) = – f(x) para todo x, então f tem um gráfico simétrico em relação à origem. Quando isso ocorre, dizemos que f é uma função ímpar.

Cíclo trigonométrico retratando a função seno como uma função impar

Portanto, sen x = – sen(-x).

Cosseno de um ângulo

Arco AB
Projetando o cosseno do ângulo

Inicialmente tracemos um arco AB conforme a figura 1. O ponto P é a imagem do número real x (figura 2). Da figura 2 podemos retirar vários dados. Veja:

  • P é a imagem de x;
  • Ligando o ponto O ao ponto P obtemos o raio da circunferência, que neste caso vale 1;
  • OPP2 é um triângulo retângulo;
  • OPP1 também é um triângulo retângulo;
  • x é a medida do arco desde 0 até P;
  • OP2 é o cosseno de x;
  • PP1 = OP2

Usando as técnicas aplicadas ao triângulo retângulo podemos obter o cosseno de x.

cos x = OP2
OP

Logo, cos x = OP2, pois OP = 1.
Note que como o raio vale 1, o valor do cosseno será sempre menor ou igual a 1. O eixo x agora se torna o eixo dos cossenos.

A função cosseno

Diagrama da função cosseno

Na da função cosseno (y = cos x) o domínio é igual ao contradomínio que por sua vez é igual ao conjunto dos reais, ou seja, D = C = R. Porém, o conjunto imagem é um subconjunto do contradomínio.

Ciclo trigonométrio - função cosseno

Veja na imagem acima que a função cosseno está limitada entre -1 e 1. Logo, o conjunto imagem da função cosseno se restringe ao intervalo [-1,1]. Portanto, Im = [-1,1] ou -1 ≤ cos x ≤ 1, ∀ x ∈ R.

Sinal da função cosseno

Na imagem acima verificamos o sinal da função cosseno em cada quadrante. Visto que o cosseno de x é representado no eixo horizontal (eixo x), à direita do eixo y (eixo vertical) os valores da função são positivos, porém à esquerda desse eixo os valores são negativos.

Valores notáveis

Na tabela abaixo encontram-se os valores dos cossenos dos ângulos mais comuns estudados em trigonometria. A partir destes ângulos podemos encontrar o cosseno de outros ângulos.

x cos x
0 0
π/6 √3/2
π/4 √2/2
π/3 1/2
π/2 0
π -1
3π/2 0
1

Gráfico da função cosseno

Veja como fica o gráfico da função cosseno quando variamos x no intervalo de [0 , 2π].

Gráfico da função cosseno

Essa linha laranja presente no gráfico recebe o nome de cossenóide e ela continua à direita de 2π e à esquerda de 0 (zero). Na situação acima, foi dada uma volta completa no ciclo trigonométrico. Se dermos mais voltas a função cosseno repetirá seus valores. A função cosseno também é uma função periódica e seu período equivale a 2π. Portanto, quando somamos 2kπ ao arco x, estamos obtendo o mesmo valor para o cosseno.

cos x = cos(x + 2kπ), com k ∈ Z

A função cosseno é uma função par

se f(-x) = f(x) para todo x, então f tem um gráfico simétrico em relação ao eixo y. Quando isso ocorre, dizemos que f é uma função par.

Cíclo trigonométrico retratando a função cosseno como uma função par

Portanto, cos(-x) = cos(x).

Simetria no estudo do seno e cosseno

Vamos fazer uso da simetria para entendermos como o seno e o cosseno de um ângulo se comporta.

Redução do segundo quadrante para o primeiro quadrante

Redução de um ângulo (180º - x) do segundo quadrante para o primeiro quadrante


sen(π – x) = sen x
cos (π – x) = – cos x

Redução do terceiro quadrante para o primeiro quadrante

Redução de um ângulo (180º + x) do terceiro quadrante para o primeiro quadrante


sen(π + x) = – sen x
cos (π + x) = – cos x

Redução do quarto quadrante para o primeiro quadrante

Redução de um ângulo (360º - x) do quarto quadrante para o primeiro quadrante


sen(2π – x) = – sen x
cos (2π – x) = cos x

Relações entre seno e cosseno

Arcos complementares

Arcos complementares

Para entendermos esta relação traçamos inicialmente um arco x no ciclo trigonométrico. A partir deste ponto traçamos um triângulo retângulo (na cor azul). Em seguida duplicamos este triângulo (na cor laranja), o rotacionamos e posicionamos seu maior cateto sobre o eixo dos senos conforme a figura acima. Após estas manipulações podemos extrair a seguintes relações entre seno e cosseno.

sen x = cos (π/2 – x), válida ∀ x ∈ R.

cos x = sen (π/2 – x), válida ∀ x ∈ R.

Relação fundamental I

Relação fundamental I

A partir de um arco x traçado no ciclo trigonométrico desenhamos um triângulo retângulo. Visto que o raio da circunferência vale 1 temos que OP = 1. Desta forma sen x = PP2 e cos x = OP2. Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo vermelho temos:

(sen x)² + (cos x)² = (OP)², ou seja,

sen² x + cos² x = 1, válida para ∀ x ∈ R.