Para o estudo da tangente de um ângulo será necessário inserir mais um eixo ao ciclo trigonométrico. Este eixo estará tangenciando o ciclo trigonométrico no ponto A (origem dos arcos) com orientação para cima. A partir da figura acima podemos retirar o seguintes dados:
Usando as técnicas aplicadas ao triângulo retângulo podemos obter a tangente de x.
|
Conforme vimos no caso do seno e do cosseno de um ângulo, procuraremos associar a cada número real x o valor de tg x, introduzindo a função y = tg x. Perceba na figura acima que os arcos π/2 e 3π/2 estão representados com uma bolinha aberta. Isto indica que a tangente de x não está definida nestes pontos, já que nesta situação a reta que une o centro O à extremidade do arco x torna-se paralela ao eixo das tangentes, não o interceptando. De maneira geral, informamos que não existe tg(π/2 + kπ), com k ∈ Z.
D = {x ∈ R | x ≠ π/2 + kπ, k ∈ Z}
Vejamos o que ocorre em cada quadrante, em relação aos valores assumidos por y = tg x, ao mesmo tempo que x completa uma volta no ciclo trigonométrico.
Iniciamos partindo de A (origem dos arcos). Neste ponto a tg x vale zero, ou seja, tg 0 = 0. Aqui o ponto T coincide com o ponto A. A medida que x aumenta dentro do primeiro quadrante, o ponto T se afasta gradativamente do ponto A, no sentido positivo do eixo. Desta maneira, o valor da tangente vai aumentando e assumindo valores reais e positivos até deixar de existir quando x = π/2.
Quando x passa para o segundo quadrante, o ponto T reaparece (na parte negativa do eixo das tangentes) e, a medida que x aumenta dentro do quadrante, o ponto T se aproxima de A, embora ainda na parte negativa do eixo. O ponto T volta a coincidir com A quando x assume o valor π. Neste ponto tg π = 0.
O terceiro quadrante T volta a ocupar a parte positiva do eixo das tangentes, afastando-se de A à medida que x aumenta dentro do terceiro quadrante até deixar de existir novamente, quando x = 3π/2.
No quarto quadrante T reaparece na parte negativa do eixo das tangentes, e a medida que x cresce o valor de tg x também aumenta até T coincidir com A em 2π onde tg 2π = 0.
Com isso chegamos as seguintes conclusões:
Na tabela abaixo encontram-se os valores de tangente dos ângulos mais comuns estudados em trigonometria. A partir destes ângulos podemos encontrar o valor da tangente de outros ângulos.
x | cos x |
---|---|
0 | 0 |
π/6 | √3/3 |
π/4 | 1 |
π/3 | √3 |
π/2 | ∄ |
π | 0 |
3π/2 | ∄ |
2π | 0 |
Veja como fica o gráfico da função tangente quando variamos x no intervalo de [0 , 2π].
O gráfico da função tangente é um pouco mais “estranho” mesmo, se comparado com as funções anteriores. Essa linha laranja presente no gráfico recebe o nome de tangentóide e ela continua à direita de 2π e à esquerda de 0 (zero). Através do gráfico podemos perceber duas assíntotas nos arcos de π/2 e 3π/2 indicando que nestes pontos o valor da tangente é indefinido, além disso o período da função tangente é π. Logo:
Portanto, tg(-x) = -tg(x).
A função cotangente, y = cotg(x), é o inverso da função tangente.
|
O inverso disso é:
|
Na função y = tg(x), o eixo das tangentes é paralelo o eixo dos senos, ou eixo y. Já o eixo das cotangentes é paralelo ao eixo dos cossenos, ou eixo x. O segmento BD representa o valor da cotangente do arco x.
Na função cotg(x) o denominador é sen(x) e o valores dos arcos onde sen(x) se anula são aqueles do tipo kπ, com k ∈ Z. Desta maneira, o domínio da função cotg(x) é D = {x ∈ R | x ≠ kπ, k ∈ Z}.
O conjunto imagem da função cotg(x) é Im = R.
Os sinais da função cotangente serão os mesmos da função tangente, porém y = cotg(x) será decrescente em todos os quatro quadrantes, além disso seu período vale π.
x | cos x |
---|---|
0 | ∄ |
π/6 | √3 |
π/4 | 1 |
π/3 | √3/3 |
π/2 | 0 |
π | ∄ |
3π/2 | 0 |
2π | ∄ |
Inicialmente, traçamos um arco AP e no ponto P uma reta tangenciando o ciclo trigonométrico. Note que a reta intercepta o eixo dos senos no ponto D e o eixo dos cossenos no ponto S. Chamamos de secante do arco x o segmento OS e cossecante do arco x o segmento OD. Com base na figura, criamos os seguintes quadros:
y = sec(x) | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|
Domínio | x ∈ R | x ≠ π/2 + kπ, k ∈ Z | |||||
Imagem | 1 ≤ sec(x) ≤ -1 | |||||
Fórmula |
|
|||||
Período | 2π |
y = cossec(x) | |||||
---|---|---|---|---|---|
Domínio | x ∈ R | x ≠ kπ, k ∈ Z | ||||
Imagem | 1 ≤ cossec(x) ≤ -1 | ||||
Fórmula |
|
||||
Período | 2π |
a) 1875°?
b) 2310°?
c) 27π/4 rad?
d) 43π/10 rad?
a) 1850° e -670°
b) 19π/3 e 25π/3
a) Quais são os números reais x e y, associados aos pontos X e Y, respectivamente, com 0 ≤ x ≤ 2π e 0 ≤ y ≤ 2π?
b) Dê as medidas dos arcos XPY e XQY.
c) Forneça os comprimentos dos arcos XPY e XQY.
a) sen 900°
b) sen(-1620°)
c) sen 13π
d) |
|
e) |
|
a) sen π/5 • sen π/3 • sen 3π/5 • sen 5π/3
b) (1 – sen x)(1 + sen x), x ∈ R
c) sen 111° – sen 110°
a) x = (2k + 1)•π
b) x = (2k + 1)• π/2
c) x = π/4 + kπ
d) x = – π/3 + 2kπ ou x = – 2π/3 + 2kπ
Numa prova olímpica de lançamento de dardo, a trajetória descrita é representada graficamente por uma parábola. A distância atingida pelo dardo é dada por:
x = |
|
em que α é o ângulo de lançamento, v é a velocidade inicial, x, a distância em relação à horizontal e g, o valor da gravidade (considere g = 10 m/s²).
Com uma velocidade de 20 m/s, qual a maior distância obtida em três lançamentos consecutivos, sabendo-se que os ângulos de lançamento foram 30°, 45° e 60°? Compare as distâncias alcançadas nos outros dois casos.
y = |
|
2 – √3 |
8 |
sen x = | 2 – m |
3 |
a) calcule f(3π/4)
b) determine x tal que 0 ≤ x ≤ 2π e f(x) = 1/2.
Dado o arco x na figura, vamos incluí-lo como parâmetro das funções:
sen(x), cos(x), tan(x), cotg(x), sec(x) e cossec(x).
De seções anteriores vimos que:
tan(x) | = |
|
cotg(x) | = |
|
sec(x) | = |
|
cossec(x) | = |
|
As identidades trigonométricas são ferramentas úteis para a simplificação de expressões e equações trigonométricas. Consideremos duas funções f(x) e g(x). As funções f e g formam uma identidade trigonométrica quando f(x) = g(x). Essa identidade é válida para qualquer valor de x, obedecendo a lei que rege o domínio de cada função.
Por exemplo:
f(x) = sen²(x)
g(x) = 1 – cos²(x)
f(x) = g(x)
sen²(x) = 1 – cos²(x) → identidade trigonométrica
A igualdade (identidade) acima é válida para qualquer x real, logo configura uma identidade trigonométrica.
Nosso objetivo com as identidades trigonométricas é provar que são verdadeiras. E elas não virão tão simples quanto o exemplo acima. Para provar uma identidade trigonométrica podemos usar um dos dois artifícios abaixo.
Vamos provar a identidade (1 + cotg²(x))(1 – cos²(x)) = 1
1º artifício:
Escolhemos o membro mais complexo da equação e o simplificamos até chegarmos ao outro membro.
No exemplo acima o membro mais complexo é (1 + cotg²(x))(1 – cos²(x)). Portanto, vamos simplificá-lo até encontrarmos 1, que é o segundo membro.
(1 + cotg²(x))(1 – cos²(x)) = 1
|
• | (1 – cos²(x)) | = | 1 |
|
• | sen²(x) | = | 1 |
Sabemos da relação fundamental I que sen²(x) + cos²(x) = 1.
|
• | sen²(x) | = | 1 |
1 = 1 → demonstrada a identidade
2º artifício:
Vamos provar a identidade
|
= |
|
Vamos inicialmente, atribuir cada membro a identidade a uma função.
f(x) | = |
|
g(x) | = |
|
Agora escolhemos a função mais simples e a simplificamos.
|
= |
|
|
= | sen x • cos x |
Atribuimos a simplificação à função h(x).
h(x) = sen x • cos x
Agora devemos manipular a função f(x) de modo a chegar em h(x).
f(x) | = |
|
|
= |
|
|
= |
|
|
• |
|
Já sabemos que cos² x + sen² x = 1.
Ficamos com sen x • cos x, que foi a expressão atribuída a h(x). Logo, f(x) = h(x), assim como g(x) = h(x). Finalmente, tem-se que f(x) = g(x), provando a identidade.
Demonstre a identidade trigonométrica tg²x + cos²x = sec²x – sen²x.
tg²x + cos²x = sec²x – sen²x
Como ambos os membros parecem complexos a primeira vista, vamos efetuar algumas manipulações com o objetivo de facilitar a resolução.
cos²x + sen²x = sec²x – tg²x
Agora fica fácil perceber que o membro da esquerda é mais simples, já que cos²x + sen²x = 1.
1 = sec²x – tg²x
1 | = |
|
– |
|
1 | = |
|
1 – sen²x = cos²x
1 | = |
|
1 = 1
Identidade provada.
Expresse 1 – 2sen²x + sen²xcos²x + sen4x em função de cosx.
1 – 2sen²x + sen²xcos²x + sen4x
1 + sen²xcos²x – 2sen²x + sen4x
1 + sen²x(cos²x – 2 + sen²x)
1 + sen²x(cos²x + sen²x – 2)
sabemos que, cos²x + sen²x = 1, então:
1 + sen²x(1 – 2)
1 + sen²x(-1)
1 – sen²x
cos²x
Mostre que (senx + tgx)(cosx + cotgx) = (1 + senx)(1 + cosx).
(senx + tgx)(cosx + cotgx) = (1 + senx)(1 + cosx)
Vamos expandir o segundo membro.
(senx + tgx)(cosx + cotgx) = 1 + cosx + senx + senxcosx
Vamos expandir o primeiro membro para que fique igual ao segundo.
(senx + tgx)(cosx + cotgx)
senxcosx + sexcotgx + tgxcosx + tgxcotgx
senxcosx + senxcosx/senx + senx/cosxcosx + senx/cosx•cosx/senx
Simplificando, temos:
senxcosx + cosx + senx + 1
Até o momento calculamos as funções circulares de ângulos imediatos como 30º, 45º, 60º e 90º. Contudo, através destes ângulos podemos encontrar as funções circulares da soma de dois arcos, da diferença de dois arcos ou, ainda do dobro (ou triplo) de um arco dado.
|
Calcule o seno, cosseno e tangente do ângulo de 75º.
sen 75º = sen(30º + 45º) = sen 30º . cos 45º + sen 45º . cos 30º
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cos 75º = cos(30º + 45º) = cos 30º . cos 45º – sen 30º . sen 45º
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|
|
|
|
Dadas as funções circulares de um arco a, é possível, mediante a aplicação das fórmulas de adição de dois arcos, encontrarmos as funções circulares dos arcos 2a, 3a, …, chamados, respectivamente, de arco duplo, arco triplo, …
Fazendo b = a, teremos (a + b) = (a + a) = 2a.
Daí:
|
Sendo cos a = 2/5, com 0 < a < π/2, determine sen 2a e cos 2a.
Demonstre que tg x • sen 2x = 2sen²x.
Demonstre que 1 + tg a • tg 2a = sec 2a
O conceito de razão e proporção é de grande importância não só na matemática como também no nosso dia a dia. Podemos encontrar esse conceito ao ampliar uma imagem, ao assistir um a filme de terror em que um inseto possui tamanho gigante, totalmente fora da realidade; entre outros casos.
A razão nada mais é do que a divisão entre dois números, ou seja, a razão do número a para o número b (diferente de zero) é o quociente de a por b. Além disso, a razão serve para comparar duas grandezas.
Indicamos:
|
ou | a : b |
(lê-se: a para b)
Os números a e b são os termos da razão; a recebe o nome de antecedente (numerador) e b, consequente (denominador) da razão.
Na fila de um guichê de venda de ingressos em um estádio de futebol, havia 48 torcedores, sendo 20 palmeirenses e 28 corintianos. Qual a razão entre o número de palmeirenses e o número de corintianos? Explique.
|
= |
|
Isso significa que para cada 5 palmeirenses havia 7 corintianos.
Um automóvel percorre 160 km em 2 horas. Qual a razão entre a distância percorrida e o tempo gasto em percorrê-la?
|
= | 80 km/h |
Podemos dizer que esse automóvel faz em média 80 km em 1 hora.
A igualdade entre duas razões recebe o nome de proporção. Aprendemos que a : b e c : d são razões; então, se igualarmos essas duas razões teremos uma proporção.
|
= |
|
(Lê-se: a está para b, assim como c está para d)
Os números a e d são chamados extremos, e os números b e c são chamados meios.
Na proporção anterior, se realizarmos a multiplicação cruzada, teremos:
ad = bc
O que nos permite dizer que:
Em toda proporção, o produto dos meios é igual ao produto dos extremos.
Na bula de um remédio pediátrico recomenda-se a seguinte dosagem: 5 gotas para cada 2 k do “peso” da criança. Qual a dosagem correta para uma criança com 12 kg?
|
= |
|
2x = 5 • 12
2x = 60
x = 30 gotas
Num concurso público, constatou-se que a razão entre o número de homens e o de mulheres era 3/5. Se o total de inscritos era 1600 pessoas, determine:
a) o número de mulheres que fizeram o concurso.
b) a razão entre o número de aprovados e o número total de inscritos, sabendo que 5/12 dos homens foram aprovados e 17/25 das mulheres não conseguiram aprovação.
Vamos determinar, inicialmente, que x representará o número de homens e y o de mulheres.
a)
|
= |
|
Logo, 3y = 5x
x = |
|
x + y representa o total de inscritos.
x + y = 1600
|
+ | y | = | 1600 |
|
= | 1600 |
y = 1000. Logo, 1000 mulheres fizeram o concurso.
b)
O total de inscritos foi de 1600. Logo, 1000 + x = 1600 ⇒ 600 homens fizeram o concurso.
O problema informou que 5/12 dos homens foram aprovados.
|
• | 600 | = | 250 aprovados |
O problema informou também que 17/25 das mulheres foram reprovadas.
|
• | 1000 | = | 680 reprovadas |
1000 – 680(reprovadas) = 320 (aprovadas)
Visto que o problema pede a razão entre o número de aprovados e o número total de inscritos, temos:
|
= |
|
A resposta é:
|
Vamos realizar algumas manipulações nos termos de uma proporção com a finalidade de descobrir algo novo. Tomemos, como exemplo, a proporção abaixo.
|
= |
|
Realizando a multiplicação cruzada, temos: 3 • 20 = 4 • 15 → 60 = 60.
Ao fazer as manipulações com os termos da proporção, tome cuidado para que a igualdade dos produtos dos extremos e dos meios seja mantida.
• Alternando os extremos:
|
= |
|
⇒ 20 • 3 = 4 • 15 |
• Alternando os meios:
|
= |
|
⇒ 3 • 20 = 15 • 4 |
• Invertendo os termos:
|
= |
|
⇒ 4 • 15 = 3 • 20 |
• Transpondo as razões:
|
= |
|
⇒ 15 • 4 = 20 • 3 |